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Capital

Há 36 anos, PM fuzilado também foi investigado por assaltos e mortes

Policial militar Ilson Martins de Figueiredo, de 62 anos, foi assassinado com tiros de fuzil na manhã desta segunda-feira

Anahi Zurutuza | 11/06/2018 15:40
Matéria em jornal impresso sobre a prisão dos quatro PMs (Foto: Reprodução)
Matéria em jornal impresso sobre a prisão dos quatro PMs (Foto: Reprodução)

O policial militar Ilson Martins de Figueiredo, de 62 anos, que foi fuzilado nesta segunda-feira (11), chegou a ser preso em 1982 por suposto envolvimento em dois assaltos e assassinatos em Campo Grande.

O 1º sargento, que há 36 anos era cabo, nunca foi acusado formalmente, julgado e condenado pelos crimes, mas chegou a ter a expulsão anunciada pelo comandante da PMMS (Polícia Militar de Mato Grosso do Sul), à época o coronel José Maria de Paula Pardo.

O relato da “humilhação e execração pública”, como classifica a defesa de Ilson em processo judicial, consta no pedido de indenização feito pelo sargento à Justiça.

O PM ingressou com a ação contra o Estado em 2017 pedindo reparação por danos morais de não menos que R$ 190 mil porque em 2015, a informação de que o PM havia sido preso por latrocínio foi incluída no sistema Sigo – de registros policiais – fazendo com que a situação de 36 anos atrás, já esclarecida, voltasse a causar constrangimento.

Matéria sobre a prisão de outro homem, que livrou policiais da cadeia (Foto: Reprodução)
Matéria sobre a prisão de outro homem, que livrou policiais da cadeia (Foto: Reprodução)
Notícia sobre a soltura dos militares suspeitos de assaltos (Foto: Reprodução)
Notícia sobre a soltura dos militares suspeitos de assaltos (Foto: Reprodução)

PMs presos – Em 1982, a prisão de Ilson e outros três colegas de farda foi amplamente noticiadas pela imprensa local.

O próprio comandante da PM da época deu entrevista coletiva revelando a suposta participação dos quatro policiais em um assalto a uma lotérica e a um posto de combustíveis. A investigação atribuía ainda dois assassinatos ao quarteto.

“Dois cabos e dois soldados da Polícia Militar são os autores dos assaltos a mão armada ao Posto Imbirussu, de onde levaram Cr$ 30 mil [30 mil cruzeiros], Casa Lotérica localizada na rua 14 de julho, proximidades do prédio do Comando de Policiamento da Capital, levando a quantia de Cr$ 300 mil [300 mil cruzeiros]”, dizia a matéria do Diário da Serra, jornal impresso da época.

“Quatro policiais militares são os executores de dois assassinatos praticados na Capital em menos de uma semana. A informação foi liberada ontem em entrevista coletiva pelo coronel José Maria de Paula Pardo, comandante da corporação, identificando os elementos como Leonildo Pereira da Silva, soldado corneteiro do Comando Geral; Edson José Fernandes, também soldado, mas pertencente à Companhia Radio Patrulha, e os Cabos Wilson (sic) Martins de Figueiredo e Fernando Pachal. Eles estão sendo excluídos da instituição hoje e entregues à Delegacia Especializada de Roubos e Furtos”, continua a matéria.

No pedido de indenização, por meio da defesa, o sargento relata que chegou a ser torturado para que confessasse os crimes, até que dias depois, a Polícia Civil prendeu outro homem pelos crimes.

Cena da execução do sargento Ilson Martins de Figueiredo (Foto: Saul Schramm)
Cena da execução do sargento Ilson Martins de Figueiredo (Foto: Saul Schramm)

Crime - Ilson Martins de Figueiredo foi assassinado com tiros de fuzil AK-47 nesta manhã, na avenida Guaicurus, em Campo Grande. Ele era o chefe da segurança da Assembleia Legislativa.

O sargento conduzia um Kia Sportage, de cor branca, que foi atingido por pelo menos 35 tiros de fuzil AK 47 e carabina 556 – se contadas as marcas na porta do veículo.

A vítima seguia sentido bairro, quando foi interceptada pelos atiradores. Ele perdeu o controle da direção e derrubou o muro de um comércio. Ilson morreu na hora.

Segundo o delegado Hoffman D'ávilla, plantonista da Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) da Vila Piratininga, no asfalto, foram localizados 18 projéteis das duas armas utilizadas na execução, além de um carregador de calibre 556 e um extensor de coronha (equipamento para diminuir o impacto do fuzil).

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