Ex-diretor do HU, Dorsa aparece para falar à CPI da Saúde na Câmara
Contra todas as previsões, o ex-diretor do Hospital Universitário, José Carlos Dorsa compareceu na tarde de hoje à convocação da CPI da Saúde, criada pela Câmara Municipal.
Neste momento, ele conversa com os vereadores Flávio César (presidente da Comissão), Waldecy Batista Nunes – o Chocolate, Ademar Vieira Júnior – o Coringa e Carla Stephanini. Há pouco a reunião foi aberta para que a imprensa acompanhe a oitiva.
O médico chegou ao lado do advogado. Ele é suspeito de beneficiar a rede particular de saúde e integrar a “Máfia do Câncer” em Campo Grande.
O grupo é acusado pelo desmonte da rede pública e monopólio do setor particular no tratamento do câncer. Outro protagonista do escândalo é o médico Adalberto Abrão Siufi, dono da clínica Neorad, ex-diretor-geral do Hospital do Câncer.
Hoje, a situação de Dorsa se agravou com aparecimento da família de Maria Domingues Lopes Dias, que morreu em 2012. Gravações indicam que erro médico provocou a morte e que Dorsa conseguiu manipular os relatórios sobre o óbito.
O esquema da Máfia da Saúde foi descoberto em investigação que culminou na operação Sangue Firo. Escutas telefônicas mostram negociatas e desleixo no atendimento aos pacientes com câncer.
No ano passado, a resistência do HU em aceitar recursos do governo federal e reativar o setor de radioterapia foi parar na Justiça. O plano previa investimento de R$ 505 milhões em 80 hospitais, cinco deles em Mato Grosso do Sul. No Estado, somente o HU e a Santa Casa de Campo Grande rejeitaram a oferta.
A recusa levou o Sintss (Sindicato dos Trabalhadores em Seguridade Social) a acionar o MPF (Ministério Público Federal). “E a batalha continua. Nem o HU nem o Hospital Regional estão se preparando para receber os equipamentos.
Tem um acelerador que é top de linha na radioterapia”, denuncia o presidente do sindicato, Alexandre Costa.
Auditoria realizada pela CGU (Controladoria-Geral da União) em 2012 verificou prejuízo de R$ 973 mil aos cofres públicos. De acordo com a chefe da controladoria em Mato Grosso do Sul, Janaína Faria, o valor foi obtido após levantamento em contratos do Hospital Universitário que somam R$ 11 milhões.
A análise trouxe à tona uma série de irregularidade: direcionamento de licitação, montagem de processos licitatórios, subcontratação de serviços para empresas ligadas a dirigentes do hospital, superfaturamento e emissão de empenho anterior à adesão em ata de registro de preços.