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Capital

Motoentregadores de aplicativo protestam contra taxas defasadas e restrições

Categoria relata que taxa mínima não é reajustada há quase 1 ano e sistema que cria jornada fixa

Adriel Mattos e Mirian Machado | 20/02/2022 10:59
Trabalhadores se concentraram nos Altos da Avenida Afonso Pena, em frente ao Aquário do Pantanal. (Foto: Marcos Maluf)
Trabalhadores se concentraram nos Altos da Avenida Afonso Pena, em frente ao Aquário do Pantanal. (Foto: Marcos Maluf)

Entregadores de refeições por aplicativo protestam na manhã deste domingo (20) contra o aplicativo iFood. A categoria convocou os trabalhadores para a paralisação e motociata, o que deve afetar a espera por pedidos.

Os trabalhadores têm três reivindicações. A principal delas é a taxa mínima, de R$ 5,31, que não é reajustada há quase um ano. “Às vezes a gente roda oito quilômetros e recebe esse valor”, lamenta José Antônio de Oliveira Junior, mais conhecido como Juneko Barão, um dos organizadores.

Fábio reclama das altas despesas com moto (Foto: Marcos Maluf)
Fábio reclama das altas despesas com moto (Foto: Marcos Maluf)

A expectativa é que a taxa chegue aos R$ 6,50. Outra reclamação é quanto a multiplicidade de pedidos. Ou seja, quando o entregador coleta dois pacotes, recebe apenas por um.

Fábio Lins, de 38 anos, perdeu o emprego durante a pandemia de covid-19 e diz que consegue uma boa quantia durante o mês pelo aplicativo, mas vê boa parte ser consumido pelas despesas com a motocicleta.

“Tenho que trocar óleo uma vez por semana, abastecer dia sim, dia não R$ 60. Uma empresa que lucra R$ 370 milhões por ano não pode nos deixar à mercê”, disse o trabalhador, citando a estimativa de faturamento da empresa.

Apesar de ajudar na renda, Lins lembra ainda que o valor que sobra não é suficiente para sustentar a família. “Pago aluguel, tenho esposa e uma criança pequena. E a gente não vê melhoria”, lamenta.

José Paulo Teixeira, 49, opera pelo iFood há sete anos. “É uma luta de longa data. O último aumento foi de R$ 0,31”, comentou.

Grupo se concentra na avenida Afonso Pena para o protesto esta manhã (Foto: Marcos Maluf)
Grupo se concentra na avenida Afonso Pena para o protesto esta manhã (Foto: Marcos Maluf)

Além disso, os trabalhadores rejeitam a implantação da função de agendamento. A ferramenta delimita o horário de atividades, vinculando-os à uma jornada fixa. Hoje, eles podem trabalhar pelo período que preferirem.

Os entregadores se concentraram nos Altos da Avenida Afonso Pena e vão percorrer a Rua Paulo Coelho Machado, as avenidas Mato Grosso e Calógeras e voltar ao ponto inicial.

O Campo Grande News acionou o iFood, que afirmou em nota que "respeita o direito de manifestação". A empresa disse ainda que "mantém o compromisso de diálogo aberto com os entregadores para buscar melhorias e oportunidades para os profissionais como também para todo o ecossistema. Vale destacar que algumas medidas já adotadas também partiram dessa construção de diálogo com a categoria."

Ainda na nota, o iFood também afirma que "promoveu mudanças na comunicação sobre a sinalização de causas de restrição, ativação e desativação da plataforma. Vale destacar ainda os reajustes da taxa mínima e quilômetro percorrido em 2021, a criação de código de validação da entrega, seguros contra acidentes pessoais, lesão temporária, invalidez permanente e morte acidental no valor de até R$100 mil para os entregadores durante o período em que estiverem fazendo uma entrega com a plataforma e também no retorno para casa."

O comunicado finaliza dizendo que a empresa também criou "um fundo temporário de combustível de R$ 8 milhões para minimizar o impacto da alta no combustível no dia a dia desses profissionais."


*Matéria editada às 13h04 para inserção de informações.

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