Preso há um ano, réu por matar "Grazi" e jogar corpo aguarda decisão sobre júri
Lucas Câmara Perfentino confessou a morte na delegacia, mas negou e alegou tortura ao juiz
Um ano atrás, a família de Maria Grazielle Elias de Souza, de 21 anos, vivia a agonia da procura pela jovem. Ela havia sumido no dia anterior. Os familiares viriam a saber, no dia 19, cinco dias após o sumiço, que Grazi, como era chamada a jovem, tinha sido morta de forma cruel.
Durante a procura e no velório, o marido dela, Lucas Pergentino Câmara, de 27 anos, de quem tentata se separar, chorou a perda. Uma semana depois, estava preso e confessou ter matado a mulher com um golpe “mata-leão” e jogado o corpo à beira da rodovia BR-262.
O celular dela, no qual chegou a fazer postagem na rede social de Grazi, para incriminar um outro rapaz, foi jogado no mato, e recuperado pela equipe de investigação.
Foi uma prova importante contra Lucas, atualmente preso e aguardando decisão do juiz do caso, Carlos Alberto Garcete, da 1ª Vara do Tribunal do Júri, sobre a pronúncia, ou seja, a determinação para que vá a júri popular por feminicídio triplamente qualificado.
Confessou, depois negou - A defesa de Lucas Pergentino Câmara, nas mãos dos advogados Selmen Yassine Dalloul e Mohamed Ale Cristaldo Dalloul, afirma nas alegações finais, manifestação antes da decisão do magistrado, que o réu confessou o crime na fase de inquérito por ter sido vítima de tortura policial.
O texto, repetindo o depoimento em juízo de Lucas, afirma que ele foi mantido em cativeiro pela equipe de investigação, que até bombas foram estouradas perto dele.
Quando a prisão foi executada, num sábado 24 de abril, ele passou por exame de corpo de delito, e não reclamou disso.
Na época, em depoimento gravado na DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídios), onde o caso foi tocado, Lucas Pergentino confessou que matou Grazi na cama da casa onde eles viveram, com um golpe mata-leão.
Admitiu ter problemas com o trabalho dela, em casa de massagem. Disse ter pedido para ela sair do emprego. Também tentava reatar o casamento, ao que Grazi resistia. No dia anterior ao crime, foram à mesma festa e ela a viu com outro rapaz, como admitiu durante o andamento do caso.
Na manifestação para tentar evitar o júri, a defesa sustenta que, em juízo, o réu disse ter ficado com Grazi até por volta das duas horas do dia 14, quando ela saiu sem dizer para onde ia. Nessa data, era aniversário dele.
A apuração policial, que se transformou em denúncia da promotoria, vai em sentido contrário. Além da confissão, há provas, segundo a denúncia apresentada, de que Lucas matou Grazi, abandonou o corpo e depois ficou junto da família dela para tentar despistar a apuração.
Depois que o juiz decidir se o réu vai para júri popular, a defesa e acusação terão prazo para recorrer, ou não, da sentença. Se ele for pronunciado, é o júri de 7 pessoas quem define sobre a culpa pelo feminicídio, e o magistrado aplica a pena prevista em lei.