Aliviados, pais agradecem retorno das aulas nas escolas de educação infantil
Durante a pandemia, alguns tinham de pagar cuidadores para poder trabalhar
A reação de alívio na porta da entrada da Emei (Escola Municipal de Educação Infantil) Maria Dulce Prata Cançado, no Jardim Noroeste, demonstra o quanto as famílias sentiram o fechamento por quase um ano e meio.
Não que os pais quisessem "se livrar" dos filhos, longe disso, mas foram 16 meses de sufoco para famílias que tinham que pagar para alguém ficar com os pequenos para os pais poderem trabalhar. Um gasto que não estava previsto no orçamento, além de toda a preocupação.
Construtor civil, Jean Carlos, de 36 anos, veio trazer o filho apressado porque ainda precisava ir para o serviço. "Pra gente que é pai é um alívio o retorno deles. A gente trabalha, né? Uma pena que é só meio período, bom seria se fosse o dia todo", comenta.
E isso não é desleixo e sim necessidade, diz. Auxiliar de cozinha, Adriana Marques, de 30 anos, deixava a filha Brenda Vitória, de 3 aninhos, na escola. "Ela estava super ansiosa para retornar, assim como nós que trabalhamos durante o dia. Fica ruim pra gente que não têm condições para pagar alguém pra cuidar", justifica.
A volta às aulas presenciais na rede municipal acontece 10 meses depois do retorno das escolas particulares, seguindo os protocolos de biossegurança desde a entrada com aferição de temperatura, uso de álcool, higienização dos pés e das mochilas, além do distanciamento dentro de sala.
Auxiliar de serviços gerais, Herotilde da Silva Corrêa, de 61 anos, acredita que ainda não era o momento do retorno, mas diante da necessidade, precisou deixar a neta Kimberly, de 3 aninhos.
"De verdade, pra mim não é o momento ideal, mas como nós pais e responsável trabalhamos, é necessário deixar eles na escola porque não temos onde deixar. Acredito que a escola está preparada e com isso os alunos serão bem cuidados. Mas o ideal era que todas as pessoas já estivessem vacinadas", defende.
A vacinação defendida pela avó é para as crianças, já que os profissionais de educação estão imunizados. No entanto, não tem previsão dos pequenos entrarem no calendário do município até que toda a população economicamente ativa tenha tomado a vacina.
Na avaliação do pai Jaime Alves, de 32 anos, o retorno das crianças à escola é bom de uma forma geral para as famílias. "Mesmo com as restrições a interação dele na sala de aula, pelo menos ontem foi bem legal. Ele chegou em casa contando como foi, falou que comeu, conversou com os novos coleguinhas. Se divertiu bastante", descreve.
Em Campo Grande são 109 mil alunos matriculados na rede municipal de ensino. No balanço do primeiro dia feito ontem (26), a Semed (Secretaria Municipal de Educação) não divulgou quantos alunos aderiram ao presencial. Apenas se limitou a dizer que o percentual esperado era entre 25 a 50% de adesão.
No Emei do Jardim Noroeste, das 11 salas apenas sete retornaram e com até cinco alunos em cada. No total, a escola tem 310 estudantes matriculados.