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Capital

Em 15 dias, pistoleiro foi visto saindo de casa apenas duas vezes, diz vizinho

Yan Lucas Marinho da Silva Pereira morreu em confronto com a PM e é suspeito de ao menos 10 homicídios

Ana Paula Chuva e Mariely Barros | 29/06/2023 13:45
Chinelo e um capacete rosa na frente de Fiat Palio na garragem da casa. (Foto: Henrique Kawaminami)
Chinelo e um capacete rosa na frente de Fiat Palio na garragem da casa. (Foto: Henrique Kawaminami)

Morto em confronto com a PM (Polícia Militar), o pistoleiro Yan Lucas Marinho da Silva Pereira, 22 anos, foi visto saindo do local apenas duas vezes em 15 dias, segundo pedreiro que trabalha na casa ao lado onde tudo aconteceu na manhã desta quinta-feira (29). O rapaz estaria morando na casa há 3 meses e é suspeito de ao menos 10 homicídios recentes em Campo Grande.

Ao Campo Grande News, o pedreiro de 51 anos contou que trabalha na residência há 15 dias e viu Yan sair da casa ao lado apenas duas vezes. “Há dez dias, ele saiu e voltou em carro de aplicativo. Deu bom dia e tudo. Ontem, ele saiu por volta das 15h, um rapaz de moto veio buscar e depois trazer ele”, afirmou o homem.

Segundo ele, não havia barulho na casa ou qualquer indício de que alguém estivesse morando ali, com cheiro de comida, por exemplo. Ele também afirma que não via movimentação de entregas ou pessoas entrando e saindo.

“Morria e não sabia que tinha droga aí do lado. Era um rapaz jovem, ele deu até bom dia quando saiu. Não ouvíamos barulho de nada, não tinha cheiro de comida ou de droga. Ele saía e entrava em silêncio. Não tinha quase movimento nenhum”, disse o pedreiro.

Por outro lado, uma aposentada de 58 anos, também moradora da Rua Camaçari, afirmou que nunca viu o rapaz entrando ou saindo da residência. De acordo com ela, há cerca de seis meses a casa estava abandonada, inclusive, com os vidros da janela quebrados.

“Fico o dia todo em casa, nunca vi esse rapaz aí. Eu achei que a casa estava abandonada até agora. Pode ser que ele saia apenas à noite, nunca vi saindo de dia”, explicou a aposentada.

À reportagem, a dona da casa, que também não quis se identificar, contou que alugou a casa há três meses para uma mulher através de imobiliária. Na ocasião, uma moradora da região foi fiadora e ninguém nunca mais foi visto.

Policiais vistoriando Fiat Palio e motocicleta encontrados na casa. (Foto: Henrique Kawaminami)
Policiais vistoriando Fiat Palio e motocicleta encontrados na casa. (Foto: Henrique Kawaminami)

“Ela chegou a dizer na imobiliária que tentou alugar no nome do marido dela, mas ele não tinha trabalho fixo, por isso faria o contrato no nome dela. Uma mulher aqui do bairro entrou como fiadora e mesmo a gente morando a duas quadras, nunca mais vimos ninguém”, falou a mulher.

A proprietária explicou ainda que o contato com os inquilinos sempre foi muito difícil e hoje, ao ligar para a mulher, ela afirmou não estar em Campo Grande e procuraria alguém para limpar a casa onde Yan foi morto.

“Estamos tentando resolver um problema na água e desde segunda estamos atrás deles. Ligamos no número que ficou na imobiliária, mas é difícil falar com ela. Hoje, atendeu e falamos da morte do rapaz. Não sabemos de nada, estão atrás da mulher para limpar a casa e ela disse que não estava em Campo Grande”, explicou a mulher.

Confronto - A PM informou que estava em diligências no bairro, no âmbito da Operação Saturação, no início da manhã, quando viu Yan em uma motocicleta Honda Twister, cor preta. Ao se aproximar, ele fugiu em alta velocidade e foi perseguido pelos policiais. No trajeto, passou a disparar contra a viatura com uma pistola 9 mm e depois de cinco quadras, entrou em uma casa, na Rua Camaçari com a Ayrton Sena. De lá, continuou a disparar, mas mudou a arma, dessa vez usou uma escopeta.

Os policiais reagiram e atingiram Yan quatro vezes. Ele foi socorrido pelos próprios militares e levado à UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do bairro, onde não resistiu e morreu. Na casa, a polícia encontrou porções de cocaína e maconha, colete a prova de balas, balaclava e armas. No trajeto da perseguição, também foram apreendidas cápsulas de pistola 9 mm.

Conforme o delegado João Cleber Dorneles, equipe da PM fazia rondas no início da manhã e receberam a informação de que um rapaz, responsável por alguns homicídios, estaria morando na região. Eles então viram Yan, com as mesmas características do suspeito, e decidiram fazer a abordagem.

“Eles ficaram de olho na moto preta e quando o rapaz passou por ele no veículo, tentaram abordar para saber se seria ele ou não, mas ele fugiu e aí começou o confronto. A perícia não achou nada durante as buscas e agora tudo será investigado, porque ele é suspeito de vários outros homicídios em várias regiões”, declarou o delegado.

A motocicleta Honda CB preta, em nome de um rapaz que seria morador do Bairro Guanandi, foi apreendida. E o Fiat Palio que estava na casa, com placas de Sapezal (MT), ficou com os proprietários da residência.

Munições, armas, colete e celulares apreendidos na casa onde Yan foi morto. (Foto: Henrique Kawaminami)
Munições, armas, colete e celulares apreendidos na casa onde Yan foi morto. (Foto: Henrique Kawaminami)

Homicídios - Segundo a Polícia Militar, Yan é de São Gonçalo, do Rio de Janeiro, e estava em Campo Grande para pistolagem. Vários assassinatos cometidos com muitos tiros, deforma bastante violenta.

Dentre os 10 homicídios recentes, está também o de Renan de Camargo Cândido, 23 anos, executado com 16 tiros, na noite do dia 4 de março deste ano, na esquina de casa. Ele também é apontado por envolvimento no homicídio de Victor Mergareno Benvindo, de 18 anos, a tiros de pistola 9 mm, na Rua Ranulfo Correa, esquina com a Luís Louzinha, na Vila Nhanhá.

O crime ocorreu também no dia 4 de março. Em ambos os casos, os atiradores estavam em uma motocicleta preta. Nesses dois casos, em comum ambos eram investigados com tráfico de drogas.

Outro assassinato seria do açougueiro Aurélio Francisco, o “Corumbá”, de 51 anos, no dia 27 de março, nas Moreninhas, mesmo mês das outras vítimas. O comerciante morreu com 12 tiros. Ainda, segundo a polícia, há crimes atribuídos a ele nos Bairros Nova Lima e Centenário.

Yan também responde por uma tentativa de homicídio em Cruzeiro do Sul, no Acre. E aparece como réu em um processo por furto, na cidade de Rio Branco, capital daquele estado.

No chão, foto mostra suspeito de pistolagem que foi morto hoje. (Foto: Henrique Kawaminami)
No chão, foto mostra suspeito de pistolagem que foi morto hoje. (Foto: Henrique Kawaminami)


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