ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
DEZEMBRO, SEGUNDA  23    CAMPO GRANDE 22º

Capital

Reitora alega baderna em protestos e pode expulsar 15 alunos da UFMS

Lidiane Kober | 18/05/2014 08:28
No 1ª movimento, reitoria não possuia grades ao redor (Foto: Reprodução/Faceboo)
No 1ª movimento, reitoria não possuia grades ao redor (Foto: Reprodução/Faceboo)
Depois da ocupação, reitora mandou colocar grades em torno da reitoria (Foto: Marcos Ermínio)
Depois da ocupação, reitora mandou colocar grades em torno da reitoria (Foto: Marcos Ermínio)

Alegando baderna em movimentos estudantis, a reitora da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Célia Maria Silva Correa Oliveira, abriu processos administrativos que podem resultar na expulsão de 15 acadêmicos. Para os estudantes, a medida é uma forma de intimidá-los a dar fim aos protestos de ocupação da reitoria, iniciados no ano passado.

Alvo do processo de número 23.104.007.976/2013-73, publicado em primeiro de novembro de 2013, no boletim de serviço 5657, um acadêmico, de 23 anos, que, por medo de mais represálias, pediu sigilo na identidade, afirmou com convicção que o plano da reitora “é impedir novos movimentos”.

A certeza leva em consideração o fato de Célia ter arquivado os processos e, após novos protestos, ter decidido dar sequência às investigações. “Conforme foram surgindo novos movimentos, ela tocou os processos para frente”, afirmou o estudante.

Segundo ele, a reitora alega que houve “baderna” nas mobilizações. “Diz que quebramos uma grade e pichamos a reitoria. O fato é que o próprio relatório da Polícia Federal afirma que a reintegração de posse foi pacífica, sem depredação do patrimônio público”, rebateu.

Nos mesmos processos, Célia, de acordo com o estudante, acusa “cunho partidário e politicagem” nos movimentos e destaca supostas notas baixas dos envolvidos. “As notas refletem a péssima assistência estudantil, os acadêmicos precisam trabalhar para se sustentar”, comentou o universitário.

Conforme ele, no caso de o processo resultar em suspensão, os estudantes correm o risco de serem expulsos. “Como tiveram novos movimentos neste ano, a reitora pode abrir novo processo e dupla suspensão gera expulsão”, explicou. O acadêmico está no último ano do curso. “Posso me formar, mas corro o risco de não conseguir o diploma no caso de ser alvo de duas suspensões”, acrescentou.

Faltando dois anos para se formar, uma estudante de 25 anos, que participou das mobilizações, se revolta com a perseguição aos colegas. “É óbvio que estão querendo criminalizar o movimento e intimidar os universitários”, analisou ela, que também não quis revelar o nome por medo de represália.

O pior, segundo ela, é que a estratégia está dando certo. “O clima está tenso na universidade, as pessoas estão com medo e isso está desarticulando o movimento”, comentou. “Como retrato disso, neste ano, os estudantes ocuparam a reitoria com os rostos tampados para não serem identificados e alvos de novos processos”, completou.

Ao mesmo tempo, a acadêmica afirma que a “soberania da reitora” ganha força. “Ela não conversa com o DCE (Diretório Central dos Estudantes), com o movimento, construiu grades ao redor da reitoria e contratou segurança privada”, relatou. “Fez um castelo dela lá (na reitoria)”, finalizou.

Mudança - De olho nos passos da reitora desde operação da Polícia Federal, que trouxe à tona desvio de verba pública no setor de atendimento ao câncer, a vereadora Luiza Ribeiro (PPS) defende a saída de Célia do controle da UFMS. "Há muito tempo precisamos de um comando mais sintonizado com a responsabilidade que deve ter uma universidade federal", analisou.

Para a vereadora, além de não manter a gestão transparente, é clara a tentativa de a reitora "reprimir movimentos sociais dos estudantes, professores e funcionários através de flagrante perseguição aos que se manifestam contra o trabalho dela". "Esse não deve ser o ambiente de uma universidade federal, onde a regra deve ser privilegiar o debate e uma gestão com transparência", emendou.

A própria Luiza é alvo de processo movido por Célia. "Na época da CPI da Saúde, disse que ela não reunia condições de prosseguir no cargo e fui processada por danos morais", contou. "Mas usei  a prerrogativa de representante do povo, no âmbito de uma CPI", concluiu.

Nos siga no Google Notícias