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Capital

Mães pedem nova chance para bebê de 1 ano "condenada à morte"

Mães de crianças com cardiopatia fizeram ato em frente à Santa Casa onde menina está sob cuidados paliativos

Por Maristela Brunetto e Antonio Bispo | 04/09/2024 10:13

Mães de crianças com cardiopatia fizeram pedido esta manhã em frente à Santa Casa (Fotos: Henrique Kawaminami)
Mães de crianças com cardiopatia fizeram pedido esta manhã em frente à Santa Casa (Fotos: Henrique Kawaminami)

Uma dor que o Campo Grande News vem acompanhando há meses, a busca de cirurgias e tratamento para crianças com cardiopatia no Estado, teve nova cena dramática nesta manhã (4). Um grupo de mães se reuniu em frente à Santa Casa da Capital pedindo “nova chance” à Lavínia, bebê de um ano que passou por cirurgia cardíaca, contraiu infecção e foi colocada sob cuidados paliativos, sem manutenção em UTI.

Ela é mantida no pronto socorro, com traqueostomia e, segundo as mães, sofreu duas paradas cardíacas, mas segue em luta pela vida. O drama da falta de vagas para cirurgias ficou evidente no ano passado. A reportagem acompanhou pelo menos dois casos de mortes de bebês. Um dos episódios levou à morte de Caleb, filho da enfermeira Gabrielle Montalvão, que transformou a perda em ativismo. Ela encabeçou a criação do instituto Um Só Coração, que reúne cerca de 70 mães, que levaram a situação ao Ministério Público. A promotoria do caso cobra um plano da Santa Casa, que é credenciada pelo SUS como serviço referência, e da Prefeitura de Campo Grande.

A mãe da bebê, Kessilen Sandy, vivencia o drama aos 26 anos.  Ela relatou espera de 9 meses pela cirurgia, com um vai e volta de internações. A atual, que levou à cirurgia, dura quatro meses. Ela contou que houve marcações e desmarcações, não tendo sido enquadrada como emergencial. Nos autos do inquérito do Ministério Público, informação do primeiro semestre revelava fila de espera de cerca de 80 crianças, desde bebês com seis meses.

Kessilen e a imagem da bebê no celular: sofrimento e esperança pela recuperação da filha
Kessilen e a imagem da bebê no celular: sofrimento e esperança pela recuperação da filha

Para a mãe, os adiamentos acabaram por levar ao agravamento do quadro da bebê. Ela tem outras duas crianças, mas sua rotina ficou direcionada à mais nova. “Meus filhos ficam em casa e eu aqui com ela, não trabalho.” Kessilen considera que a gravidade do caso deveria ser enfrentada com a permanência da filha em leito de UTI, com acesso a mais cuidados especializados. Ela foi informada que Lavínia poderia morrer a qualquer momento. “Foi só que isso que falaram”.

Uma chance- Gabrielle defende que a criança “merece uma chance” para seguir lutando. Ela argumenta que ela resistiu às duas paradas. “Crianças como ela têm um poder grande de recuperação. Não é igual adulto.”

Segundo revelou à reportagem, para a classificação como paliativo deveria haver o esclarecimento e concordância da família, o que não foi suficientemente explicado. A enfermeira informou que a Ouvidoria do hospital foi acionada.

Ela lamenta não haver canal de diálogo das mães de crianças cardiopatas com a direção do hospital. Nos documentos que constam no inquérito civil há a informação de que se houvesse ampliação de leitos de UTI, a fila de cirurgias poderia andar mais rápido, porque teria o ambiente necessário para o pós operatório.

O hospital tem quatro leitos destinados ao SUS e dois particulares, que por vezes também acabam sendo utilizados pela saúde pública. Se houvesse ampliação de leitos, poderiam ser realizadas de três a quatro cirurgias eletivas por semana. Segundo repassado ao MP, em julho foi possível realizar 12 cirurgias. Por ano, o setor realiza cerca de 160 cirurgias pediátricas.

A reportagem acionou a direção do hospital logo cedo, mas não obteve informações sobre o fato. Havendo manifestação, ela será incluída.

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