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Capital

Quem mora ou trabalha no Tijuca sofre com onda de crimes crescente

Há alguns dias, uma barbearia da região foi assaltada com vários clientes dentro

Antonio Bispo e Mariely Barros | 10/07/2023 14:18
Empresário já foi vítima dos criminosos na região. (Foto: Henrique Kawaminami)
Empresário já foi vítima dos criminosos na região. (Foto: Henrique Kawaminami)

O assalto a uma barbearia localizada no bairro Tijuca, em Campo Grande, na noite de sexta-feira (7), enquanto o dono e vários clientes estavam no local, trouxe à tona o medo de quem mora e trabalha na região. Três dias depois, o Campo Grande News voltou ao bairro para ouvir a população.

Dono de uma ótica há 30 anos, e agora localizada na principal avenida da região, o empresário Joaquim Rodrigues, de 57 anos, já foi uma das vítimas dos bandidos, que invadiram o comércio durante a noite.

“Entraram aqui na loja há 7 meses, me deram um prejuízo danado. Pra mim, de um ano para cá, aumentou os assaltos e roubos. Sinto falta de segurança. Me levaram notebooks, relógios e armações. Tive uns R$ 15 mil de prejuízo. Aqui tá assim, você trabalha, sai, e quando chega no outro dia a sua empresa está assaltada ou furtada. Estamos nessa situação”, contou.

Ao contrário do que muitos dizem, para o empresário não são moradores em situação de rua ou dependentes químicos que cometem os delitos nos comércios da região.

“Pra mim são pessoas de fora que vêm para o bairro assaltar. Aqui na loja, foi muito bem planejado o assalto, eles pularam o muro, cerraram as grades da janela do banheiro e entraram. De dia, vemos o policiamento, o negocio é à noite, que fica sem. Quando me mudei pra cá, há 30 anos, era uma maravilha. Já cheguei até esquecer porta aberta e não levaram nada. Hoje em dia, se eu faço isso, eles entram aqui e levam tudo”, disse.

O empresário Joaquim Rodrigues viu a onda de crimes aumentar com os anos. (Foto: Henrique Kawaminami)
O empresário Joaquim Rodrigues viu a onda de crimes aumentar com os anos. (Foto: Henrique Kawaminami)

Mas o medo não é só de quem vive no Tijuca há muitos anos. Moradora do bairro há quatro meses, a estudante Karolina Dias Santos, de 18 anos, e que trabalha em uma loja de roupas na região, mal chegou e já ouviu falar de assaltos que ocorreram em comércios próximos.

“Entraram em uma loja de roupas a umas quadras daqui, ali na Souto Maior. Levaram todas as roupas e a dona teve que fechar. Eu fico aqui na loja com medo também”, disse. Para a jovem, o problema continua após sair do trabalho, ao ir para a faculdade e, na volta, precisa andar pelas ruas vazias, correndo risco a todo o momento.

“Quando volto da faculdade, já é quase meia-noite, eu desço correndo do ônibus. Tenho truques de colocar a bolsa debaixo do braço e ando com um garfo, que uso para comer na faculdade, na mão. Também ando com as chaves de casa na mão para chegar e já abrir o portão, ainda tenho que passar por um terreno baldio. Mas está bem difícil, sim, a situação. Precisamos de policiamento, a gente vê mais a polícia durante o dia”, contou.

Karolina mora no Tijuca há poucos meses, mas diz conviver com a insegurança todos os dias. (Foto: Henrique Kawaminami)
Karolina mora no Tijuca há poucos meses, mas diz conviver com a insegurança todos os dias. (Foto: Henrique Kawaminami)

A loja onde Gabrielly Dias, de 18 anos, trabalha fica em uma rua pouco movimentada do bairro. São os pais que a levam para o serviço e ficam aguardando a filha abrir o comércio, por medo de assalto.

“Trabalho aqui há cerca de dois anos. Quando chego para abrir a loja às 6h, meu pai fica me olhando do carro, porque tem medo. Aqui tem muito mendigo, sempre aparece um novo. E usuários também, não sei se estão drogados ou bêbados. Esses dias um parou de frente pra loja e ficou cantando e olhando pra cá. Então fico com medo de eles entrarem aqui”, disse.

Para tentar dar uma sensação maior de segurança, o dono da loja instalou uma câmera, trazendo um pouco mais de alívio para a jovem.

“Este ano, meu chefe instalou uma câmera, que agora é minha companhia. Saio daqui com a bolsa embaixo do braço. Fecho correndo e já vou para o carro da minha mãe”, relatou.

Para a jovem Gabrielly, a câmera de segurança instalada na loja traz mais alívio. (Foto: Henrique Kawaminami)
Para a jovem Gabrielly, a câmera de segurança instalada na loja traz mais alívio. (Foto: Henrique Kawaminami)

O Campo Grande News entrou em contato com a Polícia Militar para questionar a situação, mas não teve retorno até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto.

Assalto - Três homens armados com o que parecem ser revólveres entraram no local e renderam os clientes, dono e funcionário. Eles levaram correntes de ouro, dois celulares e cerca de R$ 2 mil do caixa do estabelecimento e de quem estava rendido.

O dono da barbearia e barbeiro, Mateus Biermann, relatou que os homens tentaram entrar por uma porta fechada e deram a volta no estabelecimento. Ele suspeita que um dos assaltantes havia cortado cabelo no local recentemente. "Pelo que eu sei, um deles já foi cortar o cabelo para 'ganhar' o local".

Ao todo, eram dois clientes sendo atendidos e mais dois aguardando. Além disso, estavam o dono da barbearia e outro prestador de serviços. Um dos clientes acionou a Polícia Militar e o Batalhão de Choque foi ao local.



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