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Capital

Salário de veterinário inviabilizou contratação para CCZ, diz prefeito

Protetor dos animais é professor na UFMS; prefeitura tentou em vão negociar cedência sem ônus com a instituição

Anahi Zurutuza | 20/03/2017 16:00
Médico-veterinário e professor da UFMS (Foto: Facebook/Divulgação)
Médico-veterinário e professor da UFMS (Foto: Facebook/Divulgação)
Prefeito durante agenda pública na manhã deste domingo (Foto: Alcides Neto)
Prefeito durante agenda pública na manhã deste domingo (Foto: Alcides Neto)

A contratação do veterinário André Luis Soares da Fonseca para a coordenação do CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) não foi possível por conta do salário que ele ganha como professor da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul). O prefeito Marquinhos Trad (PSD) explicou ao Campo Grande News que “infelizmente” a nomeação do profissional é inviável, uma vez que ele ganha mais que o restante dos secretários municipais.

Desde o início do ano, a prefeitura negociava a cedência do servidor com a instituição. Mas, nesta segunda-feira (20), o próprio veterinário, conhecido na cidade por ser protetor dos animais, anunciou pelo Facebook que não iria mais comandar o CCZ.

“Há uma normatização na Federal, de que não existe cedência sem ônus. Eles pagam o salário do funcionário, mas a gente tem de reembolsar”, esclareceu Marquinhos.

O prefeito preferiu não revelar quanto o professor ganha na UFMS, mas disse que o município não poderia arcar com o pagamento, uma vez que o valor “é muito acima” do fixado para remunerar o primeiro escalão.

Marquinhos deixou claro que a contratação de André Luis não foi concretizada apenas pela questão técnica. Nada tem a ver, portanto, com o fato do veterinário ser defensor do tratamento de animais com leishmaniose e implantação de políticas de castração para o controle populacional de cães e gatos como forma de prevenir doenças.

“Eu também sou defensor dos animais e defendo o tratamento de cães com leishmaniose, foi justamente por isso que eu o escolhi. Para mim, ele é uma referência”.

Valores – A reportagem apurou, por meio dos portais da transparência da UFMS e da Prefeitura de Campo Grande, que o salário de André Luis é de R$ 17.134,75 e que no mês de janeiro deste ano, com os descontos, ele recebeu R$ 12.172,91. Já o salário-base dos secretários municipais que não são cedidos de outras instituições é de cerca de R$ 11 mil.

O secretário de governo, Antônio Lacerda, por exemplo, tem salário fixado em R$ 11.619,70 e em fevereiro recebeu R$ 8.852,52, por conta dos descontos obrigatórios.

Cadelinha resgatada por André Luis; ele trata os animais e depois os coloca para adoção (Foto: Facebook/Reprodução)
Cadelinha resgatada por André Luis; ele trata os animais e depois os coloca para adoção (Foto: Facebook/Reprodução)
No bairro Noroeste, cães costumam ficar nas calçadas e à noite são colocados para dentro; Capital tem população de 162 mil cachorros, estima o veterinário (Foto: Arquivo)
No bairro Noroeste, cães costumam ficar nas calçadas e à noite são colocados para dentro; Capital tem população de 162 mil cachorros, estima o veterinário (Foto: Arquivo)

Novo coordenador – O chefe do Executivo afirma que ainda não escolheu um novo comandante para o CCZ. “Vou ouvir técnicos e os funcionários do órgão”.

O prefeito quer que o novo gestor dê prosseguimento aos projetos que estavam sendo pensados pelo professor da UFMS. “Ela já contribuiu com a ideias”.

Amigos dos animais – Mesmo antes de assumir oficialmente o CCZ, o médico-veterinário já tinha planos para a gestão.

“Temos de reduzir a população canina, que hoje está estimada em 162 mil cães e pretendemos chegar a 80 mil em três anos, realizando o trabalho de castração. Já existe o levantamento dos bairros com maior população de animais que estão na rua, não digo cães de rua, mas aqueles que pelo fato da casa não ter muro acabam ficando na rua”, disse André Luis da Fonseca, em entrevista ao Campo Grande News no dia 4 de fevereiro.

Neste caso, o trabalho seria feito no âmbito da “Carrocinha do Bem”, que consiste em buscar os animais nos bairros apontados pelo levantamento, castrar no CCZ e devolver ao dono. “Queremos atingir a meta de realizar 100 castrações por dia”, disse.

Para isso, além dos quatro veterinários que já atuam no órgão, mais quatro seriam contratados, segundo o médico-veterinário. Ele não detalhou o levantamento, mas apontou o Jardim Noroeste como um dos bairros com grande número de animais.

Outra ação que deveria iniciar assim que Fonseca assumisse era o Pronto Atendimento Veterinário, que não seria um hospital, segundo informou, por que não haveria condições de se fazer tratamentos mais complexos. A ideia era realizar um sistema de consultas e manter alinhada a conversa com as coordenações de saúde, quanto à questão de medicamentos.

Além disso, por meio do “CCZ Legal”, o médico pretendia estender o horário para adoção de animais. Hoje é possível adotar apenas no horário das 17h às 19h. A ideia de André Luis era fazer isso em período integral.

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