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Capital

Empresário de SP denuncia golpe de grupo que planejou shopping em Campo Grande

Empreendimento não saiu do papel, mas sócio cobra repasse de lucros de estacionamento

Aline dos Santos e Lucia Morel | 18/05/2023 09:10
Empresário relata que arrecadação dos lucros de estacioamento não é dividida com sócios. (Foto: Alex Machado)
Empresário relata que arrecadação dos lucros de estacioamento não é dividida com sócios. (Foto: Alex Machado)

Empresário de São Paulo move processo em Campo Grande contra grupo que construiria shopping na Capital de Mato Grosso do Sul. Na ação, que tramita na 9ª Vara Cível, a defesa de Roberto Samed aponta que além do empreendimento, no Centro, nunca ter saído do papel, ele está sendo vítima de golpe.

A ação é contra a Holding Estrela Participações e Empreendimentos Imobiliários Ltda, Shopping Center Cidade Morena S.A., nos nomes de Camille Ibrahim El Tawil, Rubens Salim Saad, Enir Lúcia Gomes Rodrigues, Fernando Saad e Gioconda Saad. O empreendimento, apesar do mesmo nome, não tem relação com o novo shopping que será construído nas Moreninhas.

De acordo com o processo, o centro comercial ficou apenas no projeto, mas a empresa SCCM (Shopping Center Cidade Morena) tem duas atividades em imóveis de sua propriedade: aluguel de prédio comercial para as Lojas Americanas e a exploração de um grande estacionamento, ao lado da Americanas, localizada na Rua Dom Aquino.

Contudo, não estaria repassando os rendimentos do estacionamento, que seria de R$ 80 mil por mês, para o sócio Roberto Samed. Ele era informado que se tratava de comodato para Camille Ibrahim El Tawil e que o estacionamento K-1000 tinha pouca rentabilidade.

“No entanto, recentemente, o autor tomou ciência de que tal área (onde era explorado o estacionamento) não teria sido objeto de comodato em favor do réu Camile Ibrahim – tratava-se, na verdade, de uma grande farsa, uma simulação arquitetada pela Famı́lia Saad para se apropriar indevidamente de todo o lucro mensal referente a exploração do estacionamento, que perfaz em torno de R$ 80.000,00 (oitenta mil reais). Ressalta-se que nenhum numerário (em percentual dos quotistas) é repassado pela Familia Saad aos mais de 10 (dez) sócios, também indiretamente proprietários da área”, informa o processo.

A ação ainda menciona que a empregada doméstica Enir Lúcia Gomes Rodrigues é usada como “laranja”.

“E como se não bastasse, foi possível obter até mesmo comprovante que demonstra depósito em dinheiro realizado pelo réu Camile na conta da funcionária doméstica e onipresente laranja do réu Rubens, a Sra. Enir Lucia Gomes Rodrigues”, detalha os autos.

 Apesar de somente um dos citados morar em Campo Grande, Camille Ibrahim El Tawil, e o restante, incluindo as empresas terem endereço em São Paulo , a ação foi ajuizada em MS por ser local da suposta fraude.

O pedido de Samed é para anular o contrato de comodato do estacionamento e interrupção do prazo de prescrição do seu direito de receber indenização dos valores arrecadados com o serviço. Ainda não houve decisão da Justiça.

O teor do processo é similar a pedido de busca e apreensão apresentado pelo empresário de São Paulo no ano passado. O pedido de produção antecipado de provas foi arquivado.

A família Saad era proprietária do Shopping 26 de Agosto, que abriu as portas em 2011, mas não vingou. Depois de acumular processos, o local foi posto à venda, acabou desapropriado pelo governo do Estado e atualmente é o endereço do Cijus (Centro Integrado de Justiça).

No ano de 2014, Rubens Saad, em entrevista ao Campo Grande News, disse que pretendia construir novo shopping, empreendimento de luxo na Avenida Calógeras, entre as Ruas Dom Aquino e Cândido Mariano.

Semi-âncora  – Em 2021, a Passaletti Modas Calçados e Confecções Ltda entrou com ação contra a Incorporadora Shopping Center Cidade Morena para rescisão de contrato e devolução de R$ 3 milhões. O contrato foi para que a loja do ramo de sapatos fosse “semi-âncora” de um novo shopping, com direito a benefícios. Mas o empreendimento não foi construído.

“A única conclusão que se chega em razão de toda a mentira ardilosa e vil que se descortinou aos olhos dos acionistas de ora em diante , é que os representantes legais das requeridas  pegaram os recursos captados dos acionistas do Shopping Center Cidade Morena para interesses pessoais. Inclusive, os recursos captados ao que tudo indica foram utilizados na construção do Shopping 26 de agosto, de propriedade exclusiva da família SAAD na época e que devido ao insucesso foi desapropriado, sendo hoje o atual Juizado Especial”, aponta a defesa da loja.

Nesta ação, a defesa da incorporadora pede a extinção do processo, com acolhimento pela Justiça da alegação de existência de convenção de arbitragem, conforme previsto em contrato.

A reportagem entrou em contato com a defesa da incorporadora, mas não obteve resposta até a publicação da matéria.

Homônimo – O Grupo ICH (Ícone Costa Hirota), responsável pelo projeto do Shopping Cidade Morena, nas Moreninhas, divulgou nota à imprensa esclarecendo não ter relação com a incorporadora denunciada.

“O Grupo ICH entendeu a necessidade de esclarecer que o nome de seu atual empreendimento, localizado na Zona Sul de Campo Grande, não tem relação com a Incorporadora SCCM, responsável pelo Shopping 26 de Agosto e o antigo projeto de mesmo nome, localizados no Centro. O Grupo ICH vem por meio de nota explicar que passa a ser detentora do nome Shopping Cidade Morena e que possui todos os registros legais. Sendo assim, o conteúdo divulgado não possui relação e nem vínculo com o atual projeto do Shopping Cidade Morena”.

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