Na UTI desde março, Yago volta a respirar com ajuda de aparelhos
Bebê que resistiu 27 semana no útero da mãe com morte cerebral também perdeu peso; ele está passando por bateria de exames
Internado há 111 dias, desde que nasceu após resistir 27 semanas no ventre a mãe diagnosticada com morte cerebral, Yago é exemplo de resistência para a família e para a equipe médica. Mas, nesta semana, o corpinho de menos de 40 cm não resistiu ao esforço diário de lutar pela vida por 3 meses e 21 dias, com tão pouco tamanho.
Na manhã de domingo (17), ele precisou votar da ajuda de aparelhos para respirar e teve de passar por bateria de exames. Médicos não sabem ao certo o motivo da piora no estado de saúde e só poderão prever se o pequeno será desentubado quando os resultados dos testes laboratoriais ficarem prontos.
Sem poder receber a alimentação via sonda e só no soro, o menino também perdeu peso, segundo o pai. Com quase quatro meses, ele já pesava 1,7 kg, mas perdeu 300 gramas nos últimos dias.
“Ele está bem tristinho, bem abatido”, conta o Eduardo Noronha, que mantém a rotina de ir a UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) Neonatal da Santa Casa para a sessão diária de carinhos dedicada ao filho.
Vontade de viver – Prova da vontade de viver é que o bebê antes de completar 1 mês que veio ao mundo, já havia passado por uma cirurgia cardíaca.
No dia 27 de abril, Yago foi submetido a uma correção cirúrgica do canal arterial, problema detectado pelos médicos que cuidam dele e, segundo a assessoria de imprensa da Santa Casa, pelo fato dele ter nascido prematuro, no dia 31 de março.
No primeiro mês, Yago cresceu e ganhou. Estava com 36,1 cm – 2,1 cm a mais – e 1.090 kg – engordou 40 gramas, depois de perder 80 nos primeiros 12 dias de vida – no primeiro “mêsversário”.
Em maio, os médicos já previam que ele teria alta em julho, mas não contavam com o quadro instável de saúde que apresentou neste mês. A equipe só deixará que o pai o leve para casa quando ele estiver com no mínimo 2 kg e se alimentando normalmente.
Inédito – O caso de Yago é inédito em Mato Grosso do Sul e foi marcado por troca de informações com médicos do Espírito Santo e Portugal, onde aconteceram situações similares. Com a morte encefálica da mãe, Renata Souza Sodré, 22 anos, o nascimento do bebê era uma aposta de alto risco.
“É muito difícil um caso como esse porque além do risco de morte, tem o risco de infecção. Tudo compromete a viabilidade do nascimento dessa criança”, explicou a médica Patrícia Berg Leal, responsável pela UTI Neonatal, em entrevista ao Campo Grande News no dia 2 de abril.
Após sofrer um AVC (Acidente Vascular Cerebral) em 27 de janeiro, Renata teve a morte cerebral constatada por dois testes clínicos e mais exame de imagem. Os médicos descobriram que apesar da mãe ter partido, o feto vivia e entrava na 17ª semana.
Com o caso explicado à família e acompanhado pela Comissão de Ética do hospital, começou a administração diária de medicamentos, pois, com a morte cerebral, o corpo para de produzir hormônios.
Contra o risco de infeção, o trabalho envolvia todos os setores da UTI, da limpeza ao corpo clínico.