Estudante que matou advogada mentiu sobre outro acidente, confirma polícia
A colisão aconteceu em janeiro do ano passado, na Avenida Tamandaré. Na data, o pai do suspeito assumiu a autoria do acidente
A Polícia Civil concluiu a investigação de um TCO (Termo Circunstanciado de Ocorrência) sobre o que seria a primeira evasão de um acidente do estudante de medicina João Pedro da Silva Miranda Jorge, de 23 anos. Além de causar a morte da advogada Carolina Albuquerque, de 24 anos, no dia 2 de novembro de 2017, ele também conduzia a caminhonete que se envolveu em um acidente em janeiro de 2017.
O TCO de evasão de um ano atrás foi registrado na 7 ª Delegacia de Polícia Civil de Campo Grande, em nome do pai do jovem. Conforme a delegada Christiane Grossi, além do pai do estudante, outras três testemunhas foram ouvidas. “As testemunhas foram ouvidas e, apesar de se tratar de um crime de menor potencial, o estudante foi apontado como o motorista da caminhonete e não o pai”, disse a delegada.
Na ocasião, o condutor de uma caminhonete Nissan Frontier, que seguia na Tamandaré sentido centro/bairro, invadiu o trevo de acesso a rotatória que liga as duas avenidas e atingiu um Fiat Uno, que esperava na Euler de Azevedo. O suspeito de causar a colisão fugiu, mas as vítimas conseguiram anotar a placa. Dias depois, o pai do estudante se apresentou na delegacia e assumiu o crime, alegando que fugiu após passar mal.
Agora o pai do estudante, João Carlos da Silva Jorge, vai responder por fraude processual e João Pedro por evasão do local de trânsito.
Segundo caso
O inquérito do segundo acidente, que resultou na morte de Carolina , está na 3ª delegacia de Polícia Civil sob comando do delegado Geraldo Marim Barbosa. Em novembro do ano passado, a perícia concluiu que João Pedro trafegava pela avenida Afonso Pena a cerca de 115 km/h e que a velocidade foi determinante na morte da advogada.
Baseado nas marcas de frenagem no chão, nos danos causados pela colisão nos dois veículos e outros vestígios encontrados na cena da morte de Carolina, a perícia chegou a velocidade que a caminhonete Nissan Frontier, conduzida por João Pedro.
A alta velocidade causou a morte de Carolina, segundo a perícia. Mas, os peritos concluíram que a “causa determinante” do acidente foi o fato da advogada ter desrespeitado a sinalização de trânsito. Ela transitava a cerca de 30 km/h.
A polícia segue investigando o caso e tenta comprovar informações de que o estudante estaria embriagado. Um relatório parcial enviado para a justiça detalha o trabalho desenvolvido pelos investigadores para localizar imagens, testemunhas e também a presença do motorista em bares da cidade.
Sete testemunhas do crime foram localizadas através de comentários sobre o acidente no Facebook. Foram nesses depoimentos que a polícia descobriu que João Pedro fugiu após a chegada do Corpo de Bombeiros. As testemunhas levantaram ainda a suspeita sobre a embriaguez do condutor.
Para comprovar o crime, os policiais foram a dois bares do centro de Campo Grande e pediram imagens do condomínio de um amigo de João Pedro, onde ele teria passado o dia ingerindo bebidas alcoólicas. Ainda não há informações sobre a conclusão e apreensão das imagens.
Entenda
O acidente aconteceu no cruzamento das avenidas Afonso Pena e Doutor Paulo Machado, por volta da meia noite e meia, do dia 2 de novembro de 2017. Carolina Albuquerque, de 24 anos, estava com o filho de 3 anos, quando o carro foi atingido pela caminhonete do estudante.
Segundo o boletim de ocorrência, o motorista, que fugiu do local após o acidente, estava em alta velocidade e testemunhas disseram que ele apresentava sinais de embriaguez.
Carolina morreu enquanto recebia atendimento médico. O filho da advogada, que estava no carro, quebrou a clavícula, mas foi atendido e recebeu alta na Santa Casa.
O suspeito se apresentou no dia 4 de novembro na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário), do Centro, acompanhado pelo advogado Benedito Figueiredo. Como já estava com mandado de prisão preventiva decretado pela Justiça, João foi detido e transferido para uma das celas da 3ª Delegacia de Polícia Civil. Após pagamento de fiança de R$ 50,5 mil, a Justiça expediu o alvará de soltura e também determinou o uso de tornozeleira eletrônica.