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Capital

Fama de "paraíso" faz militares enfrentarem fila pela Cidade Morena

Aliny Mary Dias | 17/08/2013 08:00
Fama de "paraíso" faz militares enfrentarem fila pela Cidade Morena

Entre os militares é unanimidade, Campo Grande é um dos destinos mais procurados por aqueles que querem ser transferidos ou pelos que precisam mudar de cidade para cumprir o ciclo natural da carreira militar. Existe até uma fila de espera de militares que querem se mudar para a Capital.

A história do major André Roland, 44 anos, com mais de 20 dedicados ao Exército Brasileiro, é semelhante a tantas outras de oficiais que hoje moram na capital sul-mato-grossense.

Natural do interior de São Paulo, Roland morou no Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e em Brasília. Como é de rotina da carreira militar, os oficiais têm um prazo de transferência de 2 a 3 anos e os sargentos se mudam de cidade a cada 3 ou 4 anos em média.

Quando chega a hora da mudança, geralmente o Exército oferece uma cartela de 10 cidades onde os militares podem optar e, segundo o major Roland, Campo Grande está entre as primeiras nos sonhos dos militares.

Muitos campo-grandenses, que têm o costume de reclamar do trânsito, da má administração pública e da saúde, podem até estranhar o pensamento dos não civis, mas a explicação do major é simples.

“Aqui temos uma qualidade de vida que falta em muitas cidades. O trânsito não é ruim em comparação a outras capitais e a beleza dessa cidade é muito grande. O custo de vida também é atrativo por ser baixo, essa cidade é um paraíso”, explica Roland.

Se somados todos militares das Forças Armadas que atuam em Campo Grande, o número chega a 3 mil. Desses, cerca de 25% a 30% são oficiais que em sua maioria são transferidos de outras cidades. Apesar de não haver números oficiais, o major afirma que existe uma fila de espera de militares que querem se mudar para Campo Grande.

Major Roland está na Capital há 4 anos e não quer sair da cidade (Foto: Marcos Ermínio)
Major Roland está na Capital há 4 anos e não quer sair da cidade (Foto: Marcos Ermínio)

O procedimento de transferência segue um padrão estabelecido pelo Exército, mas há suas exceções. Mesmo com o tempo fixado de 2 a 4 anos para transferência, alguns militares estão há 20 anos na mesma cidade e não querem ser transferidos.

Em algumas situações, como falta de militares, por exemplo, o departamento de pessoal da corporação é obrigado a exigir a transferência de algumas pessoas. “Já passamos por situação de militar estar há 20 anos em Campo Grande e ter que ir embora à revelia. Não é frequente, mas acontece”, explica.

Para Roland, a fama da Capital é repassada no famoso boca a boca entre os militares. Muitos daqueles que aqui chegam pela primeira vez se impressionam com as qualidades da cidade e não pensam em ir embora.

“Eu cheguei aqui há 4 anos e não vou sair. Com as mudanças, o militar acaba perdendo a identidade e o sotaque, por exemplo, mas aqui em reecontrei minha identidade. Se eu quiser, em 1 ano e meio posso ir para a reserva e, caso queiram me transferir, vou optar pela reserva para poder viver em Campo Grande para sempre”, declara o major.

Bons olhos – A receptividade dos campo-grandenses e a admiração que a maioria tem em relação à carreira militar é outro ponto exaltado pelos militares. O capitão Saulo Vila Nova se mudou para Campo Grande em 2004 e hoje é responsável pelo setor de comunicação do 3º Batalhão de Aviação do Exército, um dos mais admirados pela população.

Batalhão de aviação possui 12 aeronaves e foi inaugurado em 2009 em Campo Grande (Foto: Marcos Ermínio)
Batalhão de aviação possui 12 aeronaves e foi inaugurado em 2009 em Campo Grande (Foto: Marcos Ermínio)

Inaugurado na Capital em 2009, o Bavex teve o hangar concluído em janeiro do ano passado e hoje possui 400 militares e 12 aeronaves que auxiliam nas ações do Exército em todo o país.

O principal trabalho dos helicópteros Esquilo e Pantera são as ações desenvolvidas na fronteira com a Bolívia e Paraguai. Além de auxiliar o Exército, o esquadrão também está pronto para socorro de feridos militares e até a busca de civis que precisam de ajuda.

Capitão Vila Nova acredita que o campo-grandense admira o exército e isso é positivo para os militares (Foto: Marcos Ermínio)
Capitão Vila Nova acredita que o campo-grandense admira o exército e isso é positivo para os militares (Foto: Marcos Ermínio)

“Já passamos por situações de socorrer gente picada de cobra que estava em regiões afastadas do Pantanal. Nós sempre atuamos em cumprimento as ordens do Comando Militar do Oeste”, explica Vila Nova.

O tamanho e a pintura camuflada das aeronaves chamam a atenção dos moradores que observam os grandes helicópteros em operação. Uma alternativa adotada esse ano pelo batalhão para aproximar ainda mais a população do Exército foi a exposição das aeronaves no evento “Portões abertos da Base Aérea”.

“O resultado foi tão positivo que já pensamos em repetir a ação no ano que vem. É muito saudável porque aproxima a sociedade do Exército”, explica o capitão.

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