Siufi nega dica para fuga e diz que vai denunciar vazamento de conversa
"Fui ao Gaeco e procurei saber, mas tudo lá é subterrâneo, não informam nada", diz advogado
O advogado Renê Siufi afirmou neste sábado (dia 28) ao Campo Grande News que vai representar no CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) e na OAB/MS (Ordem dos Advogados do Brasil) contra a divulgação de conversa com o cliente Jamil Name Filho. “Isso aí é uma conversa de confiabilidade do cliente”, afirma.
Na decisão judicial que autorizou a operação Omertà, que investiga milícia e grupo de extermínio, foi citado um diálogo em que orienta Jamil Name Filho a “rapar o pé”. Segundo a investigação, era um conselho para fuga de Campo Grande.
“Estou entrando com ação, não pode divulgar conversa com o meu cliente. O Jamilzinho, que é meu cliente, me procurou. Ele disse: ‘parece que estão me investigando no Gaeco [Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado]’. Fui ao Gaeco e procurei saber, mas tudo lá é subterrâneo, não informam nada. O Ministério Público é o dono da razão, aquilo lá é uma palhaçada. Desconfiei e disse que era bom dar um tempo enquanto eu investigava”, afirma Siufi. Segundo ele, a fala não teve conotação de fuga.
Os empresários Jamil Name e Jamil Name Filhos estão presos preventivamente desde ontem (dia 27). Neste sábado, os pedidos de habeas corpus foram negados pelo desembargador plantonista Eduardo Machado Rocha.
A defesa sustenta que as condições de saúde de Jamil Name, de 80 anos, inspiram cuidados que não podem ser prestados no cárcere. “São mais de 30 remédios por dia. É uma questão de humanidade. O Márcio foi preso por ser amigo do seu Jamil. Mas quem é amigo do seu Jamil? prefeito, senador, juízes, delegados. Não pode ter amigo? Isso é um absurdo”, afirma Siufi.
A decisão negou liberdade para os policiais civis Márcio Cavalcante da Silva e Vladenilson Daniel Olmedo. A defesa vai aguardar a distribuição do processo para uma seção criminal. De acordo com a decisão que ordenou as prisões, pai e filho são líderes de grupo de extermínio que atua em Campo Grande e verdadeiros donos do arsenal apreendido em 19 de maio com o então guarda municipal Marcelo Rios.
O arsenal tinha o mesmo modelo de fuzil usado em três execuções. As vítimas foram Ilson Martins de Figueiredo (policial militar reformado e então chefe da segurança da Assembleia Legislativa), Orlando da Silva Fernandes (ex-segurança do narcotraficante Jorge Rafaat) e o universitário Matheus Coutinho Xavier (a suspeita é de que o alvo fosse seu pai, um policial militar reformado).
A operação foi realizada pelo Gaeco, força-tarefa da Polícia Civil que investiga execuções na Capital, Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco, Assalto e Sequestros) Batalhão de Choque e Bope. Omertà é um código de honra da máfia italiana, que faz voto de silêncio.