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Capital

Policial filmado com cocaína em viatura pede liberdade para cuidar do filho

Pedido da defesa de Hugo Cesar Benites foi negado pela 3ª Câmara Criminal de Campo Grande

Por Gustavo Bonotto | 09/06/2024 16:15
Hugo (de camiseta) ajuda Valdemar (jaqueta) a descarregar droga de viatura. (Foto: Reprodução do processo)
Hugo (de camiseta) ajuda Valdemar (jaqueta) a descarregar droga de viatura. (Foto: Reprodução do processo)

Preso em março deste ano na Operação Snow, o policial Hugo Cesar Benites teve o habeas corpus negado. A decisão foi tomada pelo juiz da 3ª Câmara Criminal de Campo Grande. Entre os tópicos anexados ao processo, a defesa do agente flagrado com 10 caixas de cocaína em uma viatura caracterizada como da Polícia Civil alegou que o civil precisava estar em liberdade para cuidar do filho menor de 12 anos.

Os autos processuais, relatados pelo desembargador Luiz Cláudio Bonassini da Silva, foram fundamentado em indícios suficientes de autoria, gravidade concreta da conduta e a imprescindibilidade da custódia para garantir a ordem pública.

Embora a defesa tenha argumentado que Benites possuía residência fixa, ocupação lícita e não tinha antecedentes criminais, o tribunal concluiu que tais circunstâncias não eram suficientes para revogar a prisão cautelar. A possibilidade concreta de reiteração delitiva e o risco à comunidade foram considerados motivos justificáveis para a manutenção da custódia preventiva.

Os advogados também solicitaram a substituição da prisão preventiva por prisão domiciliar, alegando problemas de saúde de Benites. No entanto, a corte verificou que não havia provas idôneas que demonstrassem a necessidade de tal medida, ressaltando que o sistema carcerário possui estrutura para prestar a assistência médica necessária.

As investigações conduzidas pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) revelaram que a organização criminosa, da qual Benites é supostamente membro, transportava grandes quantidades de cocaína de Ponta Porã a Campo Grande, utilizando viaturas policiais em um esquema conhecido como "frete seguro". A decisão destacou que a prisão preventiva era necessária para interromper as atividades da organização e preservar a ordem pública.

Histórico - O policial estava lotado na 1ª Delegacia de Ponta Porã e foi afastado após a prisão preventiva oriunda da operação. Conforme o levantamento do Gaeco, relatório de movimentação e passagem de veículos em rodovias federais mostrou a viatura flagrada por câmeras de segurança passando pelo posto da PRF (Polícia Rodoviária Federal) em Ponta Porã às 3h08 de 4 de maio de 2023, seguindo sentido Dourados. Já às 6h26, o veículo oficial estava em Sidrolândia.

“De modo que é possível concluir que fez o trajeto Ponta Porã, Dourados, Itaporã, Maracaju, Sidrolândia e Campo Grande, [onde] os policiais só ficaram o suficiente para descarregar a droga, tanto que a viatura foi novamente flagrada no posto da PRF em Sidrolândia, sentido inverso, às 7h47, retornando para Ponta Porã apenas por volta das 18h17”, diz o documento.

No dia 12, equipe da PRF em Terenos apreendeu carga de 360 quilos de cocaína e pasta base em um caminhão. Para o Gaeco, o entorpecente era o mesmo descarregado pelos policiais na casa de eventos no Jardim Pênfigo, oito dias antes.

“De fato, eles integram um grupo criminoso altamente articulado e estruturado, voltado à prática do tráfico de drogas interestadual, revelando-se a prisão imprescindível para garantia da ordem pública”, pontua o Gaeco onde ainda cita que outros vários integrantes da organização já estavam em liberdade e continuavam a participar do esquema.

Além disso, Valdemar Kerkhoff foi executado com tiros de pistola e fuzil junto com o irmão Eder Kerkhoff, no dia 27 de junho do ano passado. O crime aconteceu em Ponta Porã e para o Gaeco, o assassinato é uma nítida ação de queima de arquivo, já que o traficante havia recebido drogas com os policiais dias antes.

Valdemar (boné preto) conversa com Hugo no dia da entrega da droga. (Foto: Reprodução do processo)
Valdemar (boné preto) conversa com Hugo no dia da entrega da droga. (Foto: Reprodução do processo)

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