Além da energia, moradores de favela têm dificuldades em posto de saúde
Falta de endereço dificulta atendimento em UBSF, reclamam moradores de área deixada pela Homex
A dificuldade para ter energia elétrica em casa não é o único problema de quem vive na área invadida da construtora Homex na região sul de Campo Grande. Os moradores reclamam de dificuldade para atendimento médico no posto de saúde Dr. Paulo Coelho Machado, o mais próximo que atende a região.
Mãe de quatro filhos, a dona de casa Cíntia Raquel Benevides, 29, reclamam que já precisou de atendimento para o filho mais novo de 2 anos e que não foi recebida por não possuir um endereço legal. “Já cheguei com meu filho queimando de febre e me mandaram ir pro UPA”, disse.
Sozinha em uma casa construída em um terreno, a aposentada Ana Lúcia da Silva, 42 anos, diz que se sente humilhada com a situação. “No posto nos tratam diferente porque a gente mora aqui. Aqui também mora trabalhador a gente só é pobre, mas não tem vagabundo aqui. Se a gente for pagar aluguel a gente não come”, disse Ana Lúcia.
“Nem médico temos. A gente aqui não tem nem dentista. A gente vai para a UBSF Paulo Coelho Machado e fica na classificação. Outras vezes mandam a gente procurar UPA ou manda a gente para casa”, disse a dona de casa Alexandra de Lima Coelho, 35.
Alexandra ainda reclama de outro problema que coloca em risco a saúde das famílias que vivem na área. A falta de saneamento básico. “Água tem aqui. Mas não é tratada. Teve quem quem furou poço e teve quem fez irregular [gato]”, contou Alexandra. Os moradores dizem agentes de saúde que visitam o loteamento orientaram para que fossem comprados filtros de água. “Nem todo mundo tem condições”, completou.
Ação - A Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul solicitou por meio de ação civil pública a instalação de rede permanente de energia elétrica para mais de 1,1 mil famílias na área invadida que pertence à construtora Homex, no Jardim Centro-Oeste –sul de Campo Grande. A medida foi tomada após a Energisa providenciar o desligamento dos “gatos” na rede, apontando riscos à segurança, o que resultou em protestos dos integrantes da ocupação e a novas ligações irregulares.
A ocupação se estende por 29 imóveis que seriam usados por empresas da Homex para a construção de apartamentos em Campo Grande. Segundo a Defensoria, em 2013, o projeto foi abandonado pela empresa, resultando também em uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) na Câmara Municipal.
Outro lado - Em nota, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde de Campo Grande) afirmou foi acordado durante reunião na última semana que os profissionais lotados na unidade do Paulo Coelho Machado passarão a atender os moradores da área não regulamentada do residencial Homex.
"Justamente por não pertencerem a nenhuma área de abrangência em específico poderia haver algum problema, porém em nenhum momento a assistência deixou de ser prestada".
(Matéria alterada às 17h09 para acréscimo de informações)