Com déficit de funcionários e em obras, HU fecha mais 40 leitos
Com déficit no quadro de funcionários e em obras, o HU (Hospital Universitário) de Campo Grande vai reduzir 40 leitos. De acordo com a gerente de Ensino e Pesquisa da unidade hospitalar, Ana Lúcia Lyrio, a redução de 240 para 200 leitos teve início nesta semana.
Para suprir o déficit, calculado entre 800 e mil funcionários, o hospital pagava plantões, mas, desde dezembro do ano passado, o Ministério do Planejamento não autoriza os pagamentos. Segundo ela, a situação será normalizada após o concurso que será lançado neste mês pela Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares). O HU tem 700 funcionários e abrirá processo seletivo para 800 vagas.
Nesta sexta-feira, durante evento comemorativo aos 39 anos do hospital, acadêmicos e técnico-administrativos protestaram contra o fechamento dos leitos. Segundo eles, o problema é resultado da administração da estatal.
O vice-reitor da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), João Ricardo Filgueiras Tognini, declarou aos manifestantes que a situação é decorrente da demora em firmar parceria com a Ebserh.
“Realmente estamos passando por uma crise. Mas que com essa nova forma de administrar, a gente possa, no ano que vem, nos 40 anos, ter uma realidade totalmente diferente”, afirmou o vice-reitor.
Segundo a gerente de Atenção à Saúde, Maria José Maldonado, a redução dos leitos será no centro cirúrgico (15), pediatria (10) e oito na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) Neonatal. Neste último setor, serão dois leitos de UTI e seis na unidade intermediária.
Com recursos do Rehuf (Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais), são realizadas reformas em cinco setores: pediatria, clínica médica, UTI Neonatal, centro cirúrgico e centro de material esterilizado. As obras começaram ontem e vão durar seis meses.
Segundo Maria José, a demanda de pacientes é distribuída para outras unidades hospitalares, como o HR (Hospital Regional) Rosa Pedrossian, Santa Casa e São Julião. “Depois da reforma, serão 260 leitos”, promete a gerente de Atenção à Saúde, que é médica no HU há 20 anos.
O HU foi inaugurado em 13 de março de 1971, mas, por falta de recursos financeiros, só foi ativado em 3 de abril de 1975. Por ano, a unidade atende 100 mil pacientes, realiza 300 mil exames laboratoriais e cinco mil cirurgias. O hospital, que tem 28.300 metros quadrados de área construída, tem residência médica em 16 especialidades.
Em quase 40 anos, o HU de Campo Grande, ligado à UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), chegou a ser o segundo maior hospital do Estado, atrás somente da Santa Casa.
Dos 40 leitos iniciais se transformou em um complexo hospitalar e centro de referência estadual para doenças infectocontagiosas e procedimentos de alta complexidade.
Contudo, no último ano, virou manchete por denúncias da Operação Sangue Frio, que revelou a “Máfia do Câncer”.
O hospital foi fundamental para que a PF (Polícia Federal) mirasse o tratamento de oncologia, em especial a radioterapia. A resistência do HU em aceitar recursos do governo federal e reativar o setor de radioterapia foi parar na Justiça.