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Capital

"Carlos Reis tinha muitos inimigos", diz advogada de réu por morte de garagista

Defesa tenta provar que Vitor Hugo de Oliveira não participou de execução e ocultação de cadáver

Por Dayene Paz e Bruna Marques | 26/06/2024 09:07
Carlos Reis Medeiros de Jesus, que segundo a investigação foi morto em novembro de 2021 e corpo nunca foi encontrado. (Foto/Arquivo)
Carlos Reis Medeiros de Jesus, que segundo a investigação foi morto em novembro de 2021 e corpo nunca foi encontrado. (Foto/Arquivo)

Hoje senta no banco dos réus um dos homens envolvidos na execução do garagista Carlos Reis de Medeiros de Jesus, 52, conhecido como "Alma". Vitor Hugo de Oliveira Afonso, ou "Primo", é julgado por homicídio, furto e apropriação indébita, ambos crimes com qualificadoras, além de ocultação de cadáver. Mesmo com investigação minuciosa conduzida pela DHPP (Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa), o corpo de Alma nunca foi encontrado.

"Carlos Reis tinha muitos inimigos", disse a advogada de defesa de Hugo, Silmara Cher trindade Félix, para tentar a absolvição do réu. Para ela, não existem provas do envolvimento de Vitor Hugo no crime. "Tem 3 mil páginas o processo e nenhuma delas confirmou autoria. Carlos Reis cometia crime todo dia, a partir do momento que você comete agiotagem".

Advogada de defesa de Hugo, Silmara Cher trindade Félix. (Foto: Henrique Kawaminami)
Advogada de defesa de Hugo, Silmara Cher trindade Félix. (Foto: Henrique Kawaminami)

Já para o Ministério Público, apesar de não haver corpo e a falta do exame necroscópico, testemunhas comprovam o envolvimento de Vitor Hugo. "A ausência do corpo é suprida por provas testemunhais e nós vamos demonstrar no plenário hoje a existência do crime de homicídio. O processo demonstra ele na cena do crime, iniciando o processo de execução da vitima dando facadas, seguido de tiros do acusado Thiago e após ajudou na ocultação", disse o promotor Douglas Oldegardo.

Para Douglas "há indícios de que pelo menos cinco dias antes do crime, todo esse processo foi orquestrado pelos acusados", finalizou.

Promotor Douglas enquanto conversava com a imprensa antes do início do júri. (Foto: Henrique Kawaminami)
Promotor Douglas enquanto conversava com a imprensa antes do início do júri. (Foto: Henrique Kawaminami)

Outros dois acusados, Thiago Gabriel Martins da Silva, o “especialista” ou "Thiaguinho do PCC", está preso na Bolívia, e Kellisson Kauan da Silva considerado foragido.

Entenda - Thiaguinho é filho de José Venceslau Alves da Silva, ou "Celau", homem com extensa ficha criminal e que tinha negócios com o garagista. Em um áudio obtido pela polícia, Alma teria revelado ter "despejado bastante dinheiro desse velho na praça", se referindo a Celau, que morreu em 2020.

A partir de então, Thiago Gabriel - que estava preso por homicídio - progrediu para regime aberto e passou a cobrar Alma do valor que por "herança" teria direito. No entanto, não teve retorno. Foi então, conforme apurou a polícia, que Thiago apresentou Vitor Hugo de Oliveira Afonso, o "Primo", para o garagista.

Vitor Hugo no plenário do júri. (Foto: Henrique Kawaminami)
Vitor Hugo no plenário do júri. (Foto: Henrique Kawaminami)

O relacionamento entre eles ficou mais íntimo, tanto que Primo chegou a morar por aproximadamente dois meses na residência de Alma, no Tiradentes, entre setembro e novembro de 2021. Foi então que Primo começou a assessorá-lo nos negócios de compra e venda de veículos, também cobranças de agiotagem.

Para a investigação, a estratégia traçada por Thiago Gabriel visava monitorar a rotina de Alma, com ajuda de Primo, para ter acesso a todos os devedores do agiota e saber para quem o dinheiro de Celau foi emprestado. Primo cobrava os devedores junto com o garagista.

Um deles, Ademilson Cramolish Palombo, o "Alemão", devia alta quantia. Em novembro, durante uma das cobranças, o trio (Alma, Thiago e Vitor) teve uma discussão com Palombo, pois o devedor queria pagar R$ 160 mil, valor bem abaixo do devido. O garagista chegou a relatar nessa época para a esposa que sofreu ameaças de morte de Alemão.

Homicídio - Investigação da DHPP indica que Alma foi assassinado por Thiago Gabriel, que teve ajuda dos funcionários. Na data do desaparecimento, 30 de novembro de 2021, foi atraído para a oficina na Avenida Gunter Hans, na Capital, para tratar de negócios. Por ser comum o tipo de conversa entre eles, Alma não desconfiou.

Ao chegar no comércio, o garagista estacionou a caminhonete S-10 na Avenida Gunter Hans e se dirigiu para o fundo da oficina, como era de costume. No local, estava Thiago, Primo, Rodrigo José Martins da Silva (irmão de Thiago) e outro funcionário. Houve uma discussão, então Alma foi executado com aproximadamente três tiros em "pleno horário comercial", como discorre trecho da investigação.

Depois, o corpo foi esquartejado, com apoio principalmente de Primo, que já teria cometido esse tipo de crime no Acre, sendo "fácil" para ele ocultar o corpo. Depois, Thiaguinho do PCC chamou todos os funcionários, afirmando que "quem abrisse a boca teria o mesmo fim". O local foi lavado por um funcionário e depois o corpo foi levado para um lugar ainda desconhecido em uma caminhonete de cor prata.

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