"Olho aberto e cheio de sangue": testemunha relata tiro e defesa rebate versão
Primo da vítima diz que briga já tinha acabado quando tiro foi disparado e defesa recorre a outros testemunhas
“Quando olhei pro meu primo estava com o olho aberto e cheio de sangue”. O auxiliar de serviços gerais Marcio Giovane Souza dos Santos relembrou a madrugada de 24 de setembro de 2017, quando o primo, Adilson Silva Ferreira dos Santos foi morto com tiro no tórax durante discussão com agente penal Joseilton de Souza Cardoso, 41 anos.
No depoimento, o rapaz disse que, apesar de ter ocorrido discussão inicial, o tiro foi disparado quando os dois já estavam separados. No entanto, o advogado do réu, José Roberto Rodrigues da Rosa, apontou divergências no depoimento , recorrendo ao inquérito, onde testemunhas relataram que o agente estava no chão, sendo agredido a chutes e socos.
Márcio Giovane disse que ele e o primo tinham intenção de buscar cerveja e, por causa da fila, resolveram ir ao banheiro antes. “Chegando lá estava uma bagunça”, disse. “Aí tinha um banheiro feminino com a porta aberta, meu primo abriu e o Joseilton estava lá escorado. Meu primo falou tá passando bem? Ele não respondeu. Aí meu primo pediu licencia falando que queria usar o banheiro”, contou.
Quando Adilson saiu do banheiro, segundo o primo, o agente penal mostrou a arma e falou que era agente penitenciário federal. O pedreiro teria retrucado “O que você falou aí?” e a resposta do outro foi “Não te interessa”. Depois disso, começou a briga.
Márcio Giovane diz que o agente penal se desequilibrou e caiu. “Eu segurei meu primo, aí eu ouvi um disparo; quando olhei pro meu primo estava com o olho aberto e cheio de sangue e Joseilton com a arma apontada”, contou.
“A briga tinha acabado, eu estava segurando meu primo. Ele saiu e deu dois passos para o lado do Joseilton e eu ouvi o disparo, ele não partiu pra cima dele”, afirmou Márcio Gioavane.
O advogado José Roberto Rodrigues o questionou sobre as diferenças entre o depoimento dele dado hoje e o de pelo menos outras cinco testemunhas, que presenciaram a briga e relataram que o agente estava ''apanhando muito'' quando efeituou o disparo que atingiu Adilson.
Durante a leitura dos depoimentos, o primo da vítima dizia “não me lembro”, “eu tô falando a verdade”, “não tem porque mentir”.