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Capital

Polícia vai indiciar Robinho por feminicídio triplamente qualificado

Suspeito afirmou ao Campo Grande News que está fora do país e só volta para o Brasil depois que sua prisão for revogada

Geisy Garnes | 24/10/2017 07:12
Suspeito é procurado pela polícia desde o dia do crime, há 30 dias (Foto: Divulgação Polícia Civil)
Suspeito é procurado pela polícia desde o dia do crime, há 30 dias (Foto: Divulgação Polícia Civil)

Bem diferente da tese de legítima defesa levantada por Roberson Batista da Silva, de 32 anos, em entrevista ao Campo Grande News, a polícia acredita que o principal suspeito da morte de Mayara Fontoura Holsback cometeu feminicídio triplamente qualificado: matou a companheira de forma cruel, por motivo torpe e sem possibilitar qualquer tipo de defesa para ela. A jovem foi assassinada a golpes de tesoura no dia 15 de setembro.

Robinho matou Mayara um dia depois de sair do presídio, onde cumpria pena por tentar matar a ex-mulher a tiros. A jovem de 18 anos foi morta no quarto da casa onde morava com o irmão. Foi justamente a família que a encontrou, já sem vida, nua sobre a cama e com parte do corpo coberto com edredom.

De forma unânime, Robinho foi apontado por todas as testemunhas como autor do crime e o caso encaminhado passou a ser investigado pela Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), mas o suspeito desapareceu.

Com a prisão preventiva decretada e diante de toda a repercussão, ele “reapareceu” 38 dias depois do assassinato, procurou o Campo Grande News pelo número de WhatsApp que o jornal utiliza para receber sugestões de leitores e pediu para contar sua versão.

Alegando que só vai se apresentar à polícia quando tiver a prisão revogada, ele explicou como matou a mulher após uma discussão e em legítima defesa. Afirmando que era ameaçado por Mayara desde a época que estava preso, Robinho ainda conta que já estava dormindo com a companheira quando ela o surpreendeu com a tesoura.

Uma luta teria acontecido entre os dois e para se defender, o suspeito afirma que revidou o ataque. “Apenas me defendi. Ninguém sai da cadeia da forma que sai, sem dever nada, para cometer um crime de matar alguém. Estão me julgando pelo meu passado”.

No “depoimento”, Robinho tenta desqualificar a vítima a todo instante, cita casos extraconjugais e afirma que ela trabalhava como garota de programa. 

O suspeito ainda afirmou ao Campo Grande News que só vai se entregar quando tiver a prisão revogada e que está em outro país, na Argentina mais precisamente, pronto para embarcar para o Chile.

Mayara foi morta com golpes de tesoura no pescoço (Foto: Arquivo Pessoal)
Mayara foi morta com golpes de tesoura no pescoço (Foto: Arquivo Pessoal)

A investigação - Contradizendo cada palavra dita por Robinho na entrevista, os laudos prontos até o momento descartam qualquer tipo de luta entre o casal. “Não foi encontrada nenhuma sujidade, ou qualquer outra substância de baixo da unha de Mayara, ela não tentou se defender”, explicou a delegada responsável pelo caso, Ariene Nazareth Murad de Souza, titular da Deam.

“Nenhuma das testemunhas que foram ouvidas apontaram qualquer indício para que o crime seja legítima defesa. Estou convencida, e temos provas suficientes, de que foi cometido um feminicídio com outras três qualificadores, motivo torpe, que dificultou a defesa da vítima e meio cruel”, afirmou a delegada categoricamente.

Ainda segundo a perícia apontou nos exames necroscópicos, Mayara foi atingida por três golpes, todos em locais vitais. “Um deles na traqueia e os outros dois atingiram a artéria carótida”, lembrou Ariene.

O laudo na cena do crime ainda não foi entregue, mas ainda assim, a equipe de peritos que esteve no local relatou à delegada que nada estava fora do lugar, mais uma vez descartando qualquer reação da jovem.

Sem dar detalhes sobre a motivação do crime, a delegada afirmou que após o feminicídio Roberson Batista foi procurado por toda Campo Grande. Informações de que ele teria fugido para o Paraguai também foram checadas e descartadas pela equipe de investigação, que mesmo com as informações repassadas pelo próprio suspeito acredita que ele “não esteja longe”, ainda segundo Ariene.

As buscas por Robinho continuam e um cartaz de “Procurado” com a foto dele foi divulgado pela Polícia Civil. A ficha do suspeito é longa, com mais de 35 passagens, incluindo violência doméstica, tentativa de homicídio e furtos.

Há seis anos, foi preso por atirar três vezes e quase matar a ex-mulher. No mesmo ano, foi denunciado pela vítima após quebrar os dentes dela durante as agressões. Por outras 11 vezes, Robinho foi denunciado por violência doméstica.

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