Bernal concluiu só uma obra e Capital aposta na retomada com Gilmar
O ex-prefeito de Campo Grande, Alcides Bernal (PP), prometeu fazer a cidade avançar 40 anos em quatro, mas só conseguiu inaugurar uma obra em um ano e dois meses. Apesar do lançamento de um pacote de obras em abril do ano passado para marcar os 111 dias de gestão, o prefeito cassado paralisou praticamente todas as obras deixadas pelo antecessor, Nelson Trad Filho (PMDB). Agora, a população aposta na retomada com o novo prefeito Gilmar Olarte (PP).
Uma das obras que não foi concluída é a pavimentação da marginal do Córrego Bálsamo, que prevê parque linear e uma avenida marginal entre o macroanel rodoviário e o Jardim Roselândia. A obra recebeu R$ 33 milhões em recursos, que contemplam drenagem, pavimentação e recuperação da bacia do córrego.
Mas a obra, iniciada em 2012 e com recursos garantidos em caixa, ficou parada na administração do ex-prefeito. “Parou de repente, não terminaram. Ouvi dizer que estava superfaturada”, relatou o eletricista Diego Souza, 22 anos.
O local iria se transformar em um complexo viário, mas com as obras inacabadas, os moradores reclamaram que dos problemas causados. “Aqui virou uma confusão, está muito perigoso”, comentou o autônomo Djalma de Amorim, 55.
Ele contou que mora no bairro há 33 anos e, as vias Piracanjuba e Darwin Dolabani, como os moradores as chamam, precisam ser concluídas. “Pelo que eu estou escutando, aqui vai melhorar”, prevê Djalma.
Iniciada em 2010, mas parada desde o ano passado, as obras de drenagem e paisagismo da Orla Morena II na região do bairro Cabreúva, deveriam ser concluídas este ano. O projeto foi orçado em R$ 6 milhões com recursos do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).
“Eu acho que o novo prefeito tem que verificar isso, pois é errado as obras ficarem paradas”, comentou a doméstica Edilene Ferreira, 44. As obras de prolongamento da Orla Morena e a construção do Centro de Belas Artes também não foram concluídas.
Até ser entrevistado pelo Campo Grande News, o aposentado Valdomiro Ferreira Dutra, 74, ainda não sabia que Bernal havia sido cassado, mas ele afirmou que prefere a mudança. “Este prefeito não fazia nada, só ganhava dinheiro”, comentou.
O aposentado acha que as obras devem recomeçar. “Tem tanta coisa que melhorar, tanta obra parada, muitos lugares que são bonitos, mas foram esquecidos”, comentou.
As obras de canalização e urbanização, que deveriam mudar a cara da Avenida Ernesto Geisel, também pararam. Com o atraso no projeto, orçado em R$ 47 milhões e que terá área de lazer e ciclovia, a prefeitura só mantém reparos emergenciais. “Aqui tem que melhorar bastante, principalmente a beira do córrego. Estamos esquecidos”, frisou o autônomo Gilmar de Lima Gonçalves, 49.
“Nós precisamos de um socorro aqui. Se Deus quiser o novo prefeito vai se sair bem”, disse esperançoso Gilmar. A cabeleireira Lindinalva Neres Campos, 59, mora próximo ao córrego há cerca de 30 anos e espera melhoras para a região. “Espero que isso melhore para gente, pois pago um IPTU caro para nada”.
Eles contaram que é necessária a continuação das obras no local. “Tem que continuar, pois está horrível aqui. Ele tem que olhar pela gente”, comentou a cabeleireira.
Outro investimento alto que também ficou parado, são os R$ 18.364.088,59 para as obras de revitalização da Avenida Julio de Castilho. A reforma começou em 2012 e 80% já foram concluídas, mas os outros 20% estão encalhados há mais de um ano. “Virou uma zona, não te retorno, não tem opção, além de vários semáforos sem funcionamento”, avaliou o motorista Francisco de Assis, 56.
Os motoristas e comerciantes definem a avenida como um caos, desde que as obras ficaram paradas. “Não melhorou nada, a situação está precária. Só o futuro irá dizer se aqui melhora”, analisou o comerciante Roberto Cortez, 55.
Prefeito – Bernal foi cassado na última quarta-feira (12) por 23 votos a 6 na Câmara Municipal. O novo prefeito de Campo Grande, Gilmar Olarte (PP), assumiu na manhã de quinta-feira (13).
Olarte é formado em Ciências Contábeis e natural de Aquidauana. Foi vereador da Capital durante a legislatura de 2004 a 2008, mas não conseguiu a reeleição. Em 2012, foi eleito vice-prefeito na chapa encabeçada pelo prefeito Alcides Bernal.
Ontem, em reunião na Caixa Econômica Federal, Olarte afirmou que a prioridade é dar mais celeridade às obras executadas com recursos federais. O secretário municipal de Infraestrutura, Semy Ferraz, mantido no cargo por Gilmar, admitiu que o ritmo das obras deixaram a desejar na gestão de Bernal.
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