Na prisão por morte de filha, mãe diz que poderia ter denunciado marido antes
No braço, tatuagem mostra mulher acalentando criança, embaixo da figura está o nome da filha
Mãe da menina de dois anos que morreu vítima de violência há um mês em Campo Grande, Stephanie de Jesus da Silva, 24 anos, falou ao Jornal Folha de São Paulo. Na entrevista, divulgada na sexta-feira (dia 24), ela disse que poderia ter denunciado o marido Christian Campoçano Leitheim, 25 anos, mas teve medo. “Eu poderia ter denunciado antes”, afirmou.
Stephanie e Christian, que era padrasto da criança morta, foram presos em 27 de janeiro. Na entrevista, repetiu o teor do depoimento dado à polícia no mês passado. Já o padrasto não quis dar declarações quando foi preso e se resguardou ao direito de falar apenas diante do juiz.
Ela está em penitenciária no interior de Mato Grosso do Sul. Além do uniforme laranja, as imagens, que não mostram o rosto da entrevistada, revelam uma tatuagem no braço esquerdo, em que uma mulher acalenta uma criança, embaixo da figura está o nome da menina.
A entrevista também mostra que a mãe tinha conhecimento sobre episódios em que a criança levou uma surra do padrasto e que foi mordida com força por ele. Ela relatou que brigava, mas apanhava porque o marido era violento. Sobre a mordida, disse que era uma atitude de brincadeira dele.
Noutro ponto, ela comentou sobre a declaração dada à polícia de que tinha visto a vagina da criança vermelha em três ocasiões. A mãe disse que sempre prestava atenção para ver se tinha sinal de abuso e que sempre olhava quando a menina voltava da casa do pai.
Stephanie ainda declarou que nunca viu o marido tocando as partes íntimas da menina. Ela também nega que a filha tenha morrido horas antes de chegar à UPA Coronel Antonino (Unidade de Pronto Atendimento). A mãe conta que se assustou com o estado da criança, providenciou um carro de aplicativo. “Até na hora, que fui pegar ela para colocar no Uber, ele [o marido] ainda disse que Deus abençoe e nada aconteça com ela”.
Com a confirmação do óbito, a quebra de sigilo telefônico do casal demonstrou que eles sabiam das implicações legais e tentavam criar uma história. “Inventa qualquer coisa, diga que ela caiu no parquinho”, escreveu o padrasto da criança.
A polícia também esclareceu que a menina morreu entre 8h e 9h do dia 26 de janeiro, mas somente foi levada ao posto de saúde às 17h.