Cachorro arrastado por carro tem ferida com músculo exposto e será internado
Veterinária que examinou Thor em delegacia diz que animal não foi levado ao médico e precisa ser monitorado
Thor, o cão que foi arrastado por uma corda amarrada ao rabicho de um Chevrolet Kadett na Vila Nhanhá, em Campo Grande, não tem condições de ser tratado em casa. A médica-veterinária, Layrez Reis, enviada pelo CRMV (Conselho Regional de Medicina Veterinária) à Decat (Delegacia Especializada de Repressão a Crimes Ambientais e de Atendimento ao Turista), examinou o cachorro, que tem várias escoriações pelo corpo e até ferida com a musculatura exposta, e recomendou que ele seja internado.
De acordo com a profissional, o tratamento de Thor deve levar pelo menos 30 dias. “Por ele ser um filhotão [tem 1 ano e 6 meses], talvez se recupere mais rápido. O ferimento do pescoço é preocupante e, por enquanto, ele precisa de monitoramento 24 horas.”
A veterinária afirma que Thor precisará passar por bateria de exames e ser monitorado para que não adquira infecção nos ferimentos abertos. O CRMV e a Decat também devem enviar equipe à casa da família do cachorro para avaliar em que condições ele vive.
O delegado Maércio Barboza, titular da Decat, explicou que o dono do cão, um rapaz de 26 anos, ainda presta depoimento, e que embora alegue que tenha sido uma fatalidade, a omissão no tratamento do animal também pode ser considerado crime de maus-tratos. “O relato é plausível, no entanto, o que agrava a situação é que ele foi omisso no tratamento. Socorreu o animal de forma paliativa”, explicou.
No fim de semana, o advogado Bruno Tamaciro divulgou vídeo onde o tutor explica o que aconteceu, sem revelar a identidade. Thor aparece no vídeo vestindo uma camiseta. Por isso, não é possível ver os ferimentos pelo corpo, apenas em uma parte da face.
Ele explica que no dia da gravação, não percebeu que o cão estava preso ao veículo. “A minha avó não sabia que eu ia sair com o carro e amarrou o cachorrinho no carro e ele entrou embaixo e eu não vi, não percebi e saí com o veículo. Se eu tivesse visto, eu tinha parado. Eu andei duas quadras e virei para deixar o carro na oficina. Quando eu adentrei que eu vi o meu cachorro na corda atrás do meu carro, na hora, eu fiquei tipo assim: ‘Você perdeu o juízo’. Eu não sabia o que eu fazia. Peguei ele no colo, todo mundo viu a minha sinceridade que realmente eu não sabia que o cachorro estava amarrado no carro de forma alguma”, relata.
O rapaz afirma ainda que levou o animal imediatamente ao veterinário, comprou a medicação indicada e estava tratando o animal, o que não é verdade. Nesta segunda-feira, ao deixar a Decat, o advogado afirmou que "houve uma confusão" e que ele também se surpreendeu ao saber que o cliente não havia buscado ajuda profissional. “Por falta de condições financeiras, ele comprou medicação com a orientação de um conhecido.”
A mãe do dono de Thor também foi à delegacia e muito nervosa com a situação, preferiu não dar entrevista. Disse apenas que o que aconteceu foi um “acidente doméstico”. “A gente jamais esperava que acontecesse isso na nossa família. Acidentes acontecem.”
O caso – Câmera de segurança flagrou motorista arrastando cachorro amarrado ao Kadett por volta das 15h de segunda-feira, dia 11. As imagens foram enviadas ao canal Direto das Ruas por funcionário de uma empresa que fica na Vila Nhanhá. Conforme já noticiado pelo Campo Grande News, o homem tentou alcançar o veículo para libertar o cachorro, mas não conseguiu. “Fiquei sem poder fazer nada. O animal tentava se levantar”, lamentou.
No dia seguinte, equipe da Decat foi ao local e conseguiu mais imagens. Diante da repercussão, na quarta-feira (14), advogado do dono do cachorro foi à delegacia, explicou a situação e agendou o depoimento do cliente para hoje.
O carro foi levado à delegacia e está com a documentação regular, assim como o motorista comprovou ser habilitado.