Presos da Omertà são transferidos, maioria sob suspeita de planejar fuga
Alvos de operação deflagrada em setembro contra milícia armada foram para Dourados, Naviraí e Coxim
Em meio ao recesso de fim de ano, foram transferidos de unidades prisionais oito presos da Operação Omertà, deflagrada no dia 27 de setembro contra milícia armada acusada de quatro execuções ocorridas em Campo Grande, sob comando dos empresários Jamil Name, 80 anos, e Jamil Name Filho, 42 anos. Seis transferências têm relação com a descoberta de plano de fuga da cela 17 do CT (Centro de Triagem) Anízio Lima, uma é consequência de localização de celulares com o detento e a sétima foi por motivos de segurança.
Conforme o Campo Grande News levantou, o preso mais recente das investigações, Eurico dos Santos Motta, 24 anos, localizado em novembro após oito meses foragido, foi levado para a penitenciária de segurança média de Coxim. Peça-chave no processo sobre a execução por engano de Matheus Coutinho Xavier, 20 anos, ocorrida em abril deste ano, Eurico alegou medo de represálias e a autorização para mudança de carceragem foi dada pelo juiz Mário José Esbalqueiro, da 2ª Vara de Execução Penal. O técnico em informática estava na sede do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco, Assaltos e Sequestros) desde a prisão em 19 de novembro, na cidade de Joinville, Santa Catarina.
Compra de arma - Outro transferido é Euzébio de Jesus Araújo, apontado como segurança da família Name. Ele foi levado para a PED (Penitenciária Estadual de Dourados) no dia 27 de dezembro. A mudança ocorreu mais de um mês depois de ter sido flagrado com seis celulares no PTran (Presídio de Trânsito), onde estava. Em um dos aparelhos, segundo relatório de informação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado), havia diálogos de Euzébio com interlocutor negociando a compra de armamento pesado, incluindo vídeos demonstrativos de um fuzil. Esse episódio foi usado pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) para defender a necessidade de que Jamil Name continue no presídio federal de segurança máxima de Mossoró (RN).
Fuga – A transferência mais numerosa, de seis detentos, ocorreu no dia 21 de dezembro, conforme apurado. Todos são guardas civis municipais réus por desenvolver atividades ilícitas para a organização criminosa dedicada a crimes de pistolagem alvo da Omertà. Alcinei Arantes da Silva, Rafael do Carmo Peixoto e Robert Vitor Kopestki foram recambiados para Naviraí, a 366 km da Capital. A PED (Penitenciária Estadual de Dourados), 233 km da Capital, foi destino de outros três guardas presos, Eronaldo Vieira da Silva, Rafael Antunes Vieira e Igor Cunha de Souza.
Neste caso e no de Euzébio não chegou a haver autorização o magistrado. A Agepen (Agência de Administração do Sistema Penitenciário) confirmou as transferências ao Campo Grande News e informou que em relação aos seis guardas, a operação para levá-los a outra unidade prisional foi “preventiva e provisória”. A operação foi em razão da informação de plano de fuga levada ao órgão pelo Gaeco.
De acordo com o relato oficial, os presos ficaram nessas unidades até, pelo menos, ser concluída a investigação sobre o plano de escapar. Não há detalhes do que foi descoberto.
A Operação Omertà levou 22 pessoas à prisão até agora. Há gente em Campo Grande, no sistema prisional estadual e no federal e também em unidades da Polícia Civil, além dos presos levados para Mossoró, Jamil Name pai e filho e dois policiais civis suspeitos de gerenciar a organização, Vladenilson Daniel Olmedo e Márcio Cavalcanti da Silva.