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Capital

Réu diz que era amigo de garagista e nega assassinato: "sempre me ajudava"

Réu é julgado hoje pela morte e ocultação de cadáver de garagista na Capital, cujo corpo nunca foi encontrado

Por Dayene Paz e Bruna Marques | 26/06/2024 10:41
Vitor Hugo durante julgamento nesta quarta-feira. (Foto: Henrique Kawaminami)
Vitor Hugo durante julgamento nesta quarta-feira. (Foto: Henrique Kawaminami)

Ouvido no banco dos réus, Vitor Hugo de Oliveira Afonso, conhecido como "Primo", negou ter esfaqueado e ajudado esconder o corpo do garagista Carlos Reis de Medeiros de Jesus, 52, conhecido como "Alma", em crime ocorrido em novembro de 2021, em Campo Grande. O corpo da vítima nunca foi encontrado, apesar de investigação minuciosa conduzida pela DHPP (Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa).

Outros dois homens são réus pelo crime, Thiago Gabriel Martins da Silva, o “Especialista” ou "Thiaguinho do PCC", que está preso na Bolívia, e Kellisson Kauan da Silva, foragido da Justiça. O processo foi desmembrado e apenas Vitor Hugo é julgado hoje, pelos crimes de homicídio, furto e apropriação indébita, ambos com qualificadoras, além de ocultação de cadáver.

Envolvimento - Primo é apontado como a pessoa que esfaqueou o garagista na oficina da Avenida Gunter Hans, na Capital, pertencente a Thiaguinho, e ajudou a esconder o corpo. Além disso, durante a investigação, foi apontado como uma pessoa "experiente", pois já tinha cometido esse tipo de crime no Acre.

No plenário do Tribunal do Júri, Vitor explicou a relação que tinha com a vítima. Disse que Carlos Reis fazia agiotagem e ajudava a cobrar os devedores. "A gente (Vitor e Carlos] vendia carro usado na Bandeirantes e comprava peça dele [Thiaguinho PCC]". Vitor diz que conheceu Thiaguinho através de Alma, mas não conhece o outro acusado, Kellison.

Também afirmou que chegou a pegar dinheiro emprestado do garagista, mas que antes da morte não devia qualquer quantia e apenas tinham "negócios" juntos. "Eu tinha emprestado uns quadriciclos para ele de R$ 55 mil", disse.

Sobre o crime, nega qualquer envolvimento. "Eu não esfaqueei ele, não tinha nenhum motivo para isso. Sempre nos tratamos bem. Eu não tinha benefício nenhum com a morte dele, porque sempre me ajudava. Desde quando ficamos sabendo do desaparecimento eu fiquei junto com a família dele", disse.

Entenda - O assassinato do garagista envolve relação da vítima com Thiago Gabriel Martins, filho de José Venceslau Alves da Silva, ou "Celau", homem com extensa ficha criminal, com quem Alma também tinha negócios.

Em um áudio obtido pela polícia, Alma teria revelado ter "despejado bastante dinheiro desse velho na praça", se referindo a Celau, que morreu em 2020. A investigação aponta que Thiaguinho agiu para recuperar a herança do pai, já que estava preso quando Celau morreu.

Homicídio - A investigação indica que Alma foi assassinado por Thiago Gabriel, que teve ajuda dos funcionários, em uma oficina do Aero Rancho. Na data do desaparecimento, 30 de novembro de 2021, foi atraído para o estabelecimento na Avenida Gunter Hans, a fim de tratar de negócios. Por ser comum o tipo de conversa entre eles, Alma não desconfiou.

Ao chegar no comércio, o garagista estacionou a caminhonete S-10 na Avenida Gunter Hans e se dirigiu para o fundo da oficina, como era de costume. No local, estava Thiago, Primo, Rodrigo José Martins da Silva (irmão de Thiago) e outro funcionário. Houve uma discussão, então Alma foi executado com aproximadamente três tiros em "pleno horário comercial", como discorre trecho da investigação.

Depois, o corpo foi esquartejado, com apoio principalmente de Primo, que já teria cometido esse tipo de crime no Acre, sendo "fácil" para ele ocultar o corpo. Depois, Thiaguinho do PCC chamou todos os funcionários, afirmando que "quem abrisse a boca teria o mesmo fim". O local foi lavado por um funcionário e depois o corpo foi levado para um lugar ainda desconhecido em uma caminhonete de cor prata.

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