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Capital

Comércio de gelo beira ao colapso em onda de calor extremo na Capital

Aumento na procura desafia empresas a manter estoques e equipamentos em funcionamento para suprir a demanda

Por Jhefferson Gamarra e Idaicy Solano | 13/11/2023 14:29
Funcionário movimentando estoque de gelo em fábrica (Foto: Idaicy Solano)
Funcionário movimentando estoque de gelo em fábrica (Foto: Idaicy Solano)

Em meio a uma onda de calor extremo que tem castigado Campo Grande nos últimos dias, o comércio local está experimentando um aumento surpreendente na demanda por um item valioso no calor: o gelo. Empresas que comercializam esse "tesouro congelado" têm enfrentado dias atípicos, correndo para manter seus estoques abastecidos e garantir que seus equipamentos funcionem perfeitamente.

Em uma fábrica de gelo, que fornece para conveniências, mercados, bares e buffets, a rotina foi bastante alterada. O aumento nos pedidos transformou uma segunda-feira que seria dedicada a tarefas administrativas em um dia de vendas comparável a um movimentado fim de semana.

"A demanda tá bem alta, tá aparecendo bastante cliente novo. Está muito bom, e a nossa produção também tá dando conta. As câmaras estão todas cheias e a gente tá preparado pra receber mais cliente. Segunda-feira, como é mais calmo, a gente tira pra fazer as cobranças e mandar mensagem para os clientes fazerem pedido, e hoje não deu nem tempo. Não precisou nem mandar mensagem pra ninguém, e está até aparecendo cliente novo", relatou Ana Karolina de Freitas, 24 anos, que trabalha no setor administrativo de uma fábrica.

Empresário Gustavo Marietto, 27 anos, proprietário de uma conveniência na Capital (Foto: Idaicy Solano)
Empresário Gustavo Marietto, 27 anos, proprietário de uma conveniência na Capital (Foto: Idaicy Solano)

Para atender à crescente demanda, o proprietário de uma conveniência reforçou os estoques diante de um aumento de 40% na procura por gelo desde agosto, mês em que as temperaturas extremas começaram a se intensificar.

"Teve uma demanda muito alta, aumentou 40% a minha venda de gelo aqui. A reposição de gelo é feita duas vezes na semana, na terça e na quinta-feira. Desde agosto, mais ou menos, começou a ter esse aumento da demanda. A gente já deixa o freezer bem cheio, já para não ter falta do gelo", comentou o empresário Gustavo Marietto, 27 anos.

O aumento na produção de gelo também trouxe preocupações, como a manutenção de máquinas e o aumento no consumo de energia. Para driblar esses problemas, os fabricantes adotam estratégias para vencer os dias quentes e atender 100% dos clientes.

Marcelo dos Reis Fonseca, gerente de manutenção das máquinas adotou estratégias para manter a produção (Foto: Idaicy Solano)
Marcelo dos Reis Fonseca, gerente de manutenção das máquinas adotou estratégias para manter a produção (Foto: Idaicy Solano)

Marcelo dos Reis Fonseca, gerente de manutenção das máquinas em uma empresa de produção de gelo em barra, cubo e triturado, revela que, devido ao calor intenso, as máquinas estão consumindo muita energia. Para manter o funcionamento, a produção foi transferida para o período noturno, quando a demanda de energia é menor.

"No horário da noite, madrugada, é mais fresco. Durante o dia, eu faço 200, 300 pacotes, já de noite faz 600, porque a noite é mais fresca, e a demanda de energia diminui um pouco, as indústrias maiores diminuem [o consumo], e fica só as residências, então sobra mais carga", disse Fonseca.

Apesar dos esforços, o profissional de refrigeração destaca que os equipamentos estão vencendo desafios, mas que é necessário realizar manutenção periódica para atender à demanda crescente, especialmente com a proximidade do feriado e a temporada agitada de final de ano.

"Aumentou até mais de 100%. Nós estamos trabalhando de domingo a domingo. Estamos trabalhando 24 horas. Tem fábrica que já não tem [gelo], e está comprando de fora. Nós ainda estamos conseguindo", conta Fonseca, que revela a estratégia de intercalar as máquinas para evitar sobrecargas e garantir a continuidade da produção.

Freezer com estoque repleto de gelo (Foto: Idaicy Solano)
Freezer com estoque repleto de gelo (Foto: Idaicy Solano)

Calorão continua - As projeções indicam que a onda de calor continuará nos próximos dias e ao longo da semana, com os termômetros mantendo-se acima dos 40°C. A previsão para o Estado são de máximas que podem atingir assustadores 45°C, mantendo a população em estado de alerta devido aos riscos à saúde.

Diante do cenário crítico, o Inmet emitiu um alerta vermelho de grande perigo, válido até quarta-feira (15) às 23h59. O alerta aponta riscos significativos devido ao aumento das temperaturas, que podem exceder em 5°C a média por mais de cinco dias consecutivos.

As autoridades em saúde orientam a população, especialmente os grupos mais sensíveis, como pessoas obesas, crianças, idosos, mulheres, diabéticos, cardíacos e pacientes renais, a adotar medidas preventivas. Recomenda-se evitar a exposição ao sol entre 10h e 16h, manter-se bem hidratado e optar por ambientes e roupas mais leves.

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