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Capital

Preso há um ano, réu por matar "Grazi" e jogar corpo aguarda decisão sobre júri

Lucas Câmara Perfentino confessou a morte na delegacia, mas negou e alegou tortura ao juiz

Marta Ferreira | 15/04/2021 13:58
Maria Grazielle desapareceu um ano atrás e foi achada morta. Ex-marido é réu pelo crime e aguarda decisão sobre ida ao júri popular. (Foto: Reprodução das redes sociais)
Maria Grazielle desapareceu um ano atrás e foi achada morta. Ex-marido é réu pelo crime e aguarda decisão sobre ida ao júri popular. (Foto: Reprodução das redes sociais)

Um ano atrás, a família de Maria Grazielle Elias de Souza, de 21 anos, vivia a agonia da procura pela jovem. Ela havia sumido no dia anterior. Os familiares viriam a saber, no dia 19, cinco dias após o sumiço, que Grazi, como era chamada a jovem, tinha sido morta de forma cruel.

Durante a procura e no velório, o marido dela, Lucas Pergentino Câmara, de 27 anos, de quem tentata se separar, chorou a perda. Uma semana depois, estava preso e confessou ter matado a mulher com um golpe “mata-leão” e jogado o corpo à beira da rodovia BR-262.

O celular dela, no qual chegou a fazer postagem na rede social de Grazi, para incriminar um outro rapaz, foi jogado no mato, e recuperado pela equipe de investigação.

Foi uma prova importante contra Lucas, atualmente preso e aguardando decisão do juiz do caso, Carlos Alberto Garcete, da 1ª Vara do Tribunal do Júri, sobre a pronúncia, ou seja, a determinação para que vá a júri popular por feminicídio triplamente qualificado.

Confessou, depois negou - A defesa de Lucas Pergentino Câmara, nas mãos dos advogados Selmen Yassine Dalloul e Mohamed Ale Cristaldo Dalloul, afirma nas alegações finais, manifestação antes da decisão do magistrado, que o réu confessou o crime na fase de inquérito por ter sido vítima de tortura policial.

O texto, repetindo o depoimento em juízo de Lucas, afirma que ele foi mantido em cativeiro pela equipe de investigação, que até bombas foram estouradas perto dele.

Lucas Pergentino no dia da prisão, em 24 de abril do ano passado (Foto: Henrique Kawaminami)
Lucas Pergentino no dia da prisão, em 24 de abril do ano passado (Foto: Henrique Kawaminami)

Quando a prisão foi executada, num sábado 24 de abril, ele passou por exame de corpo de delito, e não reclamou disso.

Na época, em depoimento gravado na DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídios), onde o caso foi tocado, Lucas Pergentino confessou que matou Grazi na cama da casa onde eles viveram, com um golpe mata-leão.

 Admitiu ter problemas com o trabalho dela, em casa de massagem. Disse ter pedido para ela sair do emprego. Também tentava reatar o casamento, ao que Grazi resistia. No dia anterior ao crime, foram à mesma festa e ela a viu com outro rapaz, como admitiu durante o andamento do caso.

Na manifestação para tentar evitar o júri, a defesa sustenta que, em juízo, o réu disse ter ficado com Grazi até por volta das duas horas do dia 14, quando ela saiu sem dizer para onde ia. Nessa data, era aniversário dele.

A apuração policial, que se transformou em denúncia da promotoria, vai em sentido contrário. Além da confissão, há provas, segundo a denúncia apresentada, de que Lucas matou Grazi, abandonou o corpo e depois ficou junto da família dela para tentar despistar a apuração.

Depois que o juiz decidir se o réu vai para júri popular, a defesa e acusação terão prazo para recorrer, ou não, da sentença. Se ele for pronunciado, é o júri de 7 pessoas quem define sobre a culpa pelo feminicídio, e o magistrado aplica a pena prevista em lei.

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