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Capital

Riedel mantém delegadas em funções até conclusão de inquérito sobre caso Vanessa

Previsão é de que o resultado das investigações seja concluído ainda nesta semana, segundo o governador de MS

Por Mylena Fraiha e Fernanda Palheta | 24/02/2025 11:06
Riedel mantém delegadas em funções até conclusão de inquérito sobre caso Vanessa
Eduardo Riedel, governador do Estado, em entrevista à imprensa (Foto: Arquivo/Marcos Maluf/Campo Grande News).

Na manhã desta segunda-feira (24), o governador Eduardo Riedel (PSDB) afirmou que nenhuma delegada da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) será afastada do cargo até a conclusão da investigação sobre a morte da jornalista Vanessa Ricarte, assassinada a facadas pelo ex-noivo, Caio Nascimento.

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Na manhã desta segunda-feira (24), o governador Eduardo Riedel afirmou que nenhuma delegada da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher será afastada até a conclusão da investigação sobre a morte da jornalista Vanessa Ricarte, assassinada pelo ex-noivo. A decisão sobre afastamentos será tomada após o inquérito, previsto para ser concluído nesta semana. O caso gerou discussões sobre a gestão da Casa da Mulher Brasileira e a necessidade de mudanças estruturais no atendimento a vítimas de violência. Vanessa foi morta após procurar ajuda na delegacia, onde obteve medida protetiva, mas voltou para casa sem escolta policial.

Segundo Riedel, a previsão é de que o resultado das investigações seja concluído ainda nesta semana. “As delegadas vão permanecer no cargo até o fim do inquérito. A gente não vai fazer nenhum afastamento sem ter claramente definido o que aconteceu, porque, se nos basearmos apenas no que dizem, seremos injustos. Precisamos de apuração, definição e, a partir daí, tomar decisões.”

O possível afastamento das delegadas Elaine Benicasa, titular da especializada, e Riccelly Donha e Lucélia Constantino, que atenderam Vanessa antes de seu assassinato, foi discutido na terça-feira (18), durante reunião emergencial convocada pela Sejusp (Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública). O encontro ocorreu para tratar do assunto e evitar um colapso no atendimento às mulheres vítimas de violência.

No mesmo dia, as 12 delegadas da unidade colocaram seus cargos à disposição para remoção. As profissionais, incluindo a titular, Elaine Cristina Ishiki Benicasa, a adjunta Fernanda Barros Piovano e demais lotadas na unidade — Patrícia Peixoto Abranches, Stella Paris Senatore, Analu Lacerda Ferraz, Larissa Franco Serpa, Karolina Souza Pereira, Marianne Cristine de Souza, Karen Viana de Queiroz, Rafaela Brito Sayão Lobato, Riccelly Maria Albuquerque Donha e Lucélia Constantino de Oliveira — formalizaram a decisão em um documento conjunto.

Após o lançamento da Dinapec 2025 e do Fórum Pré-COP30, realizado na manhã de hoje no Bioparque Pantanal, o governador destacou que as mudanças não ocorrerão de imediato e que o foco é promover uma “mudança estrutural”. “Precisamos focar em uma mudança estrutural dentro da casa. Fazer bem feito para dar certo não é só slogan de governo. Desde a acolhida, recepção, estrutura física e tecnologia, tudo precisa ser revisto. Temos um laudo que foi preenchido à mão. Isso não cabe mais hoje. Por que não há um sistema informatizado lá?”, questiona.

Riedel também afirmou que está dialogando com a prefeita Adriane Lopes (PP) para alterar a gestão da Casa da Mulher Brasileira. Atualmente, as polícias Civil e Militar são disponibilizadas pelo governo estadual, mas a administração do espaço é de competência da prefeitura. “Vamos conversar com quem for necessário para mudar o que precisa ser mudado. É nessa linha que o vice-governador Barbosinha está atuando, e os resultados aparecerão com a implementação dessa reestruturação e reformulação”, acrescentou.

Em andamento – Além do inquérito sobre a morte da jornalista, uma investigação interna busca esclarecer como foi realizado o atendimento e acolhimento da vítima horas antes de seu assassinato.

A Corregedoria-Geral da Polícia Civil já solicitou imagens das câmeras de segurança da Casa da Mulher Brasileira, a fim de identificar todo o atendimento prestado a Vanessa Ricarte desde sua entrada até sua saída no dia do crime, em 12 de fevereiro. Também foram requeridos extratos dos registros de atendimentos e encaminhamentos realizados (se houver), além de cópias de normativos que regulamentam a dinâmica, logística e protocolo de atendimento às vítimas na unidade.

A apuração tem o objetivo de identificar eventuais erros, equívocos ou negligência no atendimento prestado a Vanessa, que procurou os serviços de proteção à mulher vítima de violência. Como medida imediata após o crime, passou a ser protocolo que policiais militares acompanhem as vítimas até suas residências após registrarem denúncias contra agressores.

Além disso, o Gacep (Grupo de Atuação Especial de Controle Externo da Atividade Policial), do Ministério Público, também investigará o atendimento prestado à jornalista.

O crime – No depoimento dado à Deam, ao qual o Campo Grande News teve acesso, Vanessa Ricarte afirmou que estava morando com o músico Caio César Nascimento Pereira desde agosto do ano passado e que ele era dependente químico, além de beber todos os dias e ficar embriagado com frequência.

Os dois tinham casamento marcado para o dia 14 deste mês, mas a jornalista havia terminado a relação dias antes. A caminho da delegacia, ela relatou a uma amiga que passou “cinco dias de terror” com Caio dentro de casa. Bebendo e usando cocaína sem parar, ele recusava-se a sair do imóvel, dizendo que só deixaria com o local “com a polícia”.

O músico também ameaçou a ex de morte. No dia 11 de fevereiro, por volta das 12h – ou seja, pouco mais de 24 horas antes de matar Vanessa –, num momento em que estava “chapado” (drogado), Caio pegou uma faca e a ameaçou, dizendo: “eu vou me matar, mas você vai junto”.

Na noite daquele dia, ele publicou fotos íntimas de Vanessa em rede social com link para site de vídeos pornográficos. Este foi o estopim para que ela fosse à polícia.

Vanessa procurou a Deam, conseguiu medida protetiva, mas voltou para casa sem escolta policial, na companhia de um amigo. Na delegacia, conforme relata a vítima no áudio gravado a caminho “da morte”, ela diz que foi orientada a avisar o ex que estava a caminho da residência e pedir que ele saísse.

No fim da tarde da quarta-feira (12), quando Vanessa chegou em casa para pegar roupas e pertences, Caio a atacou e matou com três facadas na altura do coração. Ele foi preso flagrante.

O músico já possui pelo menos 11 registros de violência doméstica, incluindo um contra a própria mãe e irmã.

Riedel mantém delegadas em funções até conclusão de inquérito sobre caso Vanessa
Vanessa posando para foto com livro simbólico para a luta feminista (Foto: Instagram/Reprodução).

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