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Capital

Pen drive apreendido com PF tinha dados e reportagem sobre executados

Um dos casos citados é o de Orlando Bomba, executado em outubro de 2016

Marta Ferreira e Aline dos Santos | 13/10/2019 14:41
Local onde Orlando Bomba foi executado em outubro de 2016. (Foto: Arquivo)
Local onde Orlando Bomba foi executado em outubro de 2016. (Foto: Arquivo)

A operação Omertà apreendeu pen drive na casa do policial federal Everaldo Monteiro de Assis, 60 anos, com arquivo contendo dados sobre Orlando da Silva Fernandes, o Orlando Bomba, ex-segurança do narcotraficante Jorge Rafaat. Orlando, 41 anos, foi executado em 26 de outubro de 2018 a tiros de fuzil, em Campo Grande, no Jardim Autonomista.

Ele teria entregado a executores a rotina de Rafaat, assassinado em junho de 2016 no Paraguai. No pen drive apreendido na residência de Everaldo, havia dados típicos de investigação policial, como lista de nomes, telefone e CPF de pessoas próximas, como familiar e amante.

“Neste caso, destaca que o arquivo encontrado no dispositivo analisado possui metadados de criação no mesmo mês da morte de Orlando Bomba, o que não indica exatamente ter sido criado nesta data, entretanto, demostrando que o investigado estava de posse desses dados na ocasião”, aponta o Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado), que pediu à Justiça a conversão da prisão temporária do policial federal em preventiva.

Também havia no dispositivo print de reportagem, publicada em 2008, sobre a prisão de Alberto Aparecido Nogueira, conhecido como Betão, do policial militar Ilson Martins Figueiredo e do policial civil Vlademirson Daniel Olmedo, que seria, na verdade, Vladenilson Daniel Omedo, preso na operação Omertà, realizada em 27 de setembro. O titulo da matéria era: “Pistoleiro ligado com Beira-Mar preso com dois policiais”. O flagrante foi em Pedro Juan Caballero, que faz fronteira com Ponta Porã. 

Betão foi assassinado no dia 21 de abril de 2016. O corpo foi encontrado carbonizado, no porta-malas do carro, em Bela Vista. Ilson Figueiredo foi executado em 11 de junho, em Campo Grande. Betão e Ilson foram apontados como envolvidos no “sumiço” de Daniel Alvarez Georges, filho do de Fahd Jamil. Ele desapareceu em 3 de maio de 2010, após ter ido a um shopping, em Campo Grande.

Na sequência, o documento do Gaeco lembra que o investigado Everaldo já havia pesquisado em sistema de acesso restrito a órgãos policiais o nome de outro possível alvo da organização criminosa, no caso, o produtor rural Edivaldo Luiz Francischinelli. O dossiê estava em pen drive apreendido junto com o arsenal de guerra localizado em imóvel no bairro Monte Líbano. O episódio levou à prisão do então guarda municipal Marcelo Rios.

Everaldo Monteiro de Assis, policial federal preso na operação.
Everaldo Monteiro de Assis, policial federal preso na operação.

O policial disse em depoimento que fez a pesquisa sobre o produtor rural “com base nas palavras de um pretenso colaborador na área de repressão ao tráfico”. Everaldo está lotado na Nodrex (Núcleo de Operações de Diretoria Executiva). Por esse motivo, não teria atribuição para fazer levantamentos para eventuais inquéritos policiais federais sob responsabilidade da DRE (Delegacia de Repressão ao Entorpecente).

Ele ainda explicou que o pen drive apreendido junto com o arsenal foi furtado do seu veículo. Everaldo afirmou ter relação de empatia com a família Name. O policial disse que frequentou algumas vezes à residência da família. Jamil Name e Jamil Name Filho foram presos por liderar a organização, sendo transferidos ontem (dia 12) para a penitenciária federal de Campo Grande.

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