Polícia pede para que suspeito de matar garagista entre na lista da Interpol
"Thiaguinho do PCC" é suspeito de matar o garagista Carlos Reis de Medeiros, 52 anos, em Campo Grande
A DHPP (Delegacia Especializada de Repressão a Homicídios e Proteção à Pessoa) já entrou com pedido de extradição para Thiago Gabriel Martins da Silva, o “especialista” ou "Thiaguinho do PCC", preso durante uma operação policial na região de Santa Ana de Yacuma, na Bolívia, a 1.711 quilômetros de Mato Grosso do Sul. Ele é suspeito de matar o garagista Carlos Reis de Medeiros de Jesus, 52 anos, o "Alma", em Campo Grande.
O delegado José Roberto de Oliveira, adjunto da DHPP, explicou que o trâmite é por meio judicial. O pedido para extradição envolve, inicialmente, a informação da prisão do acusado à Justiça, que posteriormente ordena que a Polícia Federal inclua o suspeito - no caso Thiago Gabriel - na lista da difusão vermelha da Interpol.
A difusão vermelha representa a possibilidade de prisão da pessoa que se encontra em país estrangeiro e contra a qual existe mandado de prisão expedido por autoridade brasileira. Como todo o trâmite também depende da justiça boliviana, ainda não há uma data prevista para a extradição de Thiaguinho do PCC.
No domingo, dia 20, ele foi encontrado por policiais da Felcn (Força Especial de Combate ao Narcotráfico) com outros dois bolivianos e um avião azul e branco com amostras de cocaína dentro. Thiago usava um colete no momento da prisão com várias granadas de guerra do tipo limão e uma munição M-4, arma de grosso calibre para uso militar.
De acordo com o jornal El Deber, Thiaguinho e os dois bolivianos foram levados para a capital Trinidad, onde as investigações continuam. Durante a operação, um outro avião foi encontrado na região de Beni. A aeronave estava carregada com 406 kg de cocaína prontos para serem trazidos para o Brasil.
Histórico – Thiaguinho é filho de José Venceslau Alves da Silva, ou "Celau", homem com extensa ficha criminal e que tinha negócios com o garagista. Em um áudio obtido pela polícia, Alma teria revelado ter "despejado bastante dinheiro desse velho na praça", se referindo a Celau, que morreu em 2020.
A partir de então, Thiago Gabriel - que estava preso por homicídio - progrediu para regime aberto e passou a cobrar Alma do valor que por "herança" teria direito. No entanto, não teve retorno. Foi então, conforme apurou a polícia, que Thiago apresentou Vitor Hugo de Oliveira Afonso, o "Primo", para o garagista.
O relacionamento entre eles ficou mais íntimo, tanto que Primo chegou a morar por aproximadamente dois meses na residência de Alma, no Tiradentes, entre setembro e novembro de 2021. Foi então que Primo começou a assessorá-lo nos negócios de compra e venda de veículos, também cobranças de agiotagem.
Para a investigação, a estratégia traçada por Thiago Gabriel visava monitorar a rotina de Alma, com ajuda de Primo, para ter acesso a todos os devedores do agiota e saber para quem o dinheiro de Celau foi emprestado.
Primo cobrava os devedores junto com o garagista. Um deles, Ademilson Cramolish Palombo, o "Alemão", devia alta quantia. Em novembro, durante uma das cobranças, o trio (Alma, Thiago e Vitor) teve uma discussão com Palombo, pois o devedor queria pagar R$ 160 mil, valor bem abaixo do devido. O garagista chegou a relatar nessa época para a esposa que sofreu ameaças de morte de Alemão.
Homicídio - Investigação da DHPP indica que Alma foi assassinado por Thiago Gabriel, que teve ajuda dos funcionários. Na data do desaparecimento, 30 de novembro de 2021, foi atraído para a oficina na Avenida Gunter Hans, na Capital, para tratar de negócios. Por ser comum o tipo de conversa entre eles, Alma não desconfiou.
Ao chegar no comércio, o garagista estacionou a caminhonete S-10 na Avenida Gunter Hans e se dirigiu para o fundo da oficina, como era de costume. No local, estava Thiago, Primo, Rodrigo José Martins da Silva (irmão de Thiago) e outro funcionário.
Houve uma discussão, então Alma foi executado com aproximadamente três tiros em "pleno horário comercial", como discorre trecho da investigação. Depois, o corpo foi esquartejado, com apoio principalmente de Primo, que já teria cometido esse tipo de crime no Acre, sendo "fácil" para ele ocultar o corpo.
Depois, Thiaguinho do PCC chamou todos os funcionários, afirmando que "quem abrisse a boca teria o mesmo fim". O local foi lavado por um funcionário e depois o corpo foi levado para um lugar ainda desconhecido em uma caminhonete de cor prata. Até hoje, o corpo não foi encontrado.
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