Sete anos após 1ª morte, justiça não define destino de Maníaco da Cruz
No dia 23 do próximo mês, completam-se sete anos do primeiro crime cometido por Dionatan Celestrino, 23, que ficou conhecido em todo o Brasil como "Maníaco da Cruz". Aos 16 anos, o rapaz matou três pessoas, a primeira vítima foi um pedreiro, as outras foram duas meninas assassinadas nos dias 24 de agosto e 7 de outubro, em situação semelhante. Os crimes ocorreram em 2008, em Rio Brilhante, há 163 quilômetros de Campo Grande. Conforme apurado pelo Campo Grande News, ele pode ser soltou a qualquer momento, desde que apresente condição mental para conviver em sociedade.
Conforme a assessoria de imprensa TJ/MS, o órgão não pode dar detalhes sobre o caso do Maníaco, já que o processo corre em segredo de Justiça. Há sete anos, Dionatan foi apreendido depois de matar três pessoas e cumpriu medida socioeducativa em Unidade Educacional de Internação (Unei) até os 21 anos, quando atingiu a maioridade penal e deveria ter sido solto, conforme a lei.
Ele chegou a fugir da Unei de Ponta Porã, no dia 03 de março de 2013, mas foi recapturado em 27 de abril 2013, pela Polícia Nacional do Paraguai, na cidade de Horqueta. O rapaz foi entregue à Polícia Civil de Ponta Porã e levado para a delegacia. Depois veio para Campo Grande, onde ficou alguns dias na 7ª DP, e em seguida foi internado na Santa Casa de Campo Grande para exames. Durante o tempo em que esteve no hospital, ficou isolado e sob escolta policial e teve alta psiquiátrica no dia 23 de maio de 2013.
Na mesma época, MPE (Ministério Público Estadual de Ponta Porã), entrou com um pedido solicitando a internação compulsória do Maníaco, com base em laudos que mostravam que o rapaz não tinha capacidade de convívio social e poderia voltar a matar. No dia 10 de julho, Dionatan foi internado em uma ala psiquiátrica da Penitenciária de Segurança Máxima de Campo Grande, em atendimento ao pedido de internação compulsória, onde segundo informações apuradas pelo Campo Grande News, permanece até hoje, já que no estado não existe nenhuma instituição que abrigue internos em situação semelhante ao caso do maníaco.
Ocorre que a cada ano, Dionatan passa por uma avaliação psiquiátrica, que a avalia se ele está apto para conviver em sociedade. O que significa que, a qualquer momento, os laudos podem ser favoráveis a liberdade do Maníaco, caso ele apresente melhora no quadro mental.
Arrependido e lúcido - Em novembro de 2013, quando estava internado em uma cela disciplinar do IPCG (Instituto Penal de Campo Grande) e não na ala de saúde do Estabelecimento Penal de Segurança Máxima, uma fonte que não quis se identificar revelou ao Campo Grande News, que em conversas com agentes penitenciários e presos, o jovem pedia "uma oportunidade para mostrar que está diferente”.
“Ele diz que voltaram muita mídia sobre ele e que muitos presos, que estão lá, cometeram crimes mais graves e logo são soltos. Bem educado, ele diz muitas vezes que não quer fazer mal a ninguém, já que aquele foi um momento de desvio de conduta, ressaltando que se fosse um monstro, psicopata como dizem, já teria atacado alguém enquanto esteve foragido e até mesmo lá dentro”, afirmou na época ao Campo Grande News, uma fonte de dentro do presídio.
Além do arrependimento, o Maníaco da Cruz reclamava do local onde vivia, que não pegava sol e por isso passava o dia sem fazer nada. “A Justiça está sendo injusta comigo, porque se fosse para matar, já teria feito isso novamente”, dizia, considerando aquele um momento em que estava fora de si.
Lúcido e mais maduro, ele falava que nunca teria cometido tais crimes e que, caso continuasse daquela maneira, iria "ficar louco”, e dizia ainda que o seu tratamento era “muito diferente do resto da massa carcerária”.
Medo constante - Em Rio Brilhante, a possibilidade de Dionatan ser solto, ainda assusta os moradores. "Hoje em dia está todo mundo mais tranquilo, mas pelo tipo de crime que ele cometeu, é difícil acreditar que ele possa se recuperar, por isso ainda temos medo", explicou um administrador de empresas de 23 anos, que preferiu não se identificar.
O medo é compartilhado por uma vendedora de 30 anos: "Eu não posso avaliar se ele se recuperou ou não, mas a gente tem medo, porque foi algo que assuntou a cidade", disse.