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Capital

Cerca de 50 clientes caem em golpe do falso consórcio e denunciam à polícia

De motos, carros até casas, os clientes procuravam a empresa e davam valor de cerca de R$ 2 mil de entrada

Lucia Morel e Natália Olliver | 21/11/2022 16:22
Sede do Procon na rua 13 de Junho. (Foto: Alex Machado)
Sede do Procon na rua 13 de Junho. (Foto: Alex Machado)

Pelo menos 50 pessoas foram lesadas por empresa de consórcio que cobrava parcelas da negociação, mas nunca entregou os bens consorciados. De motos, carros até casas, os clientes procuravam a empresa, davam valor de cerca de R$ 2 mil de entrada e aguardavam serem sorteados, mas isso não ocorria, nem mesmo para quem recebia uma carta de contemplado.

A Roma Consórcios, também identificada com os nomes de Solocred, Roma Financiamento e Finacon, já havia sido autuada em setembro do ano passado pelo Procon/MS (Superintendência para Orientação e Defesa do Consumidor).

Na época, a superintendência “operava com empréstimos e comercialização de cotas de consórcios, entretanto foram detectados vários problemas no seu funcionamento, desde o endereço onde desenvolvia suas atividades até documentação com alvarás diversos. Além disso, várias denominações foram apresentadas para caracterizar uma mesma empresa”, citava nota.

Já hoje, além do Procon/MS, a Decon (Delegacia Especializada do Consumidor) também atuou e além de sete vítimas que estão sendo ouvidas na delegacia, com sede na Rua 13 de Junho quase esquina com a Rua Maracaju, responsáveis e ex-funcionários da empresa prestam depoimento.

Um deles, Elorrayne Maidana da Silva, de 18 anos, trabalhou na Roma por sete dias e descobriu os golpes. Conseguiu juntar em um grupo de mensagens cerca de 50 clientes lesados e fez a denúncia.

“A vítima vinha até nós com interesse de comprar uma moto ou veículo pelo anúncio que a gente fazia no marketing place no Facebook. Se ele queria um carro de R$ 50 mil e queria comprar parcelado, aí a gente dava uma carta de crédito pra ele como se fosse um consórcio”, conta. Depois disso, “o cliente nunca mais via o dinheiro” enfatizando que “são várias vítimas”.

Ela comentou ainda que o fato da Roma estar localizada na região central, em prédio na Avenida Afonso Pena, há mais confiança. “Pela empresa estar em uma região central, as pessoas iam sem medo ou receio de ser golpe. Daí a gente montou nossa equipe e investigou o CNPJ de cada uma das empresas pra entender o que estava acontecendo ali. Porque, como uma empresa vai te dar um crédito e sumir com seu dinheiro? Muitas pessoas são coniventes, principalmente os funcionários”, lamentou.

Uma das vítimas, Jean Gonçalves, de 27 anos, contou que queria fazer um financiamento para comprar carro e uma funcionária teria lhe convencido a fazê-lo diretamente com a empresa e não através de um banco. “Dei uma entrada de R$ 7 mil e eles falaram que em uma semana sairia os R$ 30 mil pra eu comprar um carro à vista. Isso não aconteceu. Passaram 15, 20, 60 dias e nada. Aí chegou um boleto pra mim de R$ 1 mil, sendo que a parcela seria de R$ 400. Aí desconfiei”, disse.

Depois disso, Jean ligou na central de atendimento, fez uma carta de cancelamento, mas “eles me enrolavam. O supervisor da vendedora que me atendeu disse que ela foi mandada embora. Meu financiamento que era para ser de 60 parcelas de R$ 400 virou um de 11 anos com parcelas de R$ 1 mil”, reclamou.

Outro cliente lesado é o mecânico Maurício da Silva Feitosa, de 43 anos. Ele também encontrou a empresa pelo Facebook. “Eu queria comprar um carro de R$ 25 mil, dei R$ 1,9 mil de entrada e era uma carta contemplada. Então de 10 a 15 dias eles selecionavam pra mim e nunca esse povo me chamava lá. Eu que tinha que ficar ligando pra ele”.

Para piorar, ele ficou até impedido de entrar na empresa. “Eles não queriam mais me deixar entrar. Quando consegui, eu disse que queria meu dinheiro de volta e cancelar o contrato. Aí, falaram que em 10 dias iam fazer isso e até hoje não cancelou nada”.

Outra vítima é uma jovem de 21 anos que não quis ter o nome divulgado. “Mês passado entrei em contato com eles porque queria financiar um carro, dei entrada de R$ 1,8 mil. Eles passaram uma parcela razoável. Falaram que em 18 dias iam liberar. Aí no dia 14 me ligaram falando que eu poderia ir a uma garagem com um avalista escolher o veículo”.

Entretanto, conforme ela, “isso não aconteceu e ainda recebi ameaças por um número privado, provavelmente das vendedoras. Me insultaram, ameaçaram a minha família. Eu expus eles nas redes sociais e quando fiz isso, algumas pessoas entraram em contato e montamos um grupo pra ir lá hoje”, relatou.

A defesa da Roma Consórcios, Marcos Ivan Silva, afirmou que ainda está “tomando pé da situação” e que somente depois disso poderá dar mais detalhes da atitude que a empresa adotará. “Vamos buscar comprovar, demonstrar condição para toda essa conduta de hoje. Eles alegam que as empresas serão fechadas, lacradas temporariamente e é um exagero o que está acontecendo”, e afirmou que “será comprovado que a empresa não adotou nenhuma conduta praticada em desacordo com a legislação”.

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