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Capital

Epidemia de dengue é a pior da história, admite secretário de Saúde

Nyelder Rodrigues e Viviane Oliveira | 29/01/2013 22:33
Ivandro Fonseca, secretário de Saúde da Capital, participou de palestra na UFMS nesta terça (Foto: João Garrigó)
Ivandro Fonseca, secretário de Saúde da Capital, participou de palestra na UFMS nesta terça (Foto: João Garrigó)

Durante palestra nesta terça-feira (29) para o curso de Geografia da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), o secretário de Saúde de Campo Grande, Ivandro Fonseca, admitiu que a cidade passa pela maior epidemia de dengue de sua história.

O encontro entre o secretário e os acadêmicos aconteceu nesta noite de terça-feira (29), e teve como tema “O aumento expressivo de casos de dengue em Campo Grande”.

Segundo Ivandro, o cenário vivenciado atualmente não é dos melhores. “Estamos vivendo a maior epidemia de todos os tempos”, revelou o secretário de Saúde., acrescentando que 100 médicos foram contratados.

Ainda de acordo com ele, já foram notificados 15.104 casos na Capital, e cinco mortes em decorrência da doença estão em investigação. Duas delas são de pessoas de Campo Grande, e outras três do interior do Estado. Em 2012, foram 8.042 casos notificados, 15 deles confirmados como dengue hemorrágica. Foram registrados 3 mortes e 75 complicações por causa da dengue.

No decorrer da palestra, Ivandro comentou que são necessárias ações preventivas para que novas epidemias sejam evitadas. Ele também contou que em 15 de outubro de 2012 começou um estudo sobre o índice de mortalidade na Capital, que apontou que 30% destes eram decorrentes de problemas circulatórias e 18% relacionados à oncologia.

“Somem esses números e imagine o mosquito agindo sobre esses 48%. São pessoas mais suscetíveis à dengue e que a doença agrava a situação”, argumentou. Em Campo Grande, a primeira vítima a morrer em decorrência da dengue, Vanderleia de Souza Oliveira, tinha câncer.

Atendimentos e imóveis visitados – Conforme Ivandro, na primeira semana do ano, foram atendidos aproximadamente 300 casos em Campo Grande, enquanto outros cerca de 400 foram notificados na segunda semana de 2013. O número na terceira semana girou em torno de 500, e atualmente os atendimentos estão na marca do 1 mil por semana.

“Em 20 dias, foram 127 mil atendimentos em postos de saúde. As pessoas entre 20 e 59 são as mais expostas à doença, com 61% dos casos. Crianças menores de 1 ano, até agora, estão em 2% dos casos”, enumerou o secretário.

No relato de Ivandro aos acadêmicos, ele citou que 121.258 imóveis já foram visitados, e destes, 4.533 são casas que tinham foco do mosquito. Larvas do Aedes Aegypti foram encontradas, inclusive, em ralos de banheiro.

Os terrenos baldios, que são alvo de muitas reclamações, são 6,7% dos imóveis com foco do mosquito que transmite a doença. Mais de 15 mil quarteirões já foram borrifados pelos veículos de fumacê.

A palestra "O aumento expressivo de casos de dengue em Campo Grande” foi dada para acadêmicos de Geografia (Foto: João Garrigó)
A palestra "O aumento expressivo de casos de dengue em Campo Grande” foi dada para acadêmicos de Geografia (Foto: João Garrigó)

Porém, mesmo com a recente liminar da justiça que autorizou a entrada de agentes nos imóveis fechados, 2,5 mil imóveis ainda seguem trancados, impossibilitando o acesso dos agentes de saúde. “Nas casas que conseguimos entrar, encontramos até piscinas que estavam com água parada há 8 meses”, contou Ivandro.

Desafogo da rede hospitalar – Outro ponto ressaltado pelo secretário municipal de Saúde, Ivandro Fonseca, foi a rede municipal de saúde ter contido a maioria dos casos sem necessidade de internações na rede hospitalar.

“Conseguimos evitar 19 mil transferências para a rede hospitalar da Capital”, afirma o secretário, dizendo que somente 108 deles precisaram de transferência para hospitais.

Segundo Ivandro, 90% dos pacientes de baixa complexidade foram atendidos em UPAs (Unidades de Pronto Atendimento). O alto índice acontece, de acordo com o próprio secretário, porque as unidades básicas estavam fechadas.

“A saúde é direito de todos e dever do estado. Nós temos que conscientizar as pessoas que a dengue não escolhe raça, cor, nem partido político, religião e classe social.  Cada um tem que fazer a sua parte porque a dengue mata”, finalizou Ivandro.

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