Médicos confirmam greve, alegando proposta indecorosa da prefeitura
Setor jurídico da categoria já foi mobilizado e paralisação deve começar 72 horas após comunicado oficial.
Além de rejeitar integralmente os valores de reajuste salarial apresentados pela prefeitura de Campo Grande, os médicos que trabalham no setor público classificaram a proposta como indecorosa, absurda, fizeram várias críticas e confimaram greve por tempo indeterminado.
Os motivos da recusa da categoria foram apresentados durante coletiva de imprensa na tarde desta terça-feira (20), na sede do Sinmed (Sindicato dos Médicos de Campo Grande). A proposta da prefeitura foi de 6% de reajuste no plantão e 30% na gratificação por desempenho.
A alternativa do executivo municipal, foi negada pelos profissionais da saúde, após ser amplamente debatida em assembleia na noite desta segunda-feira (19). “O setor jurídico da categoria já esta se articulando para notificar todos os órgãos competentes a respeito da greve, com 72 horas de antecedência, como exige a lei”, disse Flávio Freitas Barbosa, presidente do Sinmed.
A última proposta feita pela classe à prefeitura - e que foi recusada -, de acordo com os profissionais, proporcionaria uma economia de R$ 3,8 milhões aos cofres públicos, baseada no corte de gratificações aos médicos. “A prefeitura fala em eliminar os penduricalhos, mas só apresenta proposta de reajuste baseada neles”, reclama o dirigente.
Na ponta do lápis - A discussão sobre o reajuste salarial já dura quase 2 meses. Inicialmente, os médicos solicitaram aumento de 27,5%, alegando que isso corresponde à correção da inflação dos últimos 3 anos.
No detalhamento dessa proposta, apresentado na coletiva de hoje, a categoria considerou a inflação de 22,94% de 1º de maio de 2014 a 29 de fevereiro deste ano, mais a inflação prevista para 2017, que é 4,15%.
Como os números não foram aceitos pelo executivo, os médicos utilizaram uma nova estratégia: recalcular os valores tendo como base informações dos gastos mensais da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) com as gratificações. O balanço, segundo o Sinmed, foi repassado por Pedro Pedrossian Filho, que está à frente da Seplanfic (Secretaria Municipal de Planejamento, Finanças e Controle).
Na "ponta do lápis", o balanço revelou que, somente com adicional de responsabilidade técnica, a despesa mensal do município é de R$ 474. 290, 28 mil. Com plantões eventuais, o custo chega a R$ 495.287,72. Outros benefícios, como desempenho, por exemplo, somam R$ 708.924, 45. Um montante que, no total, atinge a marca de R$ 1.798.561 milhão.
A conta foi além. Divindindo esse valor por 920, que é a quantidade de médicos que trabalham atualmente pela prefeitura, obtém-se R$ 1.954, 95 como valor médio por profissional pago a título de gratificação. Somando esse total com o atual salário base da categoria, que é de R$ 2.516, chegaram a uma conta de R$ 4.470 - que seria o reajuste ideal para os médicos, segundo o levantamento.
A proposta apresentada à prefeitura, entretanto, teve um "desconto". Foi solicitado reajuste de R$ 4.137 e eliminação de todas essas gratificações, o que representaria uma economia de R$ 3.801.570 milhões, conforme os cálculos do sindicato, caso a prefeitura concordasse com a proposta.