Lagoa agoniza enquanto poder público fica no jogo de empurra
Cartão postal de Campo Grande e cenário certo para fotos do pôr do sol, o lago do Parque das Nações Indígenas agoniza enquanto espera solução do poder público. O assoreamento cria espécies de “ilhas” em meio à água e permite, por exemplo, que crianças passem por cima das faixas de areia.
Além da beleza, o prejuízo para a natureza também deve ser levado em consideração, segundo a secretária Dulce Costa, 43 anos, que na tarde de quinta-feira (dia 21) caminhava com o filho pequeno.
Ela relata que um casal de pernambucanos, que conheceu durante a caminhada, adorou o Parque, mas não deixou de reparar nas faixas de areia. Não tinha [antes] prainha, agora tem. Atrapalha muito. É a natureza. Futuramente não terão nem mais animais”.
Para o publicitário de 33 anos, que preferiu não se identificar, no mínimo, a cena vista em meio à água é um “marketing negativo”, já que o local é um dos pontos turísticos de Campo Grande e, exatamente próximo à ponte principal, é onde as pessoas costumam parar e registrar o famoso por do sol da cidade.
Até mesmo quem vem de longe para Capital, pelo menos uma vez por ano, repara a diferença ao bater o olhar no lago. Maria Carlonita, 59 anos, é de São José dos Campos, em São Paulo, e veio visitar a mãe que vive aqui. “É uma pena. Está bem diferente. Há dois anos, estava bem cheio”.
Quem vai resolver? - Da parte de quem deve resolver a situação, um jogo de ‘empurra’ adia cada vez mais a solução.
Segundo o gerente de Unidades de Conservação do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), Leonardo Tostes Palma, a informação recente obtida com a Prefeitura de Campo Grande, é de que está sendo revisto o projeto de reparo no Córrego Reveilleau, próximo ao Parque dos Poderes, que desemboca na lagoa.
“O município ia fazer o lago e a obra foi motivo de duas autuações do Imasul, uma para a Prefeitura e outra para a empresa contratada, porque não executaram a obra prevista no processo de licenciamento”.
O motivo para o cancelamento do projeto, segundo o Imasul, é que o município entende que, como está tudo canalizado, areia e possíveis sedimentos não vão mais descer para o Parque das Nações Indígenas, ou seja, um problema que estaria resolvido.
“Mas enquanto não for feita qualquer intervenção naquela região, vai continuar descendo areia, porque a água está cavando tudo. Toda areia da erosão está entrando, com muito mais força agora. Estamos em período de chuva e a tendência é acontecer todos os anos”.
Questionada sobre a obra localizada no encontro das avenidas Mato Grosso e Hiroshima, a Prefeitura de Campo Grande se limitou a dizer que "está desenvolvendo um projeto alternativo à bacia de contenção", sem detalhar o projeto nem apresentar um prazo para conclusão.
No início do mês o Campo Grande News esteve no local e verificou a degradação do córrego Revéillon.