Escolas fechadas têm pais desavisados e professores ameaçam com greve
Educadores querem pagamento em dezembro de reajuste salarial de 10,39% previsto em lei
Escolas da rede municipal não têm aulas nesta terça-feira (29), pois professores se reúnem em assembleia ao longo do dia para receber uma resposta da prefeita Adriane Lopes (Patriota) e decidirem se haverá greve nos próximos dias. Eles esperam pelo pagamento da parcela de reajuste salarial de 10,39% em dezembro, já previsto em lei, mas não chegaram a consenso com a prefeita na última sexta-feira (25), quando fizeram paralisação e chegaram a fechar o trânsito em frente à prefeitura.
A partir das 8h, os professores farão concentração na ACP (Sindicato Campo-Grandense dos Profissionais da Educação Pública) e panfletagem no Centro. Às 9h, o presidente do sindicato, Lucilio Nobre, irá à prefeitura buscar um documento com proposta da prefeita, que pode resultar em greve, pois a categoria não quer aceitar menos do que o que está previsto em lei.
Em nota, a ACP já adiantou que “o não cumprimento da lei, por parte da prefeitura, causará a greve dos professores, a partir de 1º de dezembro de 2022, conforme deliberado em assembleia do sindicato, no dia 25 de novembro”.
A rede tem 202 escolas, com 8 mil professores e 110 mil alunos. Na Escola Municipal Arlindo Lima, no Centro, não há movimento de alunos e nem de funcionários. Um bilhete no portão avisa que nesta terça-feira não haveria aula e na quarta-feira (30) também não somente aos alunos do 8º e 9º ano, pois a escola terá conselho de classe. A escola alerta aos pais que “fiquem atentos às informações na mídia", referindo-se à possibilidade de ser deflagrada greve.
No Tiradentes, a Escola Municipal Professora Oliva Enciso ainda tem no portão o bilhete referente à sexta-feira (25) passada na qual não houve aula. Alguns buscam renovação de matrícula.
A auxiliar financeiro Miriane Souza de Almeida, de 29 anos, apoia a paralisação dos professores pela reivindicação de seus direitos, mas reclama de não ter sido avisada com antecedência. Moradora do Bairro Rita Vieira, ela foi à escola hoje com a filha de 12 anos, que cursa o 7º ano do Ensino Fundamental.
“Não sabia que não teria aula. Não mandaram bilhete. Trouxe ela e agora vou levar embora novamente. Acho certo eles fazerem a paralisação, mas eles tem que avisar os pais para a gente não perder a viagem, porque fica contramão, ficar indo e voltando”, disse Miriane.
Moradora do Jardim Itatiaia, a confeiteira Neila Lima Campos, de 45 anos, também não sabia de nada e levou o filho de 12 anos, que está no 7º ano. Ela conta que não recebeu o informativo sobre a paralisação.
“Só tinha um bilhete falando que ontem não teria aula, por causa do conselho de classe, mas que hoje voltaria ao normal. Tanto que vim para fazer a confirmação da matrícula também que vai só até amanhã. É uma falta de respeito com os pais. Não tem problema paralisarem, mas deveriam avisar. Mais um dia sem aula, ainda mais no fim do ano é complicado”, reclama Neila.
Entenda a paralisação - Na semana passada, o secretário municipal de Educação, Lucas Bitencourt, anunciou que a prefeitura não poderia pagar reajuste de 10,39%, conforme previsto em uma tabela de aumento escalonado, e conforme aceito pelos professores após negociações e definido pela Lei Municipal 6.796/2022 para atender lei federal. Com o escalonamento, o reajuste total de 62,4% virá em outubro de 2024.
A lei sancionada pelo ex-prefeito Marquinhos Trad (PSD), em março de 2022, desobriga o ente municipal a cobrir a remuneração, caso isso represente extrapolar o limite da folha de pagamento.