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Capital

Após confessar em depoimento gravado, réu por matar Grazi alega tortura

Lucas Pergentino Câmara confessou à polícia que matou a ex-esposa de 21 anos em abril deste ano

Aletheya Alves | 10/12/2020 18:06
Lucas Pergentino Câmara durante interrogatório realizado virtualmente. (Foto: Reprodução)
Lucas Pergentino Câmara durante interrogatório realizado virtualmente. (Foto: Reprodução)

Em interrogatório realizado nesta quinta-feira (10), Lucas Pergentino Câmara, de 26 anos, disse ter confessado o assassinato da ex-mulher, Maria Graziele Elias de Souza, de 21 anos, forçado após tortura policial.  O depoimento dado na frente do juiz muda o que ele havia falado no interrogatório policial quando, em procedimento que foi gravado, ele confessou o crime e afirmou não ter sofrido qualquer coação.

Lucas responde por homicídio triplamente qualificado na 1ª Vara do Tribunal do Júri.

Acusado pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) por homicídio qualificado por asfixia, mediante traição e feminicídio, além da ocultação de cadáver, Lucas alegou durante audiência que foi levado para um “cativeiro” pelos policiais da DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídio), torturado e ameaçado para confessar homicídio.

Respondendo ao advogado de defesa, Selmen Yassine Dalloul, ele afirmou que foi detido pela polícia às 13h, torturado, e levado para depor na delegacia por volta de 17h do dia 25 de abril. Ainda sobre a suposta tortura, Lucas relatou que os policiais afirmaram que ele precisaria assumir autoria do crime porque a investigação “daria muito trabalho” para eles.

"Me agrediram, deram tapa na cara, soco na costela, choque, soltaram bomba no meu ouvido", afirmou. No dia da prisão, ele passou por exame de corpo de delito no IMOL (Instituto de Medicina e Odontologia Legal), praxe quando as pessoas são presas, sem apontamento de lesões.

"Vi, mas não matei" - Na versão diferente do depoimento à polícia, o acusado admitiu o encontro com "Grazi", como era conhecida a vítima, mas mudou o desfecho do encontro, no dia 14 de abril deste ano, para alegar inocência. Disse que havia retomado o relacionamento, levado e buscado a ex-mulher ao serviço às 14h e mantido relações sexuais em sua casa.

No depoimento ao juiz, Lucas disse ter passado cerca de uma hora com Graziela e, após isso, a mulher teria saído da casa deixando os pertences para trás. Também afirmou que foi até a casa da ex-sogra pouco tempo depois porque teriam combinado de jantar juntos. Disse que saiu de lá às 22h30min.

Na versão contada, já que o celular teria descarregado,  disse ter ido até sua casa para tomar banho, carregar o celular e retornou para a residência da mãe da vítima.

Histórico do crime - O relatório da investigação conta uma história diferente. Em meia hora de depoimento gravado, disponível no processo, Lucas deu detalhes sobre o feminicídio ao delegado do caso, Carlos Delano. Disse que matou a ex-mulher com uma “mata leão” por volta das 16h do dia 15 de abril, enquanto ela tentava ir embora da residência, tudo por “impulso”.  Os dois haviam mantido relacionamento por oito anos.

A peça policial também mostra que o levantamento dos dados telemáticos, do celular de Lucas, comprovam a narrativa dada por ele mesmo, evidenciando, por exemplo, sua ida até o lugar onde o corpo foi abandonado e localizado no dia 19 de abril.

Lucas foi preso horas após chorar no velório de Maria Graziela, onze dias após o crime. De acordo com investigação policial, o criminoso manteve o corpo da vítima em sua residência por cerca de seis horas antes de lançá-lo às margens da BR-262, período em que foi até a casa da ex-sogra e voltou para sua residência.

Também foi negado pelo acusado, durante o interrogatório de hoje, que ele tivesse publicado foto em rede social da vítima após a ter matado, em que a jovem aparece ao lado de outro homem. Segunda a polícia, o motivo era levantar suspeita de envolvimento do rapaz que estava na imagem.

Durante os cinco dias que Maria Graziela ficou desaparecida, Lucas fingiu ajudar a família e procurar a jovem. Foi ele quem acompanhou a mãe da vítima até a delegacia para registrar o desaparecimento da estudante.

A investigação apontou que a jovem já estava morta e ele ficou com o corpo na casa dele por horas.

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