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Capital

Filho de Francielli disse aos socorristas que mãe tinha morrido de mal súbito

No corpo da vítima, segundo o delegado, havia lesões incompatíveis com uma morte natural

Viviane Oliveira | 28/01/2022 11:21
Francielli com Adailton em fotos postadas em redes sociais. (Foto: Reprodução/Facebook)
Francielli com Adailton em fotos postadas em redes sociais. (Foto: Reprodução/Facebook)

O filho de Francielli Guimarães Alcântara, de 36 anos, que morreu depois de passar os últimos 27 dias sendo torturada pelo marido, Adailton Freixeira da Silva, de 46 anos, disse aos socorristas do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) que a mãe havia morrido de mal súbito.

Segundo a polícia, o jovem – de 17 anos – também era mantido prisioneiro dentro da residência. Francielli morreu na madrugada de quarta-feira (26), na Rua Cachoeira do Campo, no Bairro Portal Caiobá, em Campo Grande, na casa onde vivia com Adailton e dois filhos, o adolescente e um bebê de 1 ano e 8 meses.

Indagado sobre o porquê não ter acionado imediatamente a perícia da Polícia Civil ao encontrar Francielli morta, o Samu informou por meio de nota que, ao chegar no local, uma pessoa presente, filho da vítima, relatou que a mulher havia sofrido um mal súbito.

“Como não havia sinais aparentes de sangramento, perfuração ou qualquer outra causa externa, os socorristas procederam com o protocolo e encaminharam o corpo para o SVO (Serviço de Verificação de Óbito), a quem cabe proceder com a verificação da causa da morte, fazer a análise corporal e da arcada dentária”.

Ainda segundo o Samu, em casos que condições de violência externa são constatadas, a perícia é automaticamente acionada e o corpo encaminhado para o Imol (Instituto Médico Odontológico Legal). "Cabe esclarecer ainda que os profissionais do Samu não obtiveram informações no local sobre o histórico de agressões".

Conforme o delegado Camilo Kettenhuber, inicialmente, o caso chegou à 6º DP como morte natural, mas após a polícia manter contato com o médico do SVO, foi informada de que havia lesões na vítima incompatíveis com uma morte natural e o corpo foi levado ao Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal).

Casa no Portal Caiobá, onde a vítima vivia com o marido. (Foto: Marcos Maluf) 
Casa no Portal Caiobá, onde a vítima vivia com o marido. (Foto: Marcos Maluf)

“O médico legista relatou que havia várias lesões, sugerindo então para uma morte com requintes de crueldade. Havia lesões nas nádegas, que já não possuíam pele, perfurações por todo o corpo, dentes quebrados, cabelos cortados e lesões na cabeça”, disse o delegado.

Na sequência, ao ser ouvida, a família confirmou que a mulher havia sido morta pelo marido. O caso foi encaminhado à Deam (Delegacia de Atendimento à Mulher), onde continua sob investigação. Após a mulher morrer, Adailton fugiu e ainda não foi localizado.

Segundo a perícia médica, as nádegas de Francielli não tinham pele devido às queimaduras dos choques que ela recebia do marido. "Ela usava bandagens nas feridas, encontramos e apreendemos esses curativos", explicou Camilo.

"Acho que sua mãe morreu", foi o que ele disse para o próprio filho, de acordo com o delegado. Depois da frase e de ser questionado pelo adolescente sobre o que ele tinha feito, o homem pegou o capacete e foi embora. O adolescente chegou a tentar reanimar a mãe, mas ela já estava morta e o jovem chamou o Samu.

De acordo com as investigações, uma traição por parte de Francielli foi o que motivou todas as torturas. Ela teria confessado para o marido que havia traído ele e que o bebê seria filho do ex-amante.

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