Nos bairros com maior índice de mosquito da dengue, lixo explica tudo
Nos três bairros em situação de risco para infestação o Campo Grande News encontrou várias possíveis foco do mosquito
Nos três bairros de Campo Grande em situação de risco para infestação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, zika e chikungunya, todos os moradores já conhecem a causa da liderança das regiões no ranking divulgado pela Coordenadoria de Controle de Endemias Vetoriais, da secretaria municipal de Saúde: o lixo.
Segundo o LIRAa (Levantamento de Índice Rápido para o Aedes Aegypti), Jardim Noroeste, Cidade Morena e Moreninha são os bairros em risco para infestação do mosquito.
Não é preciso andar muito para encontrar pilhas de lixo e possíveis focos de dengue pelas ruas desses bairros. A reclamação entre os moradores também é comum e o ‘desleixo’ dos vizinhos aparece em cada depoimento. Foi essa situação que a reportagem do Campo Grande News encontrou no Jardim Noroeste.
“Limpo meu quintal, mas tem um monte de vizinhos que jogam lixo nos terrenos”, revelou a moradora Ana Paula Marques, de 35 anos. O Noroeste foi apontado na pesquisa como o recordista em número de focos. Durante as inspeções, foram encontrados focos positivos para o mosquito em 7% dos imóveis visitados da região localizada na saída para Três Lagoas.
No ano passado, Ana Paulo viu o marido sofre de dengue hemorrágica e desde de então criou o hábito de cuidar possíveis focos de dengue. E o caso de Luzia Menezes, de 32 anos. “Onde vejo uma vasilha com água parada, viro e amasso, para não correr risco de virar criadouro do mosquito”, contou.
Segundo ela, quem mora na região sofre com o grande número de mosquitos, o que torna impossível “dormir sem um ventilador”. Para a balconista Kelly Nascimento, de 32 anos, a quantidade de lixo nas ruas e terrenos é uma consequência do comportamento dos próprios moradores. “Sempre tem lixeiro por aqui, mas sempre tem lixo. Na minha casa nunca ninguém teve dengue, mas tenho muito medo”, contou.
A situação não é diferente no Bairro Moreninhas. Para Rosangela Bernado, de 42 anos, o lixo que toma conta de terrenos baldios é de longe a maior preocupação. “Onde passo e vejo vasilha com água jogo fora. Tem vizinho que cuida, outros não e os próprios moradores jogam lixo, não adianta a prefeitura limpar”.
No Cidade Morena a decisão de cuidar do bairro partiu dos próprios moradores. Essa foi a solução encontrada pelo moto entregador Robson Luiz de Oliveira, de 30 anos, e um vizinho. “Começamos a bater o pé para não jogarem mais lixo”. Ele contou à reportagem que recentemente os terrenos próximo a casa em que mora foram limpo e placas proibindo o depósito de lixo colocadas em cada um. “Antes disso, o lixo estava tomando conta da rua”.
Dengue - O último boletim epidemiológico foi divulgado pela SES (Secretaria do Estado de Saúde) nesta sexta-feira (10) e mostrou o menor número de casos de dengue em Mato Grosso do Sul em sete anos. Foram registrados 5 313 casos neste ano, mais de 91 % a menos do que o contabilizado no ano passado.
Do dia 26 de outubro, até 4 de novembro, 53 novos casos foram registrado pela SES. Em todos o ano, o número chega a 5 313, mais de dois mil deles em Campo Grande. A doença matou três pessoas neste ano em todo o Estado. Durante todo ano de 2016, foram registrados 59 874 casos em Mato Grosso do Sul.