Justiça derruba direito de Adalberto Siufi voltar ao Hospital do Câncer
O médico Adalberto Siufi foi novamente afastado do Hospital do Câncer de Campo Grande. A decisão é do juiz Geraldo de Almeida Santiago, em substituição na 4ª Vara Cível, que também extinguiu o processo sem julgamento do mérito.
O oncologista foi afastado do corpo clínico do hospital por determinação do Conselho Curador no início de maio, dois meses após ter deixado a direção da unidade de saúde. Ambas saídas foram por denúncias de irregularidades.
Adalberto recorreu à Justiça para voltar a atuar como médico no hospital, alegando que o afastamento foi irregular,porque afrontava o ordenamento jurídico e o regimento interno da Fundação Carmem Prudente, mantenedora do hospital, e regimento do próprio HC.
A defesa dele disse que Adalberto Siufi foi afastado em reunião extraordinária no dia 7 de maio, o que contraria o regimento, que aponta que qualquer membro do corpo clínico suspeito de infração tem de passar por sindicância de 30 dias antes de qualquer medida.
O médico conseguiu liminar e voltaria a trabalhar nesta quarta-feira. No entanto, o hospital apresentou documentos que mostram que não houve irregularidades no afastamento e o juiz Geraldo de Almeida revogou a medida e extinguiu o processo.
Irregularidades - Em março, o MPE (Ministério Público Estadual) levou à Justiça informações sobre suspeitas de irregularidades no local e pedir afastamento da direção que era composta por Adalberto Abrão Siufi (diretor-geral), Blener Zan (diretor-presidente) e Wagner Miranda (diretor-financeiro).
O Conselho Curador afastou provisoriamente a direção, depois a Justiça também deu a mesma determinação e mandou fazer assembleia para eleição dos novos nomes.
A nova direção é composta por Carlos Coimbra como diretor-presidente. Jeferson Baggio Cavalcante é diretor-geral e Sueli Nogueira Telles a diretora-financeira. A nova diretoria fica até 2015.
O MPF (Ministério Público Federal) e a PF (Polícia Federal) também apuram irregularidades no hospital. Policiais cumpriram mandadas de busca no local, na casa de Adalberto e na clínica Neorad, que pertence ao médico.
Conforme a denúncias, Siufi fez manobra para manter contrato com a empresa Neorad, do qual é proprietário, e rendia, em média, R$ 3,1 milhões por ano. Pressionado pelo Conselho Curador, o contrato com a Saffar & Siufi Ltda (nome oficial da Neorad), que perdurava desde 2004, foi rescindido em agosto do ano passado.
Contudo, em março deste ano, sete meses depois, o Ministério Público recebeu a informação de que a sucessora no contrato foi a Siufi & Saffar Ltda. Apesar dos nomes invertidos, as empresas tem o mesmo quadro societário. O detalhe é que o contrato previa o pagamento do valor estipulado pelo SUS (Sistema Único de Saúde), mais acréscimo de 70%.
Uma força-tarefa, composta por técnicos do Ministério da Saúde, Governo do Estado e Prefeitura de Campo Grande está analisando a situação do hospital. Um dos pontos é a administração de medicamentos aos pacientes internados. Adalberto Siufi foi afastado também da área médica do hospital.
Finanças - Relatório apresentado pela direção mostra que entre os dias 21 de março e 30 de abril as despesas chegaram a R$ 2.029.838,93, enquanto as receitas foram de R$ 1.467.816,30. Só não houve prejuízo porque havia em conta R$ 665.224,15 e o saldo ficou em R$ 103.201,30.