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Capital

Em cadeiras de rodas, motorista acusado de racha assiste audiência

Réus em processo, Willian Abbade e Olliver Richerd, serão ouvidos no próximo dia 5 de setembro

Adriano Fernandes e Miriam Machado | 15/08/2022 21:50
Willian Goes Abbade deixando a sala de audiência. (Foto: Kísie Ainoã)
Willian Goes Abbade deixando a sala de audiência. (Foto: Kísie Ainoã)

Em cadeira de rodas por conta das sequelas de acidente que resultou na morte de uma jovem, de 26 anos, em abril na Avenida Júlio de Castilhos, Willian Goes Abbade, de 36 anos, acompanhou os depoimentos da audiência de instrução sobre o caso, ocorrida nesta segunda-feira (15) na 1ª Vara do Tribunal do Júri da Capital. Quem também participou da audiência foi o jovem Olliver Richerd Ferreira Siebra, de 19 anos.

Willian dirigia um Ford Ka e Olliver um Volkswagen Gol, durante um suposto racha na avenida que terminou em um grave acidente. Os dois serão ouvidos na próxima audiência sobre o caso, dia 5 de setembro às 15h assim como uma testemunha que não foi encontrada pra ser intimada.

Ocupante do Gol que era conduzido por Olliver e uma das tesmunhas ouvidas hoje, Carlos Henrique da Silva Mendes, negou que o jovem tenha apostado racha com o outro veículo. O carro, sequer teria como atingir altas velocidades devidos a problemas mecânicos, segundo a testemunha. Na madrugada do acidente, os dois retornavam para casa quando emparelharam com o Ka que era conduzido por Willian no início da avenida. Willian estava acompanhado de cinco pessoas, uma delas era Roberta da Costa Coelho, de 26 anos, que morreu depois que o veículo bateu em um poste. Segundo Carlos, Willian e os passageiros teriam lhes chamado para beber, mas a dupla não quis.

Olliver, condutor do Gol que supostamente teria envolvimento com o racha. (Foto: Kísie Ainoã)
Olliver, condutor do Gol que supostamente teria envolvimento com o racha. (Foto: Kísie Ainoã)

Quando o semáforo abriu, Olliver e Carlos deixaram o Ford Ka para trás, mas logo em seguida o veículo se aproximou em alta velocidade. O motorista do Gol teria dado passagem ao Ford Ka de Willian, que logo colidiu no poste. Ao ser questionado pelo juiz, se Olliver teria tentado chegar a velocidade do outro veículo, Carlos admitiu que a dupla estava acima da velocidade da via, porém, não estavam correndo muito. Para Carlos, o veículo Gol estava a 70 km/h enquanto o Ford Ka teria chegado 90 km/h "mais ou menos".

 "O carro (Gol) é velho, 1.0, antigo. Não tem possibilidade de chegar a velocidade de 100 Km/h. Não tivemos a iniciativa de correr. Não estávamos apostando racha", disse Carlos. Após o acidente, a dupla ainda teria feito o retorno na pista, mas não prestou socorro às vítimas. Isso porque, ainda conforme a testemunha, já haviam outras pessoas em volta do carro  socorrendo os ocupantes então eles decidiram ir embora pra casa.

Duas tias e a patroa de Willian também foram ouvidas hoje na audiência de instrução. Todas afirmaram que o rapaz sempre teve boa conduta, é um motorista "correto", "cuidadoso" inclusive em viagens. Antes do acidente, Willian teria sido promovido, justamente pela sua "responsabilidade" e "comprometimento" com o trabalho em uma clínica que atende crianças com transtornos mentais, na Capital.

Veículo Ka onde estava a jovem que morreu. (Foto: Kísie Ainoã)
Veículo Ka onde estava a jovem que morreu. (Foto: Kísie Ainoã)

Willian Goes foi denunciado pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul),  por homicídio com dolo eventual, quando se assume o risco de matar, também por tentativa de homicídio em relação às vítimas que ficaram feridas no acidente. Depois de receber alta da enfermaria da Santa Casa de Campo Grande, Willian chegou a ser encaminhado para o Instituto Penal, mas conseguiu direto à prisão domiciliar por conta do tratamento. Ele faz fisioterapia para recuperar o pleno movimento dos braços e pernas e deve passar por uma nova cirurgia nas próximas semanas.

Quem também foi ouvido hoje foi Itemar de Oliveira Siebra, pai do Olliver e dono do veículo Gol que o garoto conduzia no dia do acidente. O pai exaltou as qualidades do filho e negou que tivesse tentado encobertar qualquer tipo de envolvimento do garoto no acidente. Itemar reforçou a tese de que o carro não chegava a 100 km/h, devido à problemas mecânicos.

Roberta, jovem que morreu em acidente na Avenida Júlio de Castilhos. (Foto: Direto das Ruas) 
Roberta, jovem que morreu em acidente na Avenida Júlio de Castilhos. (Foto: Direto das Ruas)

Olliver não foi denunciado pelo homicídio. O Ministério Público o denunciou por infringir leis de trânsito como participar de racha, dirigir sob influência de álcool e sem CNH (Carteira Nacional de Habilitação), ambos do CTB (Código de Trânsito Brasileiro), além de concurso material (artigo 69 do Código Penal), ou seja, omissão. O MP entendeu que ele foi omisso ao deixar o local sem prestar socorro.

Acidente e morte - Consta na denúncia do MPMS, que Roberta foi até uma tabacaria acompanhada de um menino que estava se relacionando, local onde também encontrou um amigo. Depois de algum tempo, resolveram sair da tabacaria e encontraram Willian Abbade do lado de fora, que estava consumindo bebidas alcoólicas. Até então, não se conheciam. Willian então ofereceu carona. Eles entraram no Ford Ka, onde já havia três jovens. Willian seguiu rumo à casa de Roberta, quando no meio do caminho, na Júlio de Castilho, o veículo VW Gol, conduzido por Olliver, emparelhou com o Ka, iniciando uma suposta competição em alta velocidade entre os veículos, que terminou em grave acidente com morte e cinco feridos.

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