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Capital

Preso há um mês, "Rei da Fronteira" segue "protegido" no Garras

Justiça espera o resultado de exames para decidir sobre pedido de liberdade ao réu de 79 anos

Geisy Garnes e Marta Ferreira | 19/05/2021 08:52
No dia 19 de abril, Fahd se entregou a polícia sul-mato-grossense. Chegou de avião no Aeroporto Santa Maria e foi levado para a delegacia pelo Garras (Foto: Henrique Kawaminami)
No dia 19 de abril, Fahd se entregou a polícia sul-mato-grossense. Chegou de avião no Aeroporto Santa Maria e foi levado para a delegacia pelo Garras (Foto: Henrique Kawaminami)

O “Rei da Fronteira”, Fahd Jamil, completa nesta quarta-feira (19) um mês preso na cela do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco, Assaltos e Sequestros) e ainda espera o resultado de exames para que a Justiça decida sobre o pedido de liberdade feito pela defesa nos primeiros dias de cadeia. Com 79 anos e "saúde frágil", segundo advogados, o réu recebe cuidados médicos diários e já declarou se sentir “protegido” na unidade policial.

Fahd foi submetido a exame de perito do Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal) no dia 27 de abril. A finalidade é comprovar as condições de saúde alegadas pela defesa como motivos para uma prisão domiciliar. Segundo os advogados, "Fuad" tem diabetes, hipertensão, problemas na coluna, e respira com apenas 30% da capacidade de um dos pulmões, já que o outro precisou ser retirar por causa de um câncer.

Só com o resultado do laudo em mãos o juiz Roberto Ferreira Filho irá decidir sobre o relaxamento da prisão. A princípio, o prazo para a entrega era de cinco dias, a contar do dia 23 de abril, mas 27 dias depois a conclusão da perícia ainda não foi enviada a justiça. Isso se deve a quantidade e complexidade dos exames, são pelo menos sete.

Colchão levado pela família ao Garras no primeiro dia da prisão (Foto: Kísie Ainoã)
Colchão levado pela família ao Garras no primeiro dia da prisão (Foto: Kísie Ainoã)

Enquanto isso, "Fuad" recebe tratamento médico dentro da cela do Garras. Conforme apurado pela reportagem, uma enfermeira vai a delegacia especializada diariamente para medicar e auxiliar o preso. Apesar de ser mantido em uma cela simples, o réu dorme em um colchão levado pela família.

Além de alegar condições de saúde frágeis, Fahd Jamil afirma estar sob ameaça do PCC (Primeiro Comando da Capital) e em audiência de custódia, há um mês atrás, garantiu que se sentia “protegido” dentro da delegacia especializada.

Omertà - Chamado até pouco tempo de “Rei da Fronteira”, pela influência na região entre Ponta Porã e Pedro Juan Caballero, no Paraguai, Fahd é apontado como chefe do crime organizado em três ações derivadas da operação Omertà.

As acusações vão de tráfico de armas e formação de organização criminosa armada a homicídio e corrupção de agentes públicos.

Ele ficou 10 meses foragido, depois de expedição de mandado de prisão na fase 3 da Omertà, a Armagedon. No dia 19 de abril se entregou a polícia sul-mato-grossense. Chegou de avião no Aeroporto Santa Maria, em Campo Grande, e foi direto para o Garras.

Nesta quinta-feira (20) Fahd deve participar da audiência sobre a morte do chefe de segurança da Assembleia Legislativa, Ilson Martins Figueiredo, em junho de 2018. Ele é apontado como mandante da execução do policial militar.

A defesa tentou retirar o processo da justiça estadual alegando que deveria ser julgado por um juiz federal por haver participação de um policial federal. Mas a tese foi negada, por isso os procedimentos judiciais continuaram a tramitar.

O policial em questões é Everaldo Monteiro de Assis, o "Jabá", na cadeia desde a primeira fase da investigação, em setembro de 2019. É acusado de montar agência ilegal de informações sigilosas para fornecer à organização criminosa sob chefia de Fahd Jamil, em Ponta Porã, e de Jamil Name, em Campo Grande. Name está preso há mais de um ano e meio.

Fahd Jamil, durante a audiência de custódia por videoconferencia (Foto: arquivo)
Fahd Jamil, durante a audiência de custódia por videoconferencia (Foto: arquivo)


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