MPE confirma morte por motivo fútil e quer quebrar sigilo telefônico de PRF
Promotor denunciou Ricardo Hyun Su Moon, o 'Coreia', por homicídio doloso
Em denúncia apresentada na manhã desta segunda-feira (23), o promotor Eduardo José Rizkallah afirma que o policial Ricardo Hyun Su Monn, 47 anos, matou por motivo fútil e ainda dificultou a defesa de Adriano Correia do Nascimento, 33 anos, no dia 31 de dezembro de 2016.
Na denúncia, o promotor também responsabiliza o PRF pela tentativa de homicídio contra o adolescente de 17 anos, ferido com dois tiros, e do amigo de Adriano, Agnaldo Espinosa, 48 anos, que teve o braço fraturado no dia do crime. Rizkallah ainda pede a quebra de sigilo telefônico do policial que, segundo a denúncia, teria mantido contato com terceiros durante e depois da ocorrência.
“Destaca-se que o autor do fatos, Ricardo, em atitude desarrazoada e excessiva, posicionou seu carro em frente da camionete em que as vítimas se encontravam, apossou-se de sua arma de fogo, desceu de seu veículo e, posteriormente, efetuou disparos contra as vítimas, com o intuito de matá-las. Tais condutas denotam avantajada desproporção entre a motivação e os crimes praticados”, considerou o acusador.
Ainda na denúncia, o promotor de Justiça solicitou a quebra do sigilo telefônico do acusado, pois consta no inquérito que o PRF manteve contato através de diversas ligações telefônicas durante a ocorrência e depois dos fatos, o que pode ter colaborado para que ele cometesse fraude processual e falso testemunho, com o objetivo de induzir o juízo ao erro.
Crime - Ricardo Hyun Su Moon conduzia sua Mitsubishi Pajero prata naquela manhã em sentido à rodoviária, onde embarcaria para Corumbá (a 419km de Campo Grande), seu posto de trabalho na PRF. Após uma suposta briga de trânsito, ele atirou sete vezes contra a Hilux branca do empresário.
Nascimento, dono de dois restaurantes japoneses na cidade, morreu na hora, perdeu o controle do veículo e bateu em um poste. Um jovem de 17 anos que o acompanha foi baleado nas pernas. Outro acompanhante no veículo, um supervisor comercial, de 48, quebrou o braço esquerdo e sofreu escoriações com a batida. Ambos foram socorridos conscientes.
O policial ficou no local do crime e chegou até a discutir com uma das vítimas, mas não foi preso na ocasião, mesmo havendo policiais militares no local. Posteriormente, ele acabou sendo indiciado em flagrante ao comparecer na delegacia com um advogado e representante da PRF. Acabou solto dias depois.
Em seu depoimento, Moon disse que agiu em legítima defesa. Afirmou que as vítimas não o obedeceram mesmo após ele se identificar como policial, que tentaram lhe atropelar ao fugir dele e que viu um objeto escuro que poderia ser uma arma na mão de uma das vítimas.
Moon permanecerá na carceragem na sede do Garras (Delegacia Especializada e Repressão a Roubos a Bancos, Assaltos e Sequestros), onde está preso desde o último dia 5, quando a Justiça voltou a trás de sua própria decisão inicial de conceder liberdade provisória ao acusado no dia ocorrido e acatou o pedido de prisão preventiva feito pelo MPE. Se a denúncia for aceita pelo juiz, o policial vai ser julgado pelo Tribunal do Júri.