A 6 dias do prazo de entrega, obra da antiga rodoviária segue empacada em 9%
Expectativa de encontrar uma fachada moderna se frustra ao bater os olhos no prédio
A placa, em frente à obra da antiga rodoviária de Campo Grande, informa que a partir de 26 de junho o Centro da cidade receberia um prédio revitalizado. Contudo, o portal da prefeitura sobre o andamento dos projetos mostra que somente 9% foram executados.
A expectativa de encontrar uma fachada moderna e com jardins, no entorno de cinco mil metros quadrados do Terminal Heitor Eduardo Laburu, divididos em dois andares na Rua Joaquim Nabuco, se frustra ao bater os olhos numa obra que pouco andou desde setembro do ano passado.
Desta forma, o ponto que já foi o mais vibrante do Centro, com o ir e vir de um terminal rodoviário, segue a sina de ser o espaço público mais degradado da cidade.
Na manhã desta terça-feira (dia 20), a reportagem esteve no canteiro de obras, onde não havia ruídos de trabalho ou operários circulando.
Pedro da Cruz Gonçalves, que é subsíndico do Centro Comercial Condomínio Terminal Oeste, ala particular do imóvel, conta que será realizado um café da manhã na sexta-feira (dia 23) para discutir o andamento da obra.
Foram convidados comerciantes, vereadores e representantes da Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos) e SAS (Secretaria Municipal de Assistência Social).
“Vamos ver quando sai, porque está difícil. Estão trabalhando, mas muito devagar. Vamos fazer reunião para dar uma pressão sobre a possibilidade de andar mais rápido. A expectativa de ser entregue em 2023 é praticamente nula”, diz.
No “Portal Mais Obras”, da Prefeitura de Campo Grande, a informação oficial é de que somente 9% da revitalização foi executada. O valor total é de R$ 16.598.808,77, mas o montante executado foi de apenas R$ 1.416.187,14. A reforma é realizada pela empresa NXS Engenharia Eireli.
No local, os tapumes ainda estão no entorno da obra. O pavimento foi quebrado e algumas marcações foram feitas, mas não ergueram nenhuma estrutura. A ordem de serviço para a reforma data de 1° de julho do ano passado, quando a prefeita Adriane Lopes (PP) esteve no local.
Dos recursos de 16,5 milhões, R$ 15,3 milhões eram do Ministério do Desenvolvimento Regional. Enquanto o município daria contrapartida de R$ 1,2 milhão.
“Esse local voltará a ser pujante, vamos trazer de volta o ambiente cultural e de lazer. Esse prédio voltará aos velhos tempos, como um shopping no Centro da cidade”, prometeu Adriane.
Revitalizado, o prédio deve abrigar a Sesdes (Secretaria Especial de Segurança e Defesa Social) e a Funsat (Fundação Social do Trabalho). Conforme o projeto, o local das antigas plataformas externas seria adaptado para se tornar um corredor de acesso à galeria e ao edifício público, transformado num grande calçadão com jardins contemplativos.
A outra área pública, que margeia a Rua Vasconcelos Fernandes, onde ficava uma plataforma de transporte coletivo, seria transformada em área de estacionamento no horário comercial. O piso será nivelado para se tornar um grande platô, para um espaço multiuso de eventos.
A antiga estação rodoviária tem 30 mil metros quadrados. Construída na década de 1970, ao longo dos anos, o espaço passou por um processo de degradação, com predominância de prostituição e tráfico de drogas.
Desativada em 31 de janeiro de 2010, a antiga rodoviária de Campo Grande já teve vários projetos. Primeiro, o espaço foi requisitado pelas universidades, mas os projetos não saíram do papel. As propostas ainda incluíram a instalação de uma incubadora dekassegui, um restaurante popular e prédio do Tribunal de Justiça.
Cadin – A Prefeitura de Campo Grande tem passado boa parte do ano no Cadin (Cadastro Informativo de créditos não quitados do setor público federal) do Banco Central. A restrição impede o repasse de verbas do governo federal.
Nesta terça-feira, a reportagem verificou que o Poder Executivo está regularizado. Até ontem, a consulta no CAUC (Sistema de Informações sobre Requisitos Fiscais) mostrava a prefeitura com símbolo de exclamação amarelo, num indicativo de pendências.
Conforme apurado pela reportagem, a prefeitura estava no Cadin por equívoco da Receita Federal na interpretação de uma decisão judicial.
Outra questão é que, enquanto a prefeitura busca a suspensão de liminares em tribunais superiores, a União coloca os créditos como pendentes de regularização, com inscrição no Cadin até que seja parcelado ou que sobrevenha uma decisão judicial determinando a suspensão.
O Campo Grande News solicitou informações à prefeitura sobre o andamento das obras da antiga rodoviária, se houve atraso em recurso por conta do Cadin e se a situação já foi regularizada. Entretanto, não recebeu resposta até a publicação da matéria.