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Capital

Quadrilha vendia drogas a facções e como pagamento recebia joias e carros

Operação Laços de Família prendeu 21 pessoas e cumpriu cumprir 210 mandados de prisão, apreensão e sequestro de bens

Geisy Garnes e Anahi Zurutuza | 25/06/2018 12:50
Delegado Nilson Zoccarato, surpreendente Luciano Flores e auditor fiscal José Maria em coletiva de imprensa (Foto: Marina Pacheco)
Delegado Nilson Zoccarato, surpreendente Luciano Flores e auditor fiscal José Maria em coletiva de imprensa (Foto: Marina Pacheco)

Apontada como uma das principais fornecedoras de maconha para PCC (Primeiro Comando da Capital), a quadrilha desarticulada pela PF (Polícia Federal) durante a Operação Laços de Família, recebia valores milionários, joias, e até veículos como pagamento pela mercadorias entregue a facção. Nesta manhã, foram presas 21 pessoas envolvidas no esquema.

Com características de máfia e com forte vínculo com a maior facção criminosa do Brasil, o PCC, a quadrilha passou a ser investigada em 2015. Segundo o delegado Nilson Zoccarato, da Delegacia de Polícia Federal de Naviraí, foi justamente a ostentação dos integrantes em uma cidade de 18 mil habitantes, que chamou a atenção da polícia.

Em três anos de investigações, os agentes conseguiram interceptar mais de 27 toneladas de maconha que seriam entregue para a facção e identificaram os líderes do grupo, todas da mesma família. “A estrutura de clã, uma família toda estar dominando um grande ramo de tráfico internacional numa cidade tão pequena e com vínculos com facções criminosas, mostra que falamos de máfia”, reforçou o delegado.

Conforme as investigações, a base do grupo funcionava em Mundo Novo, de onde o subtenente da Polícia Militar Silvio César Molina Azevedo coordenava os crimes. Ele e o filho, Jefferson Henrique Piovezan Azevedo Molina - assassinado a tiros em junho de 2017 no centro da cidade - foram apontados como os líderes do esquema.

De acordo com o superintendente da Polícia Federal em Mato Grosso do Sul, Luciano Flores de Lima, a família “mantinham o terror” e usavam a região cone sul para retirar toneladas de maconha do Paraguai e enviar para outros estados do país. O transporte da droga era feito em caminhões e carretas bitrem, por rodovias estaduais e federais.

Durante as investigações 11 veículos de carga e uma carreta foram apreendidos, todos usados no transporte de maconha. Ainda conforme a polícia, a família também “trabalhava” com a venda de cigarro e armas.

Sem ter como repassar todo o valor da carga, os traficantes pagavam parte da droga em joias e veículos. Em um dos casos, um helicóptero chegou a ser usado para entregar R$ 300 mil em dinheiro e mais R$ 80 mil em joias para a família do Policial Militar. A aeronave acabou sendo interceptada com o piloto Felipe Ramos Moraes, apontado como coordenador das rotas de tráfico aéreo do PCC.

Felipe foi preso maio deste ano por participação na execução de Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, e Fabiano Alves de Souza, o Paca, apontados como as maiores lideranças da facção paulista no Ceará. O helicóptero usado no crime, segundo a polícia, está entre as sete aeronaves apreendidas durante a operação. 

“O problema do tráfico em estados como o Rio de Janeiro e São Paulo decorre das quadrilhas instaladas na fronteira com o Paraguai e a Bolívia. Para combater o tráfico de droga e arma, o contrabando de cigarro e agrotóxico, mais investigações como essa devem ser feitas para que surtam melhores efeitos a nível nacional, para combater quadrilhas que causa terror em estados outros estado, mas que tem suas raízes aqui em Mato Grosso do Sul”, afirmou Luciano.

Molina foi preso nesta manhã em Eldorado (Foto: Reprodução/Facebook)
Molina foi preso nesta manhã em Eldorado (Foto: Reprodução/Facebook)
Jefferson foi assassinado a tiros em junho de 2017 (Foto: Reprodução Facebook)
Jefferson foi assassinado a tiros em junho de 2017 (Foto: Reprodução Facebook)

Laços de Família - Equipes da PF foram às ruas de 5 Estado nesta segunda-feira (25) para cumprir 210 mandados de prisão, apreensão e sequestro de bens. Até o fim da manhã, 21 pessoas haviam sido presas, 15 delas em Mato Grosso do Sul – 2 mulheres e 12 homens, sendo 2 presos temporários e 10 homens presos preventivamente.

Ainda segundo a PF, muitos dos alvos de mandados de prisão- preventiva já são presidiários, mais uma evidência da ligação do clã com facções criminosas que agem de dentro dos presídios do país.

Dos 15 pessoas, segundo o delegado Luciano Flores de Lima, superintendente da Polícia Federal de Campo Grande, sete devem ser levadas para a Penitenciária Federal da Capital, “após autorização do juiz responsável em conceder a vaga”, devido ao grau de periculosidade e participação no esquema. O subtenente será transferido para o Presídio Militar.

Durante o cumprimento dos 35 mandados de busca e apreensão, três pessoas foram presas em flagrante por posse ilegal de arma de fogo. A PF só não detalhou também se os mesmos já eram alvos de mandados de prisão.

Para a Operação Laços de Família, foram expedidos no total 20 mandados de prisão preventiva, 2 de prisão temporária, 35 de busca e apreensão em residências e empresas, 136 de sequestros de veículos, 7 mandados de sequestro de aeronaves (helicópteros), 5 de sequestros de embarcações de luxo (incluindo o de um iate usado pelo PM considerado o cabeça do esquema e pela família dele para lazer) e 25 mandados de sequestro de imóveis (apartamentos, casas, sítios, imóveis comerciais).

Dez empresas, de fachada ou não e que foram identificadas como pessoas jurídicas que facilitava a lavagem do dinheiro oriundo do tráfico, foram fechadas por ordem da 3ª Vara Federal de Campo Grande.

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