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Capital

Sem leitos, prefeitura deve retomar projeto de adaptar UPAs

Ideia de abril deste ano e não implementada era instalar 44 leitos críticos na Vila Almeida e no Universitário

Lucia Morel | 04/06/2021 17:46
Elaine, em foto tirada pela filha enquanto ainda não estava intubada. (Foto: Arquivo Pessoal)
Elaine, em foto tirada pela filha enquanto ainda não estava intubada. (Foto: Arquivo Pessoal)

A Prefeitura de Campo Grande vai retomar a adaptação de duas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) para receber pacientes graves de covid-19, mas que ainda não necessitem de UTI (Unidade de Tratamento Intensivo).

Em 1º de abril o secretário de saúde do município, José Mauro, informou sobre a implantação de 44 leitos nos postos 24 horas dos bairros Universitário e Vila Almeida. A medida não foi levada adiante porque “à época, houve uma redução significativa no número de pacientes internados”, segundo informou a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde).

Agora, no entanto, a situação é caótica, com o Hospital Regional, referência na assistência à covid-19, limitado em seu atendimento e priorizando pacientes mais jovens e centenas de pessoas aguardando vagas hospitalares nas UPAs e CRSs (Centros Regionais de Saúde).

Diante disso, a secretaria informou em nota que “a possibilidade de adaptar leitos em UPAs deverá ser reavaliada” e que “o município está buscando ampliar a capacidade de atendimento através da abertura de novos leitos em hospitais para tentar absorver parte da demanda”.

Essa última opção, no entanto, conforme declarações do secretário estadual de saúde, Geraldo Resende, parece esgotada, já que hospitais do Estado estão com sua capacidade máxima atingida, sem condições de ampliação.

Desde o início da pandemia, em março de 2020, Campo Grande triplicou o número de leitos de UTI, saindo de 116 para 338 leitos contratualizados na rede pública, privada e filantrópica.

Drama – enquanto isso, quem contraiu a covid-19 e acabou desenvolvendo uma forma grave da doença espera uma vaga hospitalar, seja aqui ou em outro Estado. É o caso da mãe de Ana Priscila Rodrigues de Carvalho, 38 anos, que está intubada na UPA Coronel Antonino.

Elaine Rodrigues de Carvalho, 60 anos, tem hipertensão, artrose e é acima do peso. Segundo a filha, estava na espera para tomar a segunda dose de vacina contra a doença quando acabou sendo infectada. “Não sabemos como”, diz.


Pai de Ana e a avó, mãe de Elaine, também foram infectados, mas estão sendo acompanhados e isolados em casa. “Minha avó que mora com ela não teve nada e meu pai está bem também”, disse, lembrando que ambos já tomaram as duas doses de vacina há mais de 20 dias.

Na UPA desde domingo, dia 30 de maio, a luta é por leito de UTI, já que no posto, as possibilidades de tratamento são limitadas. “Tive que comprar medicamentos pra minha mãe porque não tinha no posto”, contou, lembrando que entre eles estava o antibiótico Ceftriaxona.

Isso ocorreu com as famílias de Edilaine Nery de Araújo, 40 anos; Tânia Mara Martins da Silva, 57 e Alessandra Teodoro Xavier, 45 anos.

“Já entramos na Justiça, já tem o pedido de transferência e nada”, lamenta. Para ela, mesmo que surja uma vaga em outro Estado, a família vai aceitar. “A gente aceita, ela vai pra lá sim, o que precisa é da vaga”, sustenta.

Remédios – conforme a Sesau, não há nenhuma orientação aos postos “para que os pacientes façam a compra de medicamentos, materiais ou insumos”, mas reconhece que “houve, de fato, um desabastecimento temporário de Ceftriaxona, mas o estoque já foi regularizado nas UPAS e CRSs”.

No entanto, há medicamentos que não são destinados a uso nas UPAs e nesses casos, quando “não estão na lista de aquisição regular, são fornecidos pelos governos estadual ou federal ou  requeridos por meio de empréstimo”.

A Sesau ressaltou ainda que “alguns medicamentos em específico estão em falta no mercado, portanto a dificuldade de aquisição e disponibilização é geral”.

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