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Capital

Ex-comandante da PM e arquiteto são denunciados por extorsão e agiotagem

A ação de cobrança contra empresário foi monitorada em maio deste ano

Aline dos Santos | 23/12/2021 11:03
José Ivan de Almeida (à direita) usa tonozeleira eletrônica desde flagrante. (Foto: Marcos Maluf)
José Ivan de Almeida (à direita) usa tonozeleira eletrônica desde flagrante. (Foto: Marcos Maluf)

Alvos de flagrante em 26 de maio, o coronel aposentado José Ivan de Almeida (ex-comandante da Polícia Militar e ex-deputado estadual), o arquiteto Patrick Samuel Georges Issa e o ex-policial civil Reginaldo Freitas Rodrigues foram denunciado pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) na última segunda-feira (dia 20).

No documento, protocolado na 3ª Vara Criminal de Campo Grande pelo promotor Rogério Augusto Calábria de Araújo, coronel Ivan foi denunciado por usura (agiotagem) (cobrar juros superiores ao limite legal, com agravante de ser cometida por militar), extorsão (constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica) e posse irregular de arma de fogo de uso permitido.

A denúncia contra Patrick Samuel Georges Issa, sobrinho de Fahd Jamil (conhecido como Rei da Fronteira e em prisão domiciliar), também foi por usura, extorsão e posse irregular de arma. Reginaldo Freitas Rodrigues restou denunciado por usura e extorsão.

A promotoria aponta sete fatos para sustentar a denúncia, numa sequência que vai de 15 de junho de 2020 a 26 de maio de 2021. Primeiro, os três denunciados são acusados de cobrarem juros sobre juros de um empresário que emprestou R$ 80 mil de Patrick para investir em uma loja. A cobrança estava em R$ 350 mil. Apesar de o empresário já ter pago R$ 100 mil.

Na sequência, a cobrança também foi direcionada ao sócio do empresário, que chegou a pagar R$ 45 mil para ajudar o amigo. Porém, era cobrado em R$ 281 mil e foi coagido a assinar nota promissória, sob ameaça de não poder voltar a Ponta Porã, onde tinha negócios. Até dezembro de 2020, o sócio pagou mais R$ 150 mil com depósito em contas bancárias de terceiros. Porém, seguia sendo ameaçado de perder bens, como fazenda e caminhonete.

Depois, ele relata que se reuniu, em data incerta, com Patrick e José Ivan, que exigiram cessão de crédito ou procuração em nome da empresa. “De forma que foi negado pela vítima, de forma que Patrick e José Ivan a ameaçaram de morte, consistente em dizer ‘defunto também paga conta?’, caso esta procuração não fosse entregue até o dia seguinte”, informa a denúncia.

Em 21 de maio deste ano, o empresário foi procurado em casa, no Bairro Amambaí, em Campo Grande, pelo arquiteto, o coronel e o ex-policial. Ele se negou e foi alertado de que o trio retornaria na próxima semana. O empresário acionou o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), que monitorou a nova tentativa de extorsão, ocorrida em 26 de maio, de novo no imóvel do Bairro Amambaí.

“Na ocasião ora relatada, os denunciados Ivan e Reginaldo, diante da afirmação da vítima de que não possuía mais condições em realizar os pagamentos, ameaçaram-na dizendo que ‘tinha ido lá para pendurar a esposa e vítima”, detalha o documento.

Os dois ligaram por viva-voz para Patrick e foram presos em flagrante. O arquiteto acabou preso em seguida. No apartamento de José Ivan, foi apreendido um revólver calibre 38. Outro revólver calibre 38 foi localizado no escritório do arquiteto. Os três foram soltos. José Ivan e Reginaldo são monitorados com tornozeleira eletrônica.

O advogado Ronaldo Franco, que atua na defesa do coronel Ivan, afirma que a denúncia é improcedente. O Campo Grande News não conseguiu contato com as defesas de Patrick Samuel Georges Issa e Reginaldo Freitas Rodrigues

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