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Capital

Advogado preso pela PF recebeu dinheiro ilícito sem saber, alega defesa

Arthur Constantino foi contratado por líder de esquema para desviar recursos de bolsas da UFPR e por isso, teve R$ 17 mil depositados em sua conta

Anahi Zurutuza | 17/02/2017 17:23
Fachada do prédio histórico da UFPR, de onde teriam sido desviados R$ 7,3 milhões (Foto: UFPR/Divulgação)
Fachada do prédio histórico da UFPR, de onde teriam sido desviados R$ 7,3 milhões (Foto: UFPR/Divulgação)

O advogado Arthur Constantino da Silva Filho, um dos presos por supostamente receber parte dos recursos desviados da UFPR (Universidade Federal do Paraná), na verdade, foi contratado por uma das “cabeças” do esquema para atuar em nome dela na compra de uma casa em Campo Grande. É o que alega a defesa de Arthur, que teve a prisão temporária revogada na tarde desta sexta-feira (17).

Danilo Cristofaro, advogado de Arthur, explica que o cliente dele foi contratado por Conceição Abadia de Abreu Mendonça, chefe da Seção de Controle e Execução Orçamentária da Universidade Federal do Paraná, para representá-la na compra de um imóvel na Capital. “Ela depositou R$ 17,4 mil para o meu cliente, mas era o dinheiro para que ele pagasse o IPTU [Imposto Predial e Territorial Urbano], as despesas com cartório e R$ 2 mil de honorários”, explicou.

O defensor afirmou ainda que o cliente nunca constou na lista de bolsistas da universidade e que tem como provar a inocência. “Já anexamos nos autos até os e-mails dela [Conceição] dizendo que ia fazer o depósito. Ele recebeu um pagamento, mas não tinha como e nem obrigação de saber a origem do dinheiro”, afirmou Cristofaro.

Operação - Arthur é um dos alvos da Operação Research (pesquisa, em inglês), deflagrada pela PF (Polícia Federal) na quarta-feira (15), que desvendou esquema para desviar recursos usados no pagamento de bolsas de pesquisa da UFPR. Ao todo, R$ 7,3 milhões teriam sido beneficiado pessoas sem víncuo com a instituição, dos quais R$ 1,7 milhão vieram parar em contas bancárias de moradores do Estado.

Todos os presos em Mato Grosso do Sul teriam alguma ligação com Conceição. Conforme a PF do Paraná, eles pertenciam ao “círculo de amizades” da chefe do setor de Orçamento e Finanças da instituição.

Além de Arthur, Maria Alba de Amorim Suarez e os filhos dela, Pedro Amorim Suarez Campos e Maria Eduarda Amorim Suarez Campos, também foram presos. Juntos, eles teriam recebido R$ 1,6 milhão em recursos da instituição de ensino, mas sequer tem ensino superior.

Patrícia Vargas da Silva do Nascimento, que seria beneficiária de R$ 158.850, é a quinta presa do Estado. Além dos valores referentes às bolsas depositados para ela, em 2015, Patrícia recebeu R$ 1.764 do Bolsa Família. Ela mora em Maracaju.

A PF, que deflagrou a operação após investigação feita pelo TCU (Tribunal de Contas da União), não divulgou qual era exatamente a participação de cada um no esquema.

Todas as prisões temporárias, que teriam validade até domingo (20), foram revogadas, segundo o advogado Danilo Cristofaro. A reportagem não conseguiu descobrir quem faz a defesa da família e da mulher presas.

Prisões – A PF cumpriu 15 mandados de prisão temporária (cinco dias), oito conduções coercitivas e 36 mandados de busca e apreensão em Mato Grosso do Sul, Paraná e Rio de Janeiro.

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