Choque entre frente fria e calor causou tempestade que “alagou” a Capital
Ventos chegaram a 70 km/h, segundo meteorologista; Campo Grande teve tarde de alagamentos, quedas de árvores e transtornos
O choque entre a chegada de uma frente fria com o calorão provou a tempestade que alagou e deixou rastro de destruição na tarde desta quarta-feira (3) em Campo Grande, informou o meteorologista do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) Marcelo Schneider.
Segundo ele, o ponto mais forte do fenômeno foi por volta das 15h30 quando a estação meteorológica, localizada na zona norte da Capital, captou ventos de até 70 quilômetros por hora.
“Pelo nosso sistema é possível afirmar que, a tempestade começou ainda no fim da manhã pela região norte, depois expandiu para o centro e chegou até o sul de Campo Grande. Ou seja, o fenômeno atingiu a Capital de ponta a ponta”, destacou.
Além disso, o meteorologista explica que o fenômeno é comum na primavera devido ao calorão.
Previsão - De acordo com o instituto, amanhã, quinta-feira (4), a frente passa a oscilar nas imediações do sul/sudoeste do Estado, onde as temperaturas caem mais significativamente. Porém o tempo permanece instável à tarde.
A partir de sexta-feira, as temperaturas voltam a aumentar com os ventos passando para o setor norte. Com o calor e a umidade ocorrem pancadas de chuva e trovoadas principalmente à tarde.
Rescaldo – Em cerca de uma hora e 15 minutos de chuva, Campo Grande registrou estragos em diferentes regiões, envolvendo transbordamento de córregos e alagamentos, quedas de fiação elétrica e de galhos e árvores sobre vias e veículos. Contudo, não houve vítimas fatais, segundo informações do Corpo de Bombeiros. Os danos materiais são alvos de levantamento de equipes da prefeitura, que já realizam a limpeza de ruas com a retirada de lixo, entulhos e lama.
Os três principais córregos que cortam a zona urbana da cidade transbordaram. No Sóter, a água invadiu a Via Parque e arrastou veículos –um deles com uma mulher grávida. Um automóvel VW Gol também rodou na pista. Moacir Vargas ia ao médico quando, em frente à clínica da Cassems, rodou na pista e parou sobre o meio fio.
Segundo ele, apenas para retirar o veículo do local ele pagou R$ 100, e gastaria outros R$ 800 no veículo. “A população não tem de olhar obras só por cima, mas embaixo. Quando fizeram a drenagem aqui não tinha esses prédios construídos mais para cima”, criticou, apontando o local de onde achou que se originou parte das enxurradas.
O lago do Parque das Nações Indígenas também transbordou em lançou água no Sóter. “A água do lago invadiu o asfalto e vimos alguns peixes pulando”, declarou um funcionário. No local, houve a queda de duas árvores, uma delas sobre o cabeamento de energia –faltou luz entre as 14h e as 18h e, diante da necessidade de reparos, o espaço seria fechado ao público nesta noite. O tapume do Aquário do Pantanal caiu em meio aos ventos.
A Via Parque ficou interditada. Quadro semelhante ocorreu na Avenida Ernesto Geisel, no trecho entre as Avenidas Euler de Azevedo e RachidNeder–local que comumente registra alagamentos. Moradores relataram ao Campo Grande News que a água cobriu a rotatória, gerando perigo para quem circulava na região.
Alagamentos – A força da água também cobriu o cruzamento da Ernesto Geisel sobre a Mato Grosso e, mais à frente, no rio Anhanduí, quase houve transbordamento. A água também superou o nível no córrego Prosa na região da Avenida Ricardo Brandão.
Outras vias também registraram alagamentos, como as Avenidas Cônsul Assaf Trad –na pista centro-bairro, na ligação com a região norte da cidade, ao lado do Cemitério do Cruzeiro–, Tiradentes e Julio de Castilho e nas Ruas Dom Aquino, Brilhante e dos Vendas, cobrindo veículos nesta última.
Árvores que caíram na UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) causaram danos em pelo menos dez automóveis. Tetos caíram na Maternidade Cândido Mariano e na Santa Casa de Campo Grande –houve interdição de leitos na primeira, enquanto na outra foi necessário reagendar cirurgias eletivas já que salas do centro cirúrgico foram atingidas.
O Fórum registrou alagamentos no terceiro e quarto andares, atingindo a fiação e forçando a suspensão dos serviços; O Aeroporto Internacional de Campo Grande ficou fechado por cerca de uma hora diante da falta de condições para voos e decolagens.