“Bem-vindo à cracolândia”, anuncia faixa instalada por moradores da Nhanhá
Cansados de furtos recorrentes, os vizinhos se uniram para comprar o banner como forma de protesto
Cansados de furtos recorrentes, moradores da Vila Nhanhá se uniram e prepararam uma faixa para receber visitantes que vão na região de um jeito bem agressivo. “Estamos abandonados pelo poder público. Bem-vindo à cracolândia, onde o roubo de fio virou bom dia!!!”, diz o banner pendurado na Rua Bom Sucesso.
O administrador Max Morr, de 39 anos, foi o idealizador do protesto, mas conta que teve com o apoio de moradores da região. A ideia de fazer a faixa, veio no último domingo (7), quando o imóvel dele foi furtado.
“Aqui na casa do lado era aberto, nós precisamos colocar um portão de metal para evitar que as pessoas entrassem. Nada adianta, já tentamos falar com a Polícia Militar, com a Guarda Civil Metropolitana, todos os meios possíveis e não adianta”, diz.
Para Max, um dos agravadores do problema são as entregas de marmitas aos moradores de rua, que acontecem diariamente. O administrador ainda afirma ter notado que o agravamento do problema vem ocorrendo há cinco anos.
“O prejuízo aqui é grande, diariamente as casas estão sendo invadidas. Fora os moradores que precisaram sair por conta desse clima ruim. Coloquei uma trava aqui no portão para tentar ajudar, mas não sei por quanto tempo irá resolver, eles não estouram só o cadeado, mas pulam muro também”, encerra.
Quem mora na região e convive com o problema durante as 24 horas do dia, aceita falar com a reportagem com a condição de ter a identidade preservada. Os moradores temem que possam sofrer retaliações se forem identificados.
Um dos apoiadores da faixa é um homem, de 53 anos, que mora no bairro há mais de 25 anos. Acompanhando a evolução da região, o morador afirma que o fechamento da antiga rodoviária da Capital contribui para o aumento de pessoas em situação de rua no Nhanhá.
“As pessoas fumam abertamente aqui. Nunca tentaram entrar na minha casa porque tenho muitos meios de segurança. Tenho sistema de câmera de segurança, alarme de segurança, cachorros da raça rottweiler e agora estou reforçando o portão para evitar que arrombem”, conta.
Outra mulher, de 30 anos, diz acreditar que os moradores de rua e usuários de drogas não mexam com quem está no bairro há muito tempo. Por ter crescido na região, ela afirma conseguir deixar o carro em frente de casa sem que ninguém mexa nele.
“Acredito que os noias [sic] respeitam os moradores mais antigos do bairro, mas quem aparece novato, se a pessoa sai para trabalhar eles vão entrar dentro da casa. A mesma coisa acontece quando um inquilino desocupa a casa. Se a pessoa se mudar em um dia, no outro você pode ter certeza de que não vai ter nada, janela, fiação, porta eles leva tudo”, explica.
A trabalhadora autônoma, de 58 anos, relata não confiar nos moradores de rua e nem nos usuários de drogas. Ela afirma que já teve quem fosse até a sua casa para vender objetos furtados.
“Hoje em dia está tranquilo aqui na Rua do Fujiyama, mas há uns três anos atrás ali era considerado a cracolândia. Agora com as pessoas que entregam marmitex eles mudaram dali para a Rua Bom Sucesso. Acho que a solução para os casos de moradores de rua não deveriam ser assim, deveria ter um tratamento mais eficaz para isso do que a entrega da marmita”, afirma.
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